Saúde

Instituições brasileiras se unem à OMS em pesquisa sobre câncer infantil

Estudo internacional é sobre o Tumor de Wilms, que acomete crianças de 2 a 4 anos

Estabelecido em 2002 pela Confederação Internacional de Pais de Crianças com Câncer (ICCCPO, sigla em inglês), o Dia Internacional Contra o Câncer na Infância é celebrado anualmente em 15 de fevereiro. Nessa data, as atenções são voltadas para o rápido diagnóstico dos diversos tipos de câncer que atingem crianças. Entre eles está o Tumor de Wilms, considerado o tumor renal maligno mais frequente na faixa etária pediátrica.

Em linhas gerais, apenas 5% dos casos de Tumor de Wilms se apresentam simultaneamente nos dois rins e o diagnóstico da doença é considerado difícil, uma vez que o tumor pode ser assintomático ou apresentar sintomas inespecíficos nos estágios iniciais da doença. Embora não existam dados específicos, a estimativa de incidência é de 7 a 10 casos/milhão, representando entre 6 e 7% dos tumores da infância, com 80% dos diagnósticos realizados abaixo de 5 anos. Segundo a Dra. Isabela Werneck da Cunha, médica patologista e diretora científica da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), a doença é uma das principais preocupações quando o assunto é câncer na infância.

Colaboração internacional

É por conta dessa relevância que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica (SIOP) estabeleceram uma pesquisa internacional com o objetivo de identificar o volume de blastema remanescente nas nefrectomias após quimioterapia para o tratamento do Tumor de Wilms. Traduzindo para uma linguagem mais simples, o objetivo é analisar se após o processo do tratamento restam vestígios da doença no rim dos pacientes para determinar os próximos passos do tratamento.

No Brasil, o Grupo Brasileiro de Tumores Renais (GBTR), a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) e a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) atuam para o crescimento do estudo, contribuindo internacionalmente para melhor entendimento e tratamento destes tumores. “O acompanhamento após o tratamento desse tipo de tumor é fundamental para entender o que pode ser do futuro do paciente e desvendar novas maneiras de conduzir cada caso da doença”, explica Isabela.
Os médicos patologistas fazem a análise microscópica de tumores, o processo que identifica precisamente as características do tumor e em qual estágio ele está. Essa avaliação é fundamental para que outros médicos determinem quais modalidades de tratamento serão aplicadas.
“As habilidades analíticas dos médicos patologistas são usadas nesse estudo para que cada caso de Tumor de Wilms seja registrado com todas as suas características, levando em consideração também as características de cada paciente. É por meio do uso de banco de dados como este que a medicina avança, controlando as mortes por esse e outros tipos de cânceres”, finaliza a diretora científica da SBP.

Estrutura do estudo

A manutenção dessas informações acontece por etapas. A primeira linha envolve os oncologistas pediátricos, que são os primeiros a lidar com as crianças que passam por sessões de quimioterapia. Depois os cirurgiões pediátricos retiram o tumor e enviam para análise anatomopatológica, que são encaminhados junto de um formulário para os médicos patologistas, que por sua vez repassam as informações para o Grupo Brasileiro de Tumores Renais. Este último é o responsável por mediar o conteúdo junto da SIOP para que faça parte dos dados internacionais sobre o Tumor de Wilms, o qual poderá ser usado para novos estudos e desenvolvimento de novas tratativas quanto ao câncer renal mais comum entre as crianças.
Fundada em 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) atua na educação continuada e defesa da atuação profissional dos médicos patologistas, oferecendo oportunidades de atualização e encontros para o desenvolvimento da especialidade. Desde sua criação, a SBP tem realizado cursos, congressos e eventos com o objetivo de elevar o nível de qualificação dos patologistas.

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