Religião, teoria de evolução da espécie humana, educação e crise de confiança são alguns dos temas atuais analisados pelo filósofo Luiz Felipe Pondé no seu mais novo livro Fragmentos filosóficos do horror, que acaba de ser lançado pela Editora Nacional. Como uma espécie de lente, o escritor se utiliza do horror para fazer um raio X e refletir sobre diversas temáticas que permeiam o cotidiano do ser humano.
Ao todo são 25 ensaios e crônicas que descortinam os fragmentos escondidos na religião, na psicanálise e nas discussões filosóficas em relação aos assuntos mais atuais. É também por meio do horror que Pondé fala sobre política, democracia e estupidez. Em um dos trechos do livro, o autor destaca o que chama de fim da utopia democrática: “A política, território em si da violência e sua gestão, no mundo contemporâneo, é o lugar por excelência da desesperança. Seja à esquerda – e suas exigências autoritárias de se declarar portadora de intenções puras e nobres quando, na verdade, na prática, seus representantes manipulam a miséria social como capital eleitoral -, seja à direita – e sua ira que cospe horrores, muitas vezes de fundamento sobrenatural, mas que no fim do dia acaba por cultivar um ódio e ressentimento como modo de estar no mundo -, não há esperança nenhuma. O que assistimos neste século 21 é a morte da utopia democrática.”.
Pondé ainda aborda pontos como a pressa e a ansiedade, algo que caracteriza a sociedade atual. Ele ainda faz uma análise crítica da ideia de progresso da espécie. “Em nossos tempos ansiosos, todos querem ver a si mesmos como um processo de avanço em direção a uma perfeição qualquer, banal, como uma selfie. Você é uma startup! Vá adiante. A vida é um trade-off”, provoca ele.
Sobre o autor:
Luiz Felipe Pondé é Doutor em Filosofia pela Universidade de Paris e pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutor pela Universidade de Tel Aviv. Autor de inúmeros livros, atua como diretor do Laboratório de Política Comportamento e Mídia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, professor da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), comentarista do Jornal da Cultura e colunista da Folha de S. Paulo.