Alunos e professores do Laboratório de Conforto Ambiental (Laca) do curso de Arquitetura e Urbanismo do Campus da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Florianópolis, desenvolveram uma solução criativa, bonita, barata, de fácil aplicação e que pode ser copiada rapidamente, para um problema enfrentado por eles mesmos. Trata-se de quebra-sóis, conhecidos como brise-soleil, feitos a partir de dobraduras de papel. Normalmente esse tipo de dispositivo arquitetônico, que é utilizado para impedir a incidência direta de radiação solar nos interiores de edifícios, integram as fachadas das edificações. Na solução desenvolvida por Rafael Prado Cartana, professor Dr. e coordenador do Laca/Univali, e aplicada pelo grupo de alunos do laboratório, folhas de papel A3 foram dobradas no formato de um deltoide com lados iguais ou, simplesmente, como uma pipa vista de frente.
A peça é, no entanto, tridimensional, com uma área vazia no meio. Ela é completada por duas abas que se ligam no verso. É essa parte que vai presa por adesivo, até por conta da natureza do material, na parte interna dos vidros dos ambientes que se quer proteger. A dobradura é relativamente simples. Basta seguir os seguintes passos:
Para chegar ao resultado no laboratório exigiu-se o trabalho de uma grande equipe. São usadas aproximadamente 25 dobraduras por metro, dependendo da disposição.
Como a área é voltada para o lado Oeste, nas tardes de verão o Sol bate diretamente na sala do laboratório. Assim, por meio de modelagens e simulações computacionais o grupo calculou qual o efeito da aplicação dos modelos na janela do espaço. Além disso, foram realizadas medições de transmissão luminosa em um protótipo, antes da instalação definitiva dos brises propostos garantindo, assim, o bom desempenho da solução, combinando métodos analógicos e digitais no processo de projeto. Cartana conta que com a redução da entrada do Sol, diminuiu-se, também, a necessidade de uso do ar-condicionado, garantindo o apelo ecológico da iniciativa: ” Os elementos de controle solar, quando corretamente aplicados, podem contribuir significativamente com o conforto e a eficiência energética dos ambientes. No teste realizado no laboratório, o benefício foi além do conforto visual. Como o material utilizado garante a permeabilidade solar com um sombreamento translucido, adequamos a iluminação e melhoramos o desempenho térmico da sala nos horários da tarde”, resume.