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Mais de cem dias de Milei

Por: Leandro Villela Cezimbra - Diretor da ACI-NH e Secretário da CEAB/RS

Havia quem apostasse que Javier Milei não passaria da marca dos 100 dias de governo, entretanto, contrariando este prognóstico, já são pouco mais de 130 dias, desde a sua assunção e seu prestígio, por parte da população, parece inabalável, embora a situação econômica do país continue precária.

Desde seu discurso de posse, em 10 de dezembro do ano passado, muitas ações foram tomadas, transformações e quebras de paradigmas foram impulsionadas, mas os efeitos práticos para a população ainda não são perceptíveis. A massa de pessoas abaixo da linha da pobreza se mantém, com a fome batendo à porta de grande parcela da população, a classe média empobrece a cada dia. Seis de cada dez crianças se encontram abaixo da linha da pobreza, segundo o INDEC.

De fato, em pouco mais de três meses não se poderia resolver os inúmeros problemas econômicos da Argentina, afinal, são décadas de tentativas e fracassos empilhados um a um, agudizados nos últimos anos, fruto do populismo que fazia o cidadão crer que o governo resolveria todos os seus problemas.

Independentemente das divergências de possamos nutrir com relação aos métodos utilizados pelo governo Milei para se comunicar, para conduzir a máquina pública ou para manejar a economia, há que se reconhecer a disposição para brigar com quem quer que se oponha ao projeto de poder que foi avalizado por 54% dos eleitores.

Em que pese ser pouco tempo para avaliar o desempenho do governo, a inflação, fantasma que assombra nossos vizinhos recuou bastante: de 25,47% em dezembro para 11,00% em março e a esperança é de que caia a um dígito nos próximos meses, fruto de medidas de ajuste fiscal promovidas pela administração Milei.

Com uma agenda reformista e disposto a tudo, o governo apresentou duas propostas legislativas amplas, que têm como ponto de partida a desregulação da economia e a retirada das amarras do mercado de trabalho argentino, com vias de potencializá-lo. Atualmente, a informalidade no mercado laboral atinge índices alarmantes, superando em muito o mercado formal.

Nesse cenário, embora Milei tenha baixado o tom nos primeiros dias de governo, voltou a escalar a guerra contra o que denomina “Casta Política”, mesmo necessitando dela para a aprovação de suas propostas junto ao Congresso, o que tem impedido o avanço de suas intenções. Tanto o DNU (uma espécie de Medida Provisória), quanto a Lei de Bases (Lei Ónibus) tem sofrido resistências de muitos setores, desde deputados, senadores e governadores provinciais até o próprio Poder Judiciário.

Entre lutas e incertezas, a esperança é o que impulsiona nossos vizinhos, pois, apesar de todas as dificuldades, as pesquisas de opinião dão conta de que a imagem do atual ocupante do trono de Rivadávia pouco ou nada é atingida. O povo lhe “banca” e acredita em dias melhores, só não se sabe até quando!

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