O verão não é marcado apenas pelo calor, mas também pelo surgimento de viroses, como a Chikungunya, transmitida pelas fêmeas infectadas do mosquito Aedes Aegypti por meio da picada. Isso porque a estação é a preferida pelos vírus, devido a duas condições principais: o tempo agradável, que convida as pessoas a saírem mais, convivendo; e à umidade que, aliada aos graus a mais, torna o cenário perfeito para transmissões virais. Como resultado das viroses, acontecem quadros reumáticos.
Tanto infecções virais, quanto bacterianas causam manifestações reumatológicas, como alerta o reumatologista André Lyrio, especialista em artrite e membro da Sociedade Paulista de Reumatologia (SPR). Entre as virais, a mais conhecida é a Chikungunya, que pode levar a um processo inflamatório das articulações .
“Vem a infecção pelo vírus e, logo em seguida, ainda na vigência do processo infeccioso, já vem um quadro de inflamação articular. Geralmente, são várias articulações acometidas ao mesmo tempo e essa manifestação articular pode durar semanas, meses e, eventualmente, até anos. Na Chikungunya, geralmente duram seis meses, mas pode perdurar por até dois anos ou se tornar crônica”, destaca o médico.
Outros vírus também causam artrite
Segundo Lyrio, existem outros vírus capazes de causar esse quadro de dor e artrite, ainda que com uma frequência menor. Dengue e influenza (sim, a gripe!) também são comuns no verão e podem levar à inflamação reumática em decorrência do processo viral. Além dessas, vale considerar ainda infecções virais crônicas, como hepatite C e HIV. “Existe uma correlação bastante importante entre infecção e quadro de dor articular. Quem vai ter isso? O paciente geneticamente predisposto, aumentando o risco de fazer uma reação cruzada entre a infecção e a articulação. Assim, o corpo entende que essa articulação é parecida com o vírus e ataca”, explica o reumatologista.
Tem tratamento
Para diagnosticar esse acometimento é necessária uma análise clínica: partindo do princípio que já há um quadro de infecção, os médicos diagnosticam o quadro articular como secundário ao viral. Eventualmente, podem ser feitos exames de inflamação para quantificar o tamanho dessa manifestação e acompanhar a resposta ao tratamento.
“Esse tratamento é geralmente feito com medicações anti-inflamatórias, dependendo da infecção e juntamente a ele, para erradicar ou conter o processo infeccioso. Às vezes, podem ser precisas outras medicações, como os glicocorticoides ou imunomoduladores”, conclui o especialista da SPR.