Saúde

As lesões mais comuns no surfe e como prevenir

Quem surfa está propenso a condições agudas e crônicas de lesões durante a prática do esporte. As lesões ortopédicas do surfe mais comuns são entorses, distensões, luxações e fraturas, com uma taxa global de 3,5 lesões por mil dias de surfe.  As áreas mais comumente afetadas são a coluna lombar e cervical, ombro, joelho e tornozelo.

Para fraturas, a cabeça é o local mais comum, envolvendo principalmente o nariz e os dentes, apesar das fraturas de costela serem o segundo local mais comum. Fraturas crânio-espinhal são raras, mas temos uma preocupação especial por causa das consequências graves, incluindo paralisia e morte.

Existem três mecanismos comuns para lesões no surfe:
– Wipeout:  queda com contato com a superfície do fundo do mar. Pode ser trauma direto no recife, rocha ou areia, causando lesões e escoriações. O tipo e a extensão dependem da posição e contato da área do surfista. Lesões comuns incluem excesso de flexão da coluna lombar ou cervical; depressão com ombro forçado em flexão lateral contralateral da coluna cervical; desembarque na ponta do ombro, provocando trauma acrômio-clavicular, fratura da clavícula ou do ombro.

– Manobras aéreas: ao levantar-se em ondas rápidas e íngremes, o surfista  pode pousar com os pés fora do centro, colocando excessiva rotação ou força lateral através de joelhos ou tornozelos, levando a um entorse aguda, lesionando ligamentos e articulações das pernas.

– Uso excessivo/crônico: lesões do ombro, pescoço, costas e cotovelo são comuns e se relacionam com tempo prolongado de remada em uma prancha.

Prevenção
– Equipamento de proteção:
Usar o equipamento adequado pode ajudar a prevenir lesões.

1 – protetores de bico:  podem ser plásticos ou de borracha, montados na ponta dianteira da prancha para suavizar o golpe numa queda ou contato com o surfista.
2- capacetes: importantes em grandes ondas ou quando o surfista navegar sobre recifes.
3- leash maior: também pode ser muito útil na prevenção de lesões de contato com a prancha.

– Conhecimento das condições climáticas e específicos do surfe:
É importante conhecer onde a onda quebra, a direção das ondas, o vento, etc.

– Flexibilidade:
A flexibilidade de um surfista é muito importante para a prevenção de lesões. Alongar antes de saltar na água pode fazer uma grande diferença no desempenho e prevenção de lesões. Os principais locais que devem ser aquecidos e alongados são: extensão torácica da coluna posterior, manguito rotador, afastadores escapulares, peitoral, sistema miofascial do glúteo, flexão/extensão da coluna lombar, flexão do quadril, rotação do quadril, flexão dorsal do tornozelo.

– Condicionamento:
Surfar envolve grandes desafios para o equilíbrio, por isso o trabalho da estabilidade do núcleo (CORE) deve fazer parte do condicionamento através de exercícios funcionais. Exercícios de força da perna de cadeia fechada, como de cócoras, e trabalho de força superior do tronco para empurrar para fora da prancha são indispensáveis. Pliometria e agilidade são exercícios ideais e devem ser incluídos em um programa de progressão e evolução conforme o atleta melhora seu condicionamento.
As lesões agudas pedem repouso, gelo, compressão e elevação. Deve haver ênfase em devolver o completo movimento das articulações, como coluna, ombro, joelho e tornozelo. Um fisioterapeuta pode trabalhar com exercícios de reabilitação específicos para surfe e suas necessidades individuais. Procure um médico especialista em caso de lesões graves e crônicas.

Ana Paula Simões é Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia e Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.

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