Cidadão gaúcho, reflita: se maio de 2024 se repetir, você sabe exatamente o que tem que fazer ou para onde ir? Se a resposta é não, você não está sozinho – e isso é um problema gravíssimo.
As catástrofes climáticas que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024 e, recentemente, a Argentina em 2025, não são meros acidentes da natureza, mas sim gritos de alerta que as autoridades insistem em ignorar.
A ausência de planos de contingência eficazes e acessíveis ao público não é apenas uma falha administrativa – é uma negligência criminosa que coloca milhares de vidas em risco iminente.
O cenário de 2024 no Rio Grande do Sul foi apocalíptico: mais de 60% do território estadual submerso, 183 vidas ceifadas, 2,4 milhões de pessoas impactadas e prejuízos astronômicos de 4,6 bilhões de reais. Agora, em 2025, as sirenes de alerta soam novamente, mas os ouvidos governamentais permanecem surdos ao clamor da população.
A tragédia em Bahía Blanca, Argentina, com 16 mortes confirmadas e cerca de 100 desaparecidos, é um presságio sombrio do que pode ocorrer novamente em solo gaúcho.
Enquanto isso, o Ministério das Cidades revela uma estatística alarmante: mais de 2 milhões de imóveis brasileiros estão em áreas de risco de inundações. É como se estivéssemos sentados sobre uma bomba-relógio prestes a explodir, e nossos líderes optassem por ignorar o tique-taque ensurdecedor.
A inação governamental é gritante e inaceitável:
- Sistemas de informação obsoletos que parecem ter parado no tempo, ignorando as lições dolorosas de 2024.
- Zonas seguras? Um conceito aparentemente alienígena para nossas autoridades, que deixam a população às cegas em momentos críticos.
- Orientações específicas para emergências? Aparentemente, espera-se que o cidadão comum seja um expert em gestão de crises.
- Preparação comunitária? Um luxo que nossos governantes julgam desnecessário, mesmo diante de evidências gritantes do contrário.
- A mudança climática, uma realidade inegável, é tratada como ficção científica por aqueles que deveriam nos proteger.
As consequências dessa negligência são catastróficas e iminentes. Não estamos apenas falando de prejuízos materiais – estamos falando de vidas. Vidas que poderiam ser salvas com planejamento adequado, com informação clara, com preparo comunitário.
O que deveria ser feito é claro como água (ironicamente, a mesma que ameaça nos engolir):
- Mapeamento detalhado de áreas de risco
- Protocolos de evacuação cristalinos
- Sistemas de alerta que funcionem de verdade
- Kits de emergência e abrigos bem equipados
- Treinamento comunitário intensivo
Mas, ao invés disso, o que vemos? Silêncio. Inação. Descaso.
As tragédias de 2024 no Brasil e 2025 na Argentina não são apenas “desastres naturais” – são desastres políticos, agravados pela incompetência e pela falta de vontade política. Cada dia que passa sem um plano concreto é um dia em que brincamos com a vida dos cidadãos gaúchos.
O risco de maio de 2024 se repetir em 2025 não é apenas real – é praticamente uma certeza, dada a escalada das mudanças climáticas e a inércia governamental. A natureza não espera pela burocracia, não se importa com eleições ou discursos vazios. Ela age, e age com força.
É hora de acordar, de agir, de exigir. Não podemos esperar que a próxima enchente leve mais vidas para que algo seja feito. A omissão dos governos não é apenas uma falha – é um crime contra a população.
Será que novamente os poderes irão abandonar o cidadão gaúcho à própria sorte? Porque em 2024, quem salvou o Rio Grande do Sul foi o cidadão, com sua coragem, solidariedade e resiliência. Mas até quando teremos que depender apenas de nós mesmos, enquanto aqueles eleitos para nos proteger se escondem em seus gabinetes secos e seguros?
A hora de agir é agora. Amanhã pode ser tarde demais
Lembre-se, caro cidadão gaúcho: quando as águas subirem novamente, o único salva-vidas confiável será aquele que você mesmo inflar. Porque no “Manual de Sobrevivência Gaúcha”, o Capítulo 1 é claro: não conte com o governo, conte com sua própria resiliência e a solidariedade dos seus vizinhos.
Afinal, em 2024, foram as mãos do povo, não as canetas oficiais, que mantiveram o Rio Grande do Sul à tona. Prepare-se, informe-se, organize-se – pois na próxima enchente, o verdadeiro herói provavelmente será você.
Referências:
PODER360. Enchentes na Argentina causam 15 mortes e prejuízos de US$ 400 mi. Poder360, 2025. Disponível em: https://www.poder360.com.br/poder-internacional/enchentes-na-argentina-causam-15-mortes-e-prejuizos-de-us-400-mi/. Acesso em: 13 mar. 2025.
PÚBLICO. Inundações na Argentina: 16 mortos, 100 desaparecidos e duas crianças levadas pelas águas. Público, 2025. Disponível em: https://www.publico.pt/2025/03/11/azul/noticia/inundacoes-argentina-16-mortos-100-desaparecidos-duas-criancas-levadas-aguas-2125468. Acesso em: 13 mar. 2025.
G1. Mais de 2 milhões de imóveis estão em áreas com risco de inundações, diz Ministério das Cidades. G1, 2025. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/03/12/mais-de-2-milhoes-de-imoveis-estao-em-areas-com-risco-de-inundacoes-diz-ministerio-das-cidades.ghtml. Acesso em: 13 mar. 2025.