Saúde

Estresse do cuidador e a atenção ao paciente

Ter um parente em uma situação vulnerável, como internação, tratamento, reabilitação ou até mesmo debilitado pela idade, exige dedicação por parte de familiares.Apesar da vontade de proporcionar os melhores cuidados para amenizar o desconforto do familiar, é importante que os cuidadores encontrem uma forma equilibrada de dividir as tarefas para não sobrecarregar um dos integrantes a ponto dele adoecer também. A contratação de um profissional da saúde para apoiar a família também é uma opção, mas é fundamental não confundir os papéis.
Os cuidadores aparentados costumam cuidar por vínculo afetivo e são ligados emocionalmente ao paciente, sendo na maioria das vezes cônjuges ou filhos. A proximidade e a intimidade podem causar ainda mais estresse nesse período, principalmente quando a rotina dos cuidados não é acordada de forma clara.

Rita Callegari, psicóloga na Rede de Hospitais São Camilo de SP, observa que esse papel normalmente é direcionado as mulheres da casa, como: esposa, filhas, sobrinhas e noras. “Também é comum que, mesmo havendo vários filhos, um assuma a atividade de cuidado diário, enquanto os outros se sintam suficientemente participativos por arcarem com despesas. Nesta situação, o cuidador principal pode apresentar estresse devido ao desgaste que a devoção do cuidado integral exige e ser piorado por ausência de ter com quem revezar”.
Para estes cuidadores, o apoio da família é imprescindível. Ter com quem revezar para poder sair de casa, passear, ir ao cinema ou mesmo fazer uma caminhada contribui para o controle do estresse. “Envolver os jovens da casa, sempre muito ocupados com sua rotina de vida, também é importante para a educação dos futuros cuidadores, que desde cedo devem compreender a dinâmica da família como apoiadora dos mais frágeis” analisa Rita.

Também é importante que o cuidador entenda que precisa de descanso e que essa pausa não está relacionada à falta de afeto ou preocupação com o familiar adoentado, mas um cuidado natural com a própria saúde. Entre os principais sintomas do desgaste estão: gripes, alergias, problemas no intestino, cansaço crônico, perda de concentração, mudança no comportamento (irritabilidade, introversão ou sensibilidade), podendo levar a doenças mais sérias tanto físicas quanto emocionais, como depressão e ansiedade.
Por isso, é importante fazer reuniões com frequência estipulada para saber quais serão as tarefas de cada familiar e períodos de cuidados de cada um “É preciso diálogo constante, paciência e empatia entre os familiares para encontrar a melhor dinâmica” sugere Rita.

Cuidadores contratados e profissionais de saúde

Muitas famílias optam por contratar profissionais para auxiliar a rotina da família. No entanto, algumas medidas precisam ser refletidas segundo a psicóloga:
– Não confundir os papéis pode evitar dissabores e até mesmo processos trabalhistas no futuro. É importante que os contratados tenham as formalidades exigidas (contrato, folgas, remuneração e recibos) bem documentadas. As condições oferecidas a esse trabalhador são também responsabilidade de quem contrata, pois respeito e dignidade faz parte da relação diária.
– O cuidador profissional não pode ser o único responsável pelo paciente, é fundamental que a família também se encarregue desses cuidados em alguns períodos. Afinal, o cuidador tem suas folgas para descansar e assim esperamos deles uma condição emocional equilibrada.
– Durante a contratação pode ser mais seguro solicitar uma carta de referência, checar experiências anteriores e até mesmo antecedentes criminais. Ou optar por uma empresa especializada em cuidados de enfermos.
– Quando o paciente estiver internado é importante lembrar que é preciso adaptar-se a dinâmica da Instituição. Por isso, se os familiares tiverem preferências em relação aos cuidados do paciente é fundamental estabelecer diálogos com os profissionais de saúde para compreensão de cada escolha.

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