Vigilância Ambiental em Saúde orienta população contra o Aedes

Faz tempo que o mosquito Aedes aegypti aterroriza quem mora em regiões endêmicas do País por ser o vetor da Dengue. Com o passar dos anos, uma nova doença começou a causar medo na população: a Zika. Autoridades de saúde e cientistas se mobilizaram para entender melhor as manifestações, os sintomas e a relação com o Aedes aegypti na transmissão do Zika Vírus, quando ao mesmo tempo enfrentavam a temida Chikungunya, também transmitida pelo mosquito.

Altas temperaturas e mudanças nas condições de tempo, com chuvas rápidas, marcam o verão e trazem condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti. E a situação é de alerta máximo, pois o mosquito-da-dengue, como é popularmente identificado, representa um dos mais graves problemas de Saúde Pública do Brasil na atualidade.

Conforme o governo federal, números de infestação predial do mosquito Aedes aegypti superiores a 3,9% revelam perigo de epidemia de dengue, por exemplo. E maiores do que 4% o risco de surto de doenças relacionadas ao mosquito. Ou seja, uma alta densidade populacional é o fator que se soma às variáveis climáticas como a temperatura ambiente.

O Ministério da Saúde traça o painel das cidades brasileiras com base nos dados do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa). “A medida serve para estimular os gestores locais a reforçar as ações de prevenção e controle ao mosquito transmissor”, ressalta a coordenadora da Vigilância Ambiental em Saúde, vinculada à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a médica veterinária Julyana Sthéfanie Simões Matos. “O LIRAa identifica melhor os locais problemáticos, de criadouros predominantes e infestação, e direciona de forma mais adequada as ações para áreas mais críticas, mas o fundamental mesmo é a conscientização das comunidades.”

Ela sublinha que a população deve ficar sempre atenta. “O mosquito pode pôr ovos em uma tampinha de garrafa pet que ficou esquecida no pátio e acabou acumulando água”, exemplifica. “Ralos e calhas, assim como pneus, também merecem atenção redobrada.”

Novo Hamburgo em sinal de alerta máximo

De acordo com o último LIRAa, realizado em novembro de 2017, Novo Hamburgo apresenta um índice de infestação predial de 4,1. Conforme esses parâmetros utilizados pelo Ministério da Saúde, o valor indica um alto risco de surto de doenças do Aedes aegypti, já que está acima de 4.

O levantamento indicou que a grande maioria dos bairros de Novo Hamburgo apresenta risco iminente à saúde pública ou alta probabilidade de surto de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Apenas os bairros Centro, Ouro Branco e Lomba Grande registram índices considerados satisfatórios, de acordo com a pasta do governo federal.

Diante dos dados, o secretário municipal de Saúde, Naasom Luciano, destaca que a batalha do combate ao mosquito-da-dengue é de todos e se concentra em eliminar os focos de transmissão de doenças. “A Prefeitura precisa que a comunidade também se conscientize para que sejam trabalhadas de forma integrada as ações relacionadas à prevenção e ao combate ao Aedes, como se estivéssemos sempre em período altamente endêmico”. sublinha.

De acordo com o coordenador do Convênio de Combate e Prevenção à Dengue em Novo Hamburgo, o biólogo Paulo Henrique Schneider, da Feevale, o atípico inverno do ano passado entra na conta da infestação de insetos. “A ausência de períodos com baixas temperaturas, porque o frio proporcionaria reduções das populações de mosquitos, é um fator a ser considerado quando se observa aumento de riscos”, observa.

O conhecimento da situação do Município em relação aos índices de infestação pelo mosquito-da-dengue é de extrema importância, pois dita todas as medidas que devem ser tomadas para a prevenção da Dengue, Zika e Chikungunya e, em casos de possíveis surtos, a sua contenção.

Como se dá a transmissão de doenças e quais os principais sintomas

A única maneira de se contrair as doenças relacionadas ao Aedes é por meio da picada de mosquitos infectados com o vírus das três patologias. O mosquito-da-dengue só passa a transmitir doenças após picar uma pessoa infectada. Jamais diretamente de uma pessoa para outra.

Os primeiros sintomas de Dengue, Zika e Chikungunya podem se manifestar em média até dez dias depois da picada. Dores de cabeça, articulares e abdominais, manchas no corpo, olhos vermelhos e febre alta são os principais sinais.

De acordo com autoridades em saúde, ao aparecer os sintomas associados, deve-se procurar a unidade de saúde mais próxima. Também se observa que a automedicação pode comprometer ainda mais a saúde do paciente como, por exemplo, o uso de inflamatórios e ácido acetilsalícilico, presente em medicamentos para dor e febre. Esses fármacos podem agravar a doença, inclusive, levando a sangramentos.

A pessoa infectada pelo Aedes aegypti deve se hidratar bem, ingerindo bastante água. É importante também que o paciente procure repousar, pois tende a sentir uma intensa fadiga, outro sintoma da doença.

Vigilância Ambiental em Saúde e Feevale trabalham juntas

Em Novo Hamburgo, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), por meio de parceria entre a Vigilância Ambiental em Saúde e a Universidade Feevale, promove ações bem direcionadas, como visitas domiciliares e a pontos estratégicos.

O convênio entre a SMS e a universidade hamburguense está em vias de ser renovado, mas as atividades de prevenção e combate ao Aedes aegypti não foram interrompidas em nenhum momento, mantendo-se a cobertura das ações por parte dos agentes de controle de endemias.

O biólogo Schneider frisa que os cidadãos exercem um papel fundamental para baixar os índices de infestação pelo Aedes aegypti. “Os agentes desenvolvem um trabalho de cunho educativo, mas é impossível que vistoriem todos os imóveis da cidade”, analisa. “Como o ciclo biológico do mosquito se dá em sete dias não há possibilidade dos agentes, sozinhos, vencerem essa guerra.”

O trabalho dos Agentes de Combate a Endemias (ACE) conta, prioritariamente, com o envolvimento da comunidade. “Eles passam por capacitações periódicas, mantendo-se munidos de todas as informações sobre Dengue autócne”, acrescenta. Schneider se refere ao fato da doença ter sido contraída dentro do próprio município. “Como no caso confirmado em Estância Velha, em área quase limítrofe a Novo Hamburgo.”

Confira algumas medidas básicas que a população precisa adotar

Fonte: Vigilância Ambiental em Saúde de Novo Hamburgo

Como denunciar suspeitas de focos

A participação da população é essencial por meio de atitudes e denúncias. Para protocolar possíveis focos do mosquito, o cidadão deve ligar para o telefone da Prefeitura 3097-9400 e solicitar o ramal da Ouvidoria do SUS, para registrar o protocolo. Ou pelo número de celular 9 9831-6500.

As denúncias são averiguadas de acordo com o esquema de bairros a serem trabalhados na semana pela Vigilância Ambiental em Saúde e Universidade Feevale. A prioridade recai à constatação de situações mais críticas, de maior risco de proliferação do mosquito, como o acúmulo de pneus.

Grande circulação do vírus mantém operação pente-fino

Em Novo Hamburgo, no ano de 2017, foram encontrados 2.922 focos. Quanto às notificações de casos suspeitos, no ano passado, tivemos 39 para dengue com nenhum caso suspeito que se confirmasse, 14 de Zika Vírus com nenhuma comprovação e 20 de Chikungunya, com uma única confirmação – esse caso específico refere-se a uma pessoa que viajou para o Piauí e contraiu a doença naquele Estado. Mesmo assim, a grande circulação do vírus mantém a operação pente-fino.

 

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