Operação Dark Room: como proteger os filhos dos perigos da internet

Psicóloga e delegado dão dicas para evitar que crianças e adolescentes sejam vítimas ou abusadores de crimes virtuais

A internet é uma ferramenta poderosa que oferece muitas possibilidades de comunicação, informação e entretenimento. Mas também pode ser um ambiente perigoso, onde crianças e adolescentes podem ser expostos a riscos como pedofilia, zoofilia, racismo, nazismo, misoginia e violência.

Um exemplo recente é a Operação Dark Room, realizada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em parceria com a Polícia Federal e outras delegacias do país. A operação investigou e prendeu suspeitos de usar a plataforma Discord, originalmente criada para a comunidade gamer, para formar grupos que praticavam crimes relacionados à violência sexual e psicológica, como estupro virtual, estímulo à automutilação e ao suicídio.

Segundo as investigações, os líderes desses grupos usavam técnicas de engenharia social e chantagem para coagir adolescentes a se tornarem escravas sexuais virtuais, transmitindo ao vivo sessões de abuso, humilhação e mutilação. Além disso, os grupos também compartilhavam vídeos de animais sendo torturados e sacrificados como parte de desafios.

Diante desse cenário assustador, como os pais podem proteger seus filhos dos perigos da internet? A psicóloga e diretora da Organização não Governamental (ONG) Safernet, Juliana Cunha, afirma que é preciso encontrar um equilíbrio entre controle e diálogo.

Ela explica que existem ferramentas de controle parental que podem monitorar a navegação dos filhos pela internet, mas que elas não são suficientes sem uma conversa aberta e honesta. “As famílias também precisam conversar sobre sexualidade. É importante entender que a adolescência é o momento de florescimento da sexualidade. Os pais precisam lidar com isso e muitas vezes não estão preparados para ver os filhos crescerem. É um grande obstáculo os filhos terem medo de conversar com os pais por temerem ser punidos com a retirada do celular”, diz Juliana.

A psicóloga ressalta que o diálogo é fundamental para preparar as crianças a responder aos riscos e que a escola pode ser uma importante aliada para conscientizar as famílias sobre os problemas.

O delegado responsável pela Operação Dark Room no Rio, Luiz Henrique Marques, titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav), alerta que os pais precisam observar eventuais mudanças de comportamento dos filhos, pois eles podem ser tanto vítimas quanto abusadores.

“O quarto do seu filho é um ambiente com portas abertas para o mundo. Dali, com a internet, você tem acesso a tudo de bom que a internet trouxe, mas a tudo de ruim que também se apresenta ali. A investigação mostrou que os menores de idade não podem ter acesso livre à internet, têm que ser monitorados. Também é preciso conversar muito com seus filhos”, diz o delegado.

Ele destaca que, na Operação Dark Room, abusadores e vítimas têm 15 e 16 anos e que a maioria dos pais não sabia que seu filho era abusador ou vítima.

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