A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA – International Air Transport Association) divulgou os resultados dos mercados globais de carga aérea de fevereiro de 2018, que mostraram aumento de 6,8% na demanda, medida em quilômetros por toneladas de carga (FTKs), em comparação ao mesmo período do ano passado. Com a antecipação do Ano Novo Chinês este ano e o aumento combinado de janeiro e fevereiro de 2018, o aumento na demanda foi de 7,7%, o início de ano com maior crescimento desde 2015.
A capacidade de carga, medida em quilômetros por toneladas de carga disponíveis (AFTKs), aumentou 5,6% na comparação ano a ano em fevereiro de 2018. O crescimento da demanda superou o aumento na capacidade pelo 19º mês consecutivo, um fator positivo para os rendimentos das companhias aéreas e para o desempenho financeiro do setor.
O crescimento contínuo da demanda de carga aérea é consistente com o fluxo intenso do comércio global. Porém, o setor mostra sinais de que o pico do aumento do frete aéreo já passou. Os fatores de aumento da demanda de carga aérea estão se distanciando dos níveis observados no ano passado. Nos últimos meses, o PMI (Purchasing Managers’ Index, índice que mede as condições de negócios atuais) de pedidos de fabricação e exportação diminuiu em vários países exportadores, incluindo Alemanha, China e Estados Unidos. O volume de carga com ajuste sazonal, que chegou a ter aumento de dois dígitos na comparação ano a ano em 2017, agora tende a ficar por volta de 3%.
Desempenho por região
As companhias aéreas de todas as regiões relataram aumento na demanda em fevereiro de 2018.
As companhias aéreas da região Ásia-Pacífico apresentaram aumento nos volumes de carga de 6,5% em fevereiro de 2018 e a capacidade cresceu 7,2%, em relação ao mesmo período de 2017. A tendência de alta nos volumes de carga com ajuste sazonal voltou a ser observada, com ritmo de aumento anual entre 6,0% e 7,0%. Esta é a região que mais transporta carga aérea, responsável por cerca de 37% da carga aérea global; por isso, os riscos das medidas protecionistas que afetam a região são muito altos.
As companhias aéreas da América do Norte apresentaram aumento nos volumes de carga de 7,3% em fevereiro de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado; o aumento da capacidade foi de 4,1%. A tendência dos volumes de carga com ajuste sazonal é sem aumento. O enfraquecimento do dólar americano no último ano ajudou a aumentar as exportações aéreas. Dados do US Census Bureau mostram aumento de 10,2% em relação ao ano passado nos volumes de exportação aérea dos Estados Unidos em janeiro de 2018, além de um aumento menor de 6,7% nas importações.
As companhias aéreas da Europa apresentaram aumento de 5,7% nos volumes de carga em fevereiro de 2018, que foi metade do índice do mês anterior e o menor entre todas as regiões. A capacidade aumentou 3,8%. O volume de carga com ajuste sazonal está inconstante em 2018, pois o grande aumento na demanda em janeiro foi em grande parte neutralizado em fevereiro. A força do euro e os riscos das medidas protecionistas podem afetar o mercado europeu de transporte aéreo de carga, com alto índice de exportação nos últimos anos, principalmente na Alemanha.
As companhias aéreas do Oriente Médio tiveram aumento de 7,4% nos volumes de carga em fevereiro de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado; a capacidade aumentou 7,6%. Os volumes de carga com ajuste sazonal continuam com tendência de alta, mas o ritmo diminuiu, com índice anual de 4% desde o fim de 2017, reflexo principalmente das condições fracas nas rotas que ligam a região com a Europa, com tendência de baixa de dois dígitos nos últimos cinco meses.
As companhias aéreas da América Latina tiveram aumento na demanda de 8,7% em fevereiro de 2018, com aumento na capacidade de 6,9%. Este aumento na demanda nos últimos 18 meses é um reflexo dos sinais de recuperação da maior economia da região, o Brasil. O volume de carga internacional com ajuste sazonal voltou aos níveis observados no fim de 2014.
As companhias aéreas da África registraram aumento na demanda de 15,9% em fevereiro de 2018 em relação ao mesmo mês do ano passado – o maior aumento entre as regiões. A capacidade aumentou 3,9%. Este aumento é um reflexo do forte crescimento do comércio com a Ásia, resultado de investimentos estrangeiros na África. O aumento na demanda parece ter se estabilizado, mas ainda assim os volumes aumentaram quase 24% em janeiro na comparação com o mesmo período do ano anterior.