Lideranças empresariais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná vão reforçar a mobilização pela criação de fundo para viabilizar recursos voltados ao desenvolvimento da Região Sul. A decisão foi tomada durante reunião do Fórum Empresarial Sul, que congrega as entidades empresariais dos três estados, realizada na Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), em Florianópolis, nesta segunda-feira (9). Participaram as Federações das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Santa Catarina (FIESC) e Paraná (FIEP), além das Federações do Comércio, Agricultura, Transporte e Sebrae, entre outras entidades do Sistema S. O presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry, que participou do Fórum Sul, lembrou que a criação de um fundo tem o objetivo de resolver os gargalos logísticos e focar no desenvolvimento regional. “A ideia é sensibilizar os representantes no parlamento para que se movimentem nesse sentido, inclusive junto à Presidência da República”, declarou. Ao final do encontro, foi assinado um documento no qual as Federações Industriais também defendem a aprovação do Programa Gás para Crescer e o fortalecimento do Sistema S.
Petry afirmou ainda que a logística é um entrave. “Terminamos vendendo muitos caminhões e automóveis e esquecemos de fazer as estradas para esse tipo de transporte. Também temos nossas ferrovias que não têm o desenvolvimento que deveriam ter e o próprio sistema de navegação, que é a cabotagem, não é muito difundido aqui no Brasil, assim como as hidrovias são pouco aproveitadas”, completou. Para o presidente da FIERGS, a criação de um fundo seria exatamente para poder resolver esses gargalos, e por outro lado fazer estudos para novos desenvolvimentos socioeconômicos da região.O presidente da FIESC, Glauco José Côrte, observou que são temas importantes para a região. “Precisamos incentivar e provocar a criação de um fundo que nós perdemos quando a Sudesul foi extinta há muitos anos. As demais regiões do País têm um fundo constitucional”, disse ele, lembrando que esse fundo seria gerido pelo BRDE para evitar a criação de uma nova estrutura para esse fim.
Num primeiro momento, o Sul propõe a criação de um fundo orçamentário e, depois, passaria a ser um fundo constitucional, nos moldes dos já existentes Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), Fundo de Desenvolvimento da Amazônia, Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). Dados do Ministério da Integração mostram que em 2017 os fundos do Centro-Oeste viabilizaram mais de R$ 8 bilhões, os do Nordeste mais de R$ 16 bilhões e os do Norte mais de R$ 4 bilhões para as respectivas regiões. A implantação desse sistema no Sul viabilizaria projetos importantes para a região mediante o mínimo comprometimento de custos governamentais.
O vice-presidente e diretor de acompanhamento e recuperação de créditos do BRDE, Neuto Fausto De Conto, lembrou que a Constituição Federal de 1988 criou os fundos constitucionais no Brasil e 22 unidades da federação são beneficiadas por eles, contudo o Sul não está contemplado. Desde 2007 a região tem se mobilizado e já levou o assunto aos ministérios em Brasília que cuidam do tema.
O coordenador do grupo de entidades representativas do setor produtivo paranaense, José Roberto Ricken, declarou que não é justo o Sul pagar boa parte da conta e não receber nenhum fundo específico para a região.
Na reunião, também foi defendida a aprovação do Programa Gás para Crescer, que tem o objetivo de dinamizar o mercado de gás natural, com diversidade de agentes, liquidez, competitividade, acesso à informação e boas práticas. O documento assinado pelas federações empresariais também defende o fortalecimento do Sistema S, formado por instituições como Sesi e Senai (da indústria), Sesc e Senac (do comércio), Sest e Senat (do transporte), Senar (da agricultura), Sebrae (do empreendedorismo) e Sescoop (do cooperativismo), no âmbito da educação, saúde e segurança, cultura, esporte, tecnologia e inovação, sem qualquer intervenção que resulte em redução de recursos que lhe são destinados.
Em nível nacional, só o Senai já formou 73,7 milhões de trabalhadores, com atuação em 28 áreas industriais. Já o Sesi é a maior rede de educação regular privada do País, com 1,2 milhão de matrículas em educação básica, continuada e ações educativas em 2017. Com seus serviços de saúde e segurança para o trabalhador, beneficiou 4 milhões de pessoas no ano passado. Nos três Estados do Sul a infraestrutura de atendimento das entidades do Sistema S inclui mais de 650 unidades fixas e mais de 200 móveis. Só no ano passado foram realizadas por suas instituições mais de um milhão de matrículas.