Não é apenas uma percepção geral, as estatísticas também mostram que os crimes virtuais estão se tornando mais comuns e frequentes do que os crimes cometidos fora da internet, como os assaltos. “Hoje estamos cada vez mais presentes no mundo digital, então é normal que o crime também esteja nesse meio”, afirma o titular da Delegacia de Repressão a Crimes Informáticos do DEIC-RS, Thiago Albeche.
Em sua participação no PodcasTI Netfive, que abordou a evolução da criminalidade no episódio “Da rua para a rede”, o delegado destacou que alguns fatores contribuem para o aumento dos crimes digitais. A natureza desses delitos, que se utilizam da internet e suas facilidades, permite, por exemplo, que os infratores operem de forma oculta, o que dificulta sua identificação e captura pelas autoridades. Além disso, segundo Albeche, os golpistas elaboram planos com estratégias bem definidas para conquistar a atenção e a confiança da vítima em potencial, explorando aspectos psicológicos, como sentimentos e emoções.
Henrique Schneider, CEO da Netfive e especialista em Segurança da Informação, comandou o papo com o delegado e comentou sobre o comportamento dos usuários na web. “Quando estamos na rua, é comum tomar cuidado com o celular, a carteira ou outros pertences. Agora quando estamos navegando na internet, perdemos essa cautela, e isso facilita a ação dos criminosos, que é muito bem organizada”, pontuou.
Principais táticas usadas para aplicar golpes
Uma das estratégias comuns, de acordo com o delegado Thiago Albeche, é induzir a sensação de urgência nas vítimas. Golpistas manipulam emoções, criando cenários de emergência, como ameaças de multas, bloqueios de contas ou situações envolvendo familiares, gerando um clima de pânico que leva as pessoas a agirem rapidamente sem questionar. Esta estratégia visa desencadear uma resposta impulsiva nas vítimas, comprometendo sua capacidade de análise crítica diante da situação.
Há ainda outra tática: o oferecimento de vantagens financeiras para atrair as vítimas. A promessa de ganhos fáceis, descontos exorbitantes, prêmios tentadores ou oportunidades de investimento lucrativos são exemplos de iscas frequentemente utilizadas. Essas ofertas capturaram a atenção das pessoas que, acreditando estarem diante de um bom negócio, fornecem informações pessoais ou efetuam pagamentos sem avaliar os riscos.
Boletim de ocorrência é passo importante para quem foi vítima
Outra questão trazida pelo titular da delegacia especializada em crimes informáticos durante o podcast é a importância do registro de ocorrência. Na maioria das vezes, por falta de conhecimento dos procedimentos ou mesmo por vergonha, as vítimas deixam de comunicar o caso à polícia, o que dificulta a investigação e resolução do seu próprio caso e de outros.
Conforme esclareceu o delegado Albeche, registrar o boletim de ocorrência é crucial por diversos motivos. Primeiro, porque esse registro cria um documento oficial que pode ser utilizado como prova em investigações policiais, aumentando as chances de identificar e punir os responsáveis. Além disso, contribui para estatísticas e para a criação de um banco de dados que auxiliam na compreensão e combate desses crimes.
Ao denunciar o crime, também é possível acionar medidas para minimizar possíveis danos e prevenir novos golpes, fortalecendo a conscientização sobre os riscos online, o que na visão do CEO da Netfive, é fundamental para a proteção contra essas ameaças virtuais. “A tendência é que estejamos cada vez mais mergulhados na tecnologia, então precisamos ter informações sobre como os criminosos agem e como identificar os golpes, para que as pessoas fiquem alerta e não se tornem vítimas. A consciência é o caminho para a prevenção”, enfatiza Schneider.
Já Albeche ressaltou ainda, que o registro do boletim de ocorrência não precisa ser feito apenas em delegacias especializadas. “Ele pode e deve ser feito em qualquer delegacia. O fato de existir a Delegacia de Crimes Informáticos não significa que só ela faz o registro”. Há ainda a possibilidade de fazer o registro online, no site: Delegacia Online
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