A pesquisa faz parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). O lançamento será realizado durante o encontro “Estudo POP-Brasil: resultados e ações para o enfrentamento da infecção pelo HPV”, na Universidade Federal de Ciências Sociais de Porto Alegre (UFCSPA).
A diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, explica a importância desse tipo de estudo para conhecer a prevalência da doença. “Até então, não havia estudos de prevalência nacional do HPV que possam medir o impacto da vacina no futuro. O sucesso da vacinação deve ser monitorado, não somente em termos de cobertura, mas principalmente em termos de efetividade na redução da infeção pelo HPV”, afirmou Adele.
O estudo indica ainda que 16,1% dos jovens tem uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) prévia ou apresentaram resultado positivo no teste rápido para HIV ou sífilis. Os dados finais deste projeto serão disponibilizados no relatório a ser apresentado ao Ministério da Saúde em abril de 2018.
A pesquisa POP-Brasil foi realizada em 119 Unidades Básicas de Saúde e um Centro de Testagem e Aconselhamento nas 26 capitais brasileiras e Distrito Federal, contando com a colaboração de mais de 250 profissionais de saúde. O Estudo identificou os fatores demográficos, socioeconômicos, comportamentais e regionais associados à ocorrência do HPV em mulheres e homens entre 16 e 25 anos de idade, usuários do SUS nas 27 capitais brasileiras.
Até o momento, das 27 cidades incluídas, a maioria concluiu a meta do estudo (Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Macapá, Maceió, Manaus, Natal, Recife, Salvador, São Luís, Teresina e Vitória) e as outras estão em fase de finalização (Boa Vista, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Palmas, Porto Alegre, Porto Velho, Rio Branco, Rio de Janeiro e São Paulo).
PERFIL – A população do estudo foi composta por 5.812 mulheres e 1.774 homens, sendo a média de idade de 20,6 anos. A maioria das entrevistas era composta de indivíduos que se autodeclararam pardos (56,6 %), seguido de brancos (23,9 %) e pretos (16,7 %). Apenas 111 indivíduos se autodeclararam amarelos (1,7 %) e 74 indígenas (1,2 %). Essa distribuição é a mesma observada pelo último censo brasileiro onde os grupos raciais pardo e branco representaram a maioria da população dessa mesma faixa etária.
Em relação à escolaridade, 37,9 % dos jovens referiram estar estudando; 28,3 % interromperam os estudos e 33,8 % concluíram os estudos. A população que compôs o POP-Brasil foi, majoritariamente, da classe C (55,6 %) ou D-E (26,6 %), seguida da classe B (15,8 %) e somente 112 indivíduos foram incluídos na classe A (2,0 %). Dos indivíduos que referiram estar trabalhando, 21,0 % o fazia sem carteira de trabalho assinada (ou trabalho informal – por conta própria), 20,8 % trabalhavam com carteira assinada, 1,0 % era servidor público e 57,0 % somente estudavam.
A maioria dos indivíduos referiu estar em uma relação afetiva estável, sendo que 41,9 % estavam namorando e 33,1% casados (ou morando com o parceiro); o restante estava sem relacionamento, sendo solteiro (24,2 %) ou divorciado (0,7 %).
Dos jovens entrevistados, 15,6 % referiram fumar cigarros, 70,8 % relataram já terem feito uso de bebidas alcoólicas e 27,1 % de drogas, ao longo da vida. A droga mais utilizada foi a maconha (23,7 %). Quanto à saúde sexual, a média de idade de início da atividade sexual foi de 15,3 anos sendo 15,4 anos para mulheres e 15,0 anos para homens.
A diferença média de idade entre parceiros na primeira relação sexual foi de 3,8 anos. Entre as mulheres, 47,7 % já engravidaram, sendo que dessas, 63,4 % tiveram um filho e 35,4 % tiveram 2 ou mais. A idade média para a primeira gestação foi de 17,1 anos. Somente cerca da metade dos indivíduos (51,5 %) referiram usar camisinha rotineiramente e, apenas 41,1 % fizeram uso na última relação sexual. O comportamento sexual de risco foi observado em 83,4 % dos entrevistados, sendo que a média de parceiros sexuais no último ano foi de 2,2 e a média de parceiros nos últimos 5 anos de 7,5.
O estudo é uma parceria do Ministério da Saúde, o Hospital Moinhos de Vento (RS), a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade de São Paulo (Faculdade de Medicina (FMUSP) – Centro de Investigação Translacional em Oncologia), Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Secretarias Municipais de Saúde das capitais brasileiras e Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.
Quadro de Prevalência do HPV nas capitais do país
Capitais | Prevalência de HPV |
Recife (PE) | 41,2 % |
Florianópolis (SC) | 44,0 % |
Maceió (AL) | 45,1 % |
João Pessoa (PB) | 45,6 % |
Curitiba (PR) | 48,0 % |
Manaus (AM) | 50,3 % |
Belém (PA) | 50,8 % |
Boa Vista (RR) | 51,0 % |
São Paulo (SP) | 52,0 % |
Natal (RN) | 52,9 % |
Porto Velho (RO) | 52,9 % |
Fortaleza (CE) | 53,4 % |
Goiânia (GO) | 54,1 % |
Fortaleza (CE) | 53,4 % |
Goiânia (GO) | 54,1 % |
Teresina (PI) | 54,3 % |
Rio de Janeiro (RJ) | 54,5 % |
Aracaju (SE) | 54,6 % |
Vitória (ES) | 55,1 % |
Rio Branco (AC) | 55,9 % |
Porto Alegre (RS) | 57,1 % |
São Luís (MA) | 59,1 % |
Macapá (AM) | 61,3 % |
Cuiabá (MT) | 61,5 % |
Palmas (TO) | 61,8 % |
Salvador (BA) | 71,9 % |
Brasília (DF) | Sem dados suficientes |
Campo Grande (MS) | Sem dados suficientes |
Belo Horizonte (MG) | Sem dados suficientes |