Embarcar em um veleiro para uma aventura pelos mares rumo à Antártida, a maior reserva de água doce na Terra. Viver a experiência de desbravar o continente gelado e conhecer de perto as principais espécies que compõe a fauna marinha como as colônias de pinguins, as aves e as baleias. O mercado de expedições turísticas é uma oportunidade de negócios cada vez mais comum na América do Sul e tem como ponto de apoio o Brasil, na Marina Itajaí, litoral norte de Santa Catarina.
Atualmente, são pelo menos três veleiros oceânicos de países como Austrália, Inglaterra e Polônia atracados no complexo náutico catarinense, a Marina Itajaí, e que oferecem o serviço de expedições e cruzeiros nas regiões do Sul. Entre eles, o veleiro de fabricação inglesa Podorange, do capitão francês Brice Monégier du Sorbier que escolheu o Brasil, Santa Catarina, pela segunda vez para guardar seu veleiro por cerca de 5 meses e fazer as manutenções antes de sua viagem rumo ao Ushuaia, a Terra do Fogo, para expedições na Antártida.
“Sempre dedico 3 ou 4 meses para a manutenção do veleiro antes de fazer as expedições. Aqui no Brasil, na Marina Itajaí, fiz a parte eletrônica e a remoção das divisórias impermeáveis que evitam a entrada de água nos compartimentos. Mas, além da infraestrutura necessária e equipamentos, nós encontramos um ambiente tranquilo e amigável que favorece a cultura náutica. Isso porque a náutica é um estilo de vida em que as pessoas prezam pela sustentabilidade, compartilham informações e são capazes de aprender todas as técnicas de manutenção para enfrentar qualquer desafio no mar. Também aproveitamos para andar de bicicleta pela cidade de Itajaí e fazer compras no comércio, apesar do desafio da língua estrangeira, já que a localização da marina contribui neste sentido. No que se refere às atrações turísticas e gastronômicas, posso dizer que é maravilhoso saborear as comidas frescas do Mercado Público”, diz o capitão francês Brice Monégier du Sorbier do veleiro de expedições Podorange.
“O mercado de viagens náuticas turísticas é uma oportunidade de negócios na América do Sul e a Marina Itajaí é a última parada de muitos velejadores que oferecem roteiros para o Ushuaia, as Ilhas Malvinas ou a Antártida. Está consolidado como ponto de apoio, manutenção, descanso e lazer dos navegadores por sua localização, infraestrutura e atendimento e também pelas características da cidade, considerada um polo náutico e pesqueiro do país. Para se ter uma ideia, o nosso auxílio vai desde entrada do canal, na atracação e nas conexões de cais, até o apoio nos processos de controle e entrada na Polícia Federal, Capitania dos Portos e Receita Federal”, diz a gerente comercial da Marina Itajaí Natasha Secchi.
A experiência de viajar em veleiro rumo à Antártida
O veleiro de aço Podorange é um barco de corrida construído na Inglaterra em 1996 que já participou do renomado Global Challenge 96/97, uma corrida de volta ao mundo. Mas há 10 anos, sob o comando do velejador francês Brice Monégier du Sorbier, oferece expedições e cruzeiros à Antártida.
“Acredito que para embarcar em uma expedição para Antártida não é preciso ser um entusiasta, porque o que descobriremos é algo fascinante. Basta cultivar a curiosidade, a simpatia, o respeito e a partilha. Isso porque mesmo em um veleiro grande como o Podorange, que tem mais de 20 metros de comprimento, há um pequeno espaço de convivência. Por isso, minha filosofia para uma experiência excepcional é de quem todos participem da vida a bordo. Isso inclui os turnos noturnos, se houver, participando de manobras. Um barco não é um hotel flutuante, é uma comunidade onde todos devem estar envolvidos para que a estadia ocorra para melhor”, diz o velejador francês.
Adaptado às regiões polares e equipado com modernos sistemas de navegação, o Podorange possui cabines, dois banheiros, ampla cozinha com mesa para refeições e posto de comando. É capaz de tratar a água para o consumo da tripulação e oferece banhos quentes todos os dias. Uma embarcação limpa e ecológica, que atende aos padrões da Associação Internacional de Operadores Antárticos (IAATO). Tem capacidade para receber até 12 pessoas, sendo que 4 são da tripulação.
“Estive no continente gelado e é algo surpreendente. A beleza selvagem das regiões do Sul, os magníficos icebergs, a riqueza ainda preservada e o espírito de viagem são um verdadeiro privilégio. Amo a navegação, o contato com a natureza e aspectos ambientais envolvidos como o fato de produzirmos a nossa energia e a água para beber”, diz a turista alemã Rita Kluge, 47, que embarcou em uma viagem fotográfica à Antártica em fevereiro de 2018.