Santa Casa lançou alternativa inédita para tratamento de câncer

Estima-se que 60 mil novos casos de câncer intraperitoneal são registrados a cada ano no país. Entre os principais tipos estão o câncer de intestino, ovário, útero, estômago e pâncreas. Devido a sua complexidade, são necessários profissionais altamente capacitados e uma infraestrutura de ponta para a realização de cirurgias que visam a redução do tumor, e a posterior melhoria na qualidade de vida do paciente. Diante deste cenário, o Hospital Santa Rita da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre lançou em 26 de dezembro um novo método para o tratamento de carcinomatose peritoneal, situação em que o câncer se espalha pelo peritônio. Trata-se de uma abordagem terapêutica denominada quimioterapia aerossolizada (PIPAC, que significa Pressurized Intraperitoneal Aerosol Chemoterapy), que acessa a área a ser tratada através de um método minimamente invasivo, potencializando a efetividade da aplicação do medicamento.

Inédito nas Américas, o dispositivo foi 100% criado no Rio Grande do Sul em uma parceria entre a BhioSupply com o Serviço de Cirurgia Oncológica do Hospital Santa Rita, pesquisadores da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, além do pesquisador francês Olivier Glehen. A tecnologia, aprovada na ANVISA como única disponível para este tipo de tratamento no Brasil (já difundida na Europa), simplifica e reduz a complexidade da cirurgia para aplicação de quimioterápico através de um acesso único, menos invasivo, e que garante uma recuperação mais breve aos pacientes. “Diferente das abordagens tradicionais, a PIPAC é um procedimento minimamente invasivo que  busca oferecer um novo controle da carcinomatose de forma mais efetiva”, informa Dr. Antônio Nocchi Kalil, chefe do Serviço de Cirurgia Oncológica. O especialista afirma que essa nova técnica de aplicação de quimioterapia intra-peritoneal tem demonstrado benefício no controle dos sintomas relacionados a carcinomatose, melhorando a qualidade de vida dos pacientes com essa doença. O uso da quimioterapia aerossolizada pode ser sinônimo de esperança para os pacientes que sofrem com esta doença, como explica o cirurgião Dr. Rafael Seitenfus: “as primeiras evidências do uso desta nova técnica apontam uma resposta significativa em alguns casos, podendo resgatar esses pacientes à um tratamento com intenção curativa numa doença que determinava um prognóstico sombrio sem chance de cura até então”.

Por enquanto, o uso de PIPAC estará disponível para pacientes que possuem planos de saúde ou privados. A disponibilidade pelo Sistema Único de Saúde depende de aprovação do Ministério da Saúde.

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