Saúde

É necessário realizar exames de rastreamento de câncer colorretal a partir de 45 anos?

De todos os tipos de câncer, o colorretal é considerado um dos mais curáveis e de fácil prevenção. Ainda assim, mais de 36 mil pessoas serão acometidas pela neoplasia no Brasil, de acordo com a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA), e é o terceiro tipo de câncer mais frequente entre homens e o segundo entre mulheres.
O Teste Imunoquímico Fecal (FIT) e a colonoscopia são os principais procedimentos utilizados como forma de rastrear esse tipo de câncer. O FIT detecta sangue oculto nas fezes de pacientes assintomáticos e serve como triagem para a colonoscopia, exame que permite a detecção de lesões pré-malignas e até mesmo a retirada destas lesões (pólipos). “A colonoscopia é um exame diagnóstico e também terapêutico. Se descoberta a presença de pólipos no intestino, o endoscopista pode, na mesma hora, eliminá-los, impedindo a evolução da doença”, afirma o Dr. Lix de Oliveira, presidente da Comissão de Prevenção de Câncer Colorretal da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED).

Ambos os testes são recomendados a partir dos 50 anos, para pessoas sem histórico de câncer na família. Porém, alguns estudos divulgados em periódicos americanos vêm mostrando a necessidade de revermos esta estratégia e talvez realizar esses exames a partir dos 45 anos. “A recomendação é feita pela Sociedade Americana de Câncer (ACS) e é baseada em evidências, porém não muito fortes. Pesquisas mostram um aumento da incidência de lesões pré-malígnas em pessoas mais jovens, principalmente no ocidente, então talvez possamos, no futuro, prevenir ainda mais cânceres avançados”, comenta Lix.

Após realizar uma revisão sistemática de diversos estudos sobre da prevenção do câncer colorretal, a Sociedade Americana do Câncer (ACS), lançou diretrizes que sugerem que, a partir dos 45 anos, o FIT seja realizado anualmente e a colonoscopia a cada 10 anos diretriz ainda não endossada por outras Sociedades Médicas como a Sociedade Americana de Endoscopia e Gastroenterologia (ASGE) “É importante lembrar que pessoas que possuem histórico familiar de câncer ou doenças pré-existentes, devem realizar os exames a partir dos 40 e com maior frequência”, salienta.

Enfim, no Brasil, onde não existe a prevenção, se conseguíssemos a aprovação de um Projeto Nacional de Prevenção de Câncer Colorretal Organizado a partir dos 50 anos, já seria excelente, afirma o especialista, mas no rastreamento oportunístico, no qual aproveitamos a presença do paciente nos nossos consultórios,  para indicarmos a prevenção de Câncer Colorretal, seja este atendimento realizado por qualquer especialidade médica, poderíamos indicar, já a partir dos 45anos a realização de colonoscopia, tendo como alternativa o FIT, diferente portanto de rastreamento populacional, onde o FIT deve ser indicado e no caso de resultado positivo, aí sim indicar a colonoscopia.

É sempre necessário, também, estar atento à saúde intestinal e a hábitos que são considerados fatores de risco para o desenvolvimento da neoplasia. “Obesidade, sedentarismo e até mesmo tabagismo podem desencadear lesões no intestino, mas mesmo assim a doença pode não apresentar sintomas. Os exames de prevenção acabam sendo a principal ferramenta no combate ao câncer colorretal”, conclui o endoscopista.

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