Tudo começou há 28 anos, quando em Balneário Camboriú não havia blocos carnavalescos, trios elétricos e muito menos escolas de samba. Um grupo de amigos que sempre se reunia num barzinho da Rua Inglaterra, teve a ideia de animar o Centro da cidade com samba. Decidiram se vestir todos iguais, comprar alguns instrumentos e ir animar as noites do Calçadão da Central.
Eram apenas 12 pessoas, entre crianças e adultos. “Fomos muito bem recepcionados no calçadão. O público gostou e a gente também”, conta dona Marisa Reges, vice-presidente e uma das fundadoras do bloco Mexe-Mexe – o mais antigo da cidade. Com o sucesso, mais gente foi se interessando em participar, compraram mais instrumentos e continuaram as rodas de samba.
Em 1992, Balneário Camboriú teve o primeiro desfile oficial de Carnaval. No mesmo ano, no Rio de Janeiro, acontecia o evento Eco 92. Uma Conferência das Nações Unidas, muito falada na mídia na época, que discutia a importância da ecologia. O bloco Mexe-Mexe achava um assunto importante e decidiu homenagear a Conferência. “A nossa primeira fantasia do primeiro desfile oficial foi verde e branco. Bermuda listrada verde e branca e blusa, também listrada, bordada eco 92 e um chapéu verde”, relembra dona Marisa. Por fim, essas cores se tornaram oficiais do grupo.
Quando o grupo ficou maior, resolveram alugar um caminhão, pra não ficar só no calçadão, e sair pelas ruas fazendo festa. “Contratamos um caminhão de frete. Tiramos as laterais, ficou só o chão. Pregamos sofás nas laterais para as crianças ficarem sentadas, elas não podiam levantar, pra não cair, e nós tocávamos no meio. Foi muito divertido!”, relembra.
Em 1996, o grupo achou uma carretinha em um terreno, onde alguém havia colocado à venda. Compraram e ela se tornou a carretinha do bloco Mexe-Mexe. Depois de muitas reformas, ela continua levando os grupos aos desfiles. A bateria se posiciona em cima da plataforma e os foliões a seguem.
Hoje, o grupo já tem participantes da terceira geração. “Infelizmente muitos já se foram, mas as famílias continuam conosco até hoje”, diz dona Marisa. A vice-presidente se recorda do Mestre Antônio, um dos fundadores do bloco. Foi mestre de bateria até seu último ano de vida e de bloco. Ele é uma figura muito importante pra o Mexe-Mexe. Desde sua partida, há três anos, as camisetas têm tido referências a ele. A desse ano, por exemplo, o homenageia com “Bateria Mestre Antônio Imortal”.
Segundo a vice-presidente, eles não deixaram de festejar um carnaval se quer, desde 1990. Depois de 1992, houve mais alguns desfiles oficiais da cidade, onde eles participaram. Mas, no intervalo de tempo que não houve essas festas nas ruas de Balneário Camboriú, o bloco Mexe-Mexe saía mesmo assim para festejar.
O grupo tem um galpão na Rua Dom José, no bairro Vila Real, onde a carretinha e o jipe que eles compraram para puxá-la, ficam guardadas durante o ano. Eles se reúnem o ano todo, mas não saem às ruas. Eles se encontram no pavilhão para ensaios, churrascos e aniversários dos integrantes do Mexe-Mexe. “Porque tem que ter uma cerveja e um churrasco durante o ano né”, conta.
Financeiramente, o grupo se mantém com parcelas dos integrantes, como em um clube. Não há uma comercialização dos abadás. A organização vende para os participantes do grupo. Este ano eles esperam, aproximadamente, 70 pessoas. “O número não é exato. Alguns levam as crianças, outros não. Tem gente que vai um dia, mas não vai noutro”, afirma Marisa.
Esse ano, o grupo já saiu às ruas quatro sextas-feiras, como aquecimento para os dias de folia. Eles vão desfilar quatro dias: 09, 10, 11 e 12. No dia 09, sexta-feira, eles participam do Bloco dos Sujos, na Barra Sul, a partir das 21h. Neste bloco, homens se vestem de mulheres e vice-versa. Nos dias 10, 11 e 12 eles participam do desfile oficial, na Avenida Atlântica, a partir da Rua 2000, às 20h30.
Confira a programação do Carnaval BC 2018 e a ordem dos desfiles