Duas tecnologias inovadoras, desenvolvidas à base de nanotecnologia, laser e inteligência artificial são as novidades que a Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP) vai apresentar na 25ª edição da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), de 30 de abril a 4 de maio. Trata-se do fertilizante MicroActive e do AGLIBS, um aparelho que analisa solos rapidamente e sem resíduos químicos na preparação das amostras. O MicroActive leva na formulação micronutriente, em grande concentração capaz de recobrir de forma homogênea grânulos dos macronutrientes nitrogênio, fósforo e potássio, conhecidos pela sigla NPK. Desenvolvido em parceria com a Produquímica/Compass Minerals, o fertilizante completo já demonstrou em ensaios de campo com soja, milho e feijão ganhos de produtividade de 9% frente as demais fontes de micronutrientes. Entre outras vantagens, o MicroActive visa fornecer ao produtor um único produto para aplicar na lavoura, com nutrientes balanceados e potencial de aumentar a produtividade e reduzir o número de aplicações de fertilizantes. O MicroActive será oferecido pelas indústrias de fertilizantes que vão fornecer adubos macronutrientes já recobertos com micronutrientes aos produtores.
Desenvolvido no Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA) da Embrapa Instrumentação e no centro de pesquisa e difusão de tecnologia da Produquímica, empresa do grupo Compass Minerals, a tecnologia venceu um dos maiores desafios da pesquisa – ser uma capa de alta aderência na superfície que não se desprendesse quando fosse aplicada. “Além disso, tinha que colocar um nutriente em cima do outro, sem perder a adesão ao longo do tempo, que conseguisse manter a proporção correta, ser de fácil aplicação e ainda que fosse homogêneo”, avalia Caue Ribeiro, um dos pesquisadores envolvidos na pesquisa do MicroActive.
Laser e inteligência artificial na análise de solos
O AGLIBS é uma tecnologia para a análise de solos, de forma rápida, sustentável e acessível economicamente ao produtor. O aparelho é capaz de analisar 1500 amostras de solo diariamente, sem resíduos químicos na preparação, fornecendo dados da textura – teores de areia, silte e argila – pH e quantidade de carbono no solo.
O equipamento emprega a mesma técnica que a agência espacial norte-americana, NASA, embarcou no Rover Curiosity para descobrir a presença de água em Marte, a espectroscopia de emissão óptica com plasma induzido por laser (LIBS). A técnica é usada de forma pioneira no Brasil e permite a avaliação em tempo real, em laboratório, enquanto os métodos convencionais demoram dias para fornecer os resultados das análises. A nova tecnologia é resultado da primeira parceria do ecossistema de inovação da Embrapa Instrumentação com uma startup voltada ao agronegócio (agritech), da qual nasceu a Agrorobótica. A empresa vai adotar um modelo de prestação de serviços diferenciado, disponibilizando o AGLIBS para laboratórios, cooperativas, revendas e empresas envolvidas com agricultura de precisão, em forma de franquia. O produtor encaminhará as amostras de solo georreferenciadas para um franqueado e o resultado é enviado para uma central de análise na Agrorobótica, onde um modelo de inteligência artificial calcula os parâmetros desejados.
Adubo orgânico com eficiência comprovada
A Embrapa Instrumentação ainda vai apresentar, pela primeira vez, resultados comprovados cientificamente sobre a eficiência do adubo orgânico – também conhecido como efluente – gerado pelo processo de biodigestão da Fossa Séptica Biogestora, sistema de saneamento básico para tratamento de esgoto na área rural. Em experimentos realizados com milho, para obtenção de biomassa, geralmente destinada à silagem, o efluente demonstrou potencial para substituir o nitrogênio na adubação sintética de NPK. O milho foi selecionado por ser uma cultura de ciclo curto e muito carente de nitrogênio. Os resultados com o uso do efluente serão apresentados por meio de imagens aéreas captadas por drones e processadas no formato 3D com a ajuda de softwares desenvolvidos pela Embrapa Instrumentação.
Tecnologias simples e automatizadas para irrigação
Para a irrigação, a Embrapa Instrumentação vai apresentar um conjunto de sensores de baixo custo e uma tecnologia muito simples, o irrigador solar que funciona com a luz do sol e é construído com materiais recicláveis.
Sensores – o sistema Igstat, sensor desenvolvido pela Embrapa e pela Tecnicer Tecnologia Cerâmica é capaz de perceber as alterações de umidade do solo automaticamente. Patenteado no Brasil e nos Estados Unidos, o Igstat é um cilindro de sete centímetros de comprimento feito de material poroso que detecta baixa umidade quando suas paredes permeáveis percebe a passagem de ar.
O Igstat é a peça-base para o sistema Irrigafácil, Rega Vaso e para o mais novo instrumento que está sendo desenvolvido, o Sistema Automático de Controle de Irrigação (Saci), cujo protótipo será apresentado na feira.
O equipamento vai acionar automaticamente a irrigação ao detectar baixa umidade no solo e reduzir o consumo de água e energia na lavoura em até 50%. Finalista da seleção Inovação para a Indústria 2017 do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Saci está sendo desenvolvido pela Tecnicer com a participação da Universidade de São Paulo (USP) e da Embrapa Instrumentação.
Irrigador Solar – O irrigador é automático, não usa eletricidade e ainda pode ser feito com materiais usados. A tecnologia poderá ajudar de pequenos produtores a jardineiros amadores a manter seus canteiros irrigados pelo método de gotejamento.
As vantagens do irrigador caseiro são várias. Trata-se de um sistema automático sem fotocélulas e que não demanda eletricidade, pois depende somente da luz solar, tornando sua operação extremamente econômica. Ele promove igualmente uma economia de água, pois utiliza o método de gotejamento para irrigar, o que evita o desperdício do recurso. É possível construí-lo com objetos que seriam jogados no lixo, como garrafas e recipientes de plástico, metal ou vidro. A versatilidade do equipamento também é grande. A intensidade do gotejamento pode ser regulada por meio da altura do gotejador e o produtor pode colocar nutrientes ou outros insumos na água do reservatório
para otimizar a irrigação.