Voltado a preencher uma lacuna existente no país na produção de medicamentos, o Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Medicamentos (CPDIM) teve sua pedra fundamental lançada na manhã de ontem (7). O Centro, que será construído na entrada do Campus do Vale, terá como finalidade produzir lotes-piloto para testar medicamentos.
A partir dos testes viabilizados pelo CPDIM, há possibilidade de que os resultados de pesquisas acadêmicas no campo avancem na forma de produtos que beneficiem a saúde da população. O Centro supre uma necessidade real de instalações adequadas para produção de lotes-piloto de unidades farmacotécnicas em condições de Boas Práticas de Fabricação para realização de pesquisa clínica e posterior registro do medicamento pelas agências reguladoras. Essa é uma etapa de pesquisa necessária para projetos com potencial de geração de produtos com aplicação clínica que já ultrapassaram as fases iniciais de desenvolvimento e precisam avançar para outras etapas. Contudo, ainda não há no país uma infraestrutura como a do CPDIM que esteja disponível para os pesquisadores, laboratórios de pesquisa e suas instituições parceiras.
O investimento na instalação é de R$ 38 milhões, financiados pelo Ministério da Saúde. A pasta é responsável por licitar o projeto e as licenças, cujos trâmites que já estão em andamento, e a previsão é que, após a conclusão da licitação, a obra fique pronta em 180 dias. Serão 700 m2 de área construída e um total de 1.000 m2 ocupados. A planta prevê área técnica, laboratório, controle de processos, além de auditório, sala de reuniões e escritório.
A pesquisa, desenvolvimento e inovação em novos medicamentos é uma área estratégica para a saúde pública e a economia nacional. Internacionalmente, a maior parte do desenvolvimento de tratamentos inovadores para a saúde nasce da interação entre a pesquisa feita em universidades e as empresas de biotecnologia e farmacêuticas. Apesar de o Brasil contar com profissionais e pesquisa científica de alta qualidade nas áreas biomédica e farmacêutica, há deficiências na cadeia de transferência de tecnologia para a geração de produtos inovadores para a saúde produzidos a partir de pesquisa feita no país.
Na cerimônia de lançamento da pedra fundamental, fizeram uso da palavra o reitor Rui Vicente Oppermann, o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Marco Antonio de Araújo Fireman, e o vice-diretor do Zenit – Parque Científico e Tecnológico da UFRGS.
O vice-diretor do Parque Zenit, Rafael Roesler, defendeu o modelo de parceria da Universidade com o governo e o setor privado. Segundo ele, a experiência internacional aponta para essa perspectiva: “o sucesso na descoberta e desenvolvimento de novos tratamentos em saúde só pode nascer onde existe parceria entre instituições acadêmicas com alta capacidade de geração de conhecimento e pesquisa; pequenas empresas de base tecnológica em saúde; indústrias farmacêuticas; e governos, todos trabalhando de forma coordenada e somando suas capacidades para criar a cadeia que finalmente pode lavar à criação de terapias transformadoras.”
Marco Antonio Fireman ressaltou que a escolha da UFRGS para sediar o CPDIM deu-se pela capacidade dos profissionais formados na instituição na área farmacêutica. Segundo, Fireman, em vários laboratórios visitados pelo Ministério sempre foram encontrados egressos da UFRGS trabalhando em pesquisa. A partir dessa constatação, o Ministério resolveu que a Universidade seria o melhor lugar para receber a instalação, que vai trabalhar com fármaco-químicos, enquanto Botucatu, no interior de São Paulo, ficará com uma unidade para tratar de medicamentos biológicos. Fireman chamou atenção para a quantidade de produtos de qualidade desenvolvidos nas universidades federais que estão atualmente na prateleira aguardando espaços como o CPDIM para que sejam testados e viabilizados como medicamentos.
Em seu pronunciamento, Oppermann reforçou o esforço da Universidade em buscar parcerias para promover a inovação e o empreendedorismo, tendo o Zenit como ferramenta para isso. Segundo o reitor, o Zenit procura ser um espaço de interação da pesquisa básica com a sociedade. “Temos grandes expectativas com essa iniciativa, para transpor as limitações do passado e mostrar que a Universidade, além de exportar cérebros, também pode exportar conhecimento que aqui é produzido”, comentou Oppermann dizendo que as universidades públicas têm função importante para o país e não podem ser ignoradas.