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Meninas iniciam mais cedo o consumo de álcool em comparação aos meninos

Tema será abordado no XXVII Congresso ABEAD que ocorrerá em São Paulo de 3 a 6 de setembro

A dependência por álcool e tabaco, consideradas drogas lícitas no Brasil, continua sendo uma grande preocupação dos especialistas em dependência química. Um dado alarmante para a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD) é o aumento do consumo de álcool por meninas entre 12 e 13 anos de idade, ainda no ensino fundamental, muito antes dos meninos.

De acordo com a ABEAD, a experimentação precoce do álcool aumenta as chances de desenvolver problemas graves, como o alcoolismo. A presidente da ABEAD, a psiquiatra Alessandra Diehl, ressalta que as mulheres são mais vulneráveis e afetadas pelo álcool biologicamente, desde o cabelo à pele e órgãos internos.

Além disso, as mulheres em idade fértil e na gestação correm o risco de desenvolver a síndrome alcoólica fetal, que pode causar sérios danos ao bebê, incluindo baixo peso ao nascer, retardo mental, dificuldades de locomoção e fala.

XXVII Congresso da ABEAD

No XXVII Congresso da ABEAD, realizado em São Paulo (SP) de 3 a 6 de setembro, serão discutidos diversos assuntos relacionados às políticas públicas de atendimento aos Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias e Transtornos Aditivos, incluindo novos fenômenos de drogas, como os cigarros eletrônicos (vapers), drogas sintéticas denominadas K e Z, cocaína batizada com fentanil, além de dependências comportamentais, como sexo, jogos, compras, internet e trabalho.

Transtornos aditivos

Os transtornos aditivos são caracterizados pelo uso compulsivo de determinada substância e pelo desejo incontrolável de consumir mais, resultando em prejuízos em várias áreas da vida do indivíduo. A falta da substância no organismo pode causar a síndrome de abstinência. O componente genético pode favorecer o desenvolvimento desses transtornos, especialmente para aqueles que têm membros na família dependentes de álcool e outras drogas.

O ambiente familiar também desempenha um papel crucial nos aditivos, pois crescer em um lar onde o uso de drogas é observado pode aumentar as chances de experimentação e dependência na adolescência ou idade adulta.

Tratamento

O diagnóstico e tratamento dos transtornos aditivos podem ser complicados, pois o desenvolvimento desses transtornos ocorre gradualmente ao longo do tempo. Os efeitos variam entre os indivíduos e podem incluir compulsão, tolerância, fissura, síndrome de abstinência, além de complicações na saúde física e mental, atraso escolar, perda de emprego, relacionamentos conturbados e envolvimento em acidentes, criminalidade, entre outros.

O tratamento para os transtornos aditivos é dividido em várias fases, dependendo da complexidade de cada caso, podendo incluir desintoxicação, abordagens psicossociais, entrevista motivacional, prevenção de recaída, treinamento de habilidades sociais e grupos de autoajuda anônimos, como Alcoólicos Anônimos, Narcóticos Anônimos, Sexo e Jogos Eletrônicos, que são acessíveis e gratuitos.

Internet

As redes sociais e os dispositivos eletrônicos também são objetos de preocupação, visto que o vício em jogos passou a ser oficialmente classificado como um transtorno de cunho mental e emocional na Classificação Internacional de Doenças (CID-11). A ABEAD alerta para a necessidade de equilíbrio no uso dessas ferramentas, para que não substituam as relações humanas reais de afeto e vínculo.

Porto Alegre

A ABEAD, com sede em Porto Alegre, reúne diversos profissionais que trabalham com transtornos por uso de substâncias e dependências comportamentais no Brasil e no exterior. Fundada oficialmente em 1989, a associação é referência na discussão e implementação de políticas de prevenção e tratamento do uso de drogas na América Latina. Seu congresso, realizado a cada dois anos, é o maior evento da associação.

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