Em parceria com o SESC-RS, por meio do projeto Arte Sesc, o Departamento de Difusão Cultural recebe em Porto Alegre uma parte do acervo da conceituada artista visual carioca Beatriz Milhazes, uma das principais figuras da Geração 80 do Rio de Janeiro. Formada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, a artista exibe seu repertório na exposição ‘Um Itinerário Gráfico’ Centro Cultural da UFRGS.
Da pintora, gravadora e ilustradora, serão apresentadas nove serigrafias realizadas entre 1996 e 2003, e o livro ‘Meu Bem’ (2008), que traz referências do Rio de Janeiro. Sua Obra é conhecida pela exuberância gráfica e cromática e também por conter contrastes e formas geométricas.
A abertura da exposição será às12h do dia 19 de fevereiro, com entrada franca, no Centro Cultural da UFRGS (Av. Eng. Luiz Englert, 333 – Campus Centro). A visitação ocorre até dia 30 de março.
Sobre a artista Beatriz Milhazes: Com a inesperada harmonia dos contrastes, nestas obras, variados motivos – ornamentos rebelados – negam repouso à visão. Nas gravuras de Beatriz Milhazes a imagem é estruturada pela intensa convivência de contrários. Sejam os livros de artista, as obras realizadas em espaços públicos ou as intervenções na arquitetura. Em cada trabalho, uma velada geometria vibra com a sempre surpreendente experiência da cor. Os matizes surgem com um esplendoroso repertório de padrões: flores, arabescos, rendas, alvos, fios de contas e listras tomados livremente de contextos distintos. Encontrados nas tradições artesanais, na decoração religiosa, nas embalagens de bombons, na moda ou nas linhas orgânicas da natureza, esses motivos díspares são levados a uma improvável e vertiginosa convivência. Renovam, assim, o tenso e sempre surpreendente encontro entre a cultura popular e a grande tradição da pintura modernista. Quando Milhazes inicia sua formação, na histórica retomada da pintura nos anos 80, a aproximação entre a rasa fluidez da imagem na cultura de massa e o solo denso da tradição só será possível, para ela, por um distanciamento calculado quanto a ambos. Observa a reinvenção da cor por Matisse e a estrutura espacial de Mondrian, assim como os cruzamentos entre a visualidade local e o modernismo europeu na obra emblemática de Tarsila do Amaral. Porém, o forte interesse pelo movimento, entendido como fluxo do olhar, e a sensibilidade para a curva (que busca o equilíbrio na ausência do repouso) encontram síntese na saturação e excesso do Barroco. Nas gravuras desenvolvidas na Durham Press, é clara a unidade entre cor e forma, aspecto crucial para a sua conquista de grande liberdade expressiva. Esta série abre caminho para as obras públicas, surgidas com o banner para a fachada do MoMA (NY, 2002) e, ainda, para outras frentes de trabalho, como a edição de seu mais recente livro de artista, Meu Bem. Produzidos entre 1996 e o presente, os trabalhos aqui reunidos apresentam uma singular poética da cor, que forjada sob o permanente desafio da pintura constitui um vigoroso pensamento gráfico. A obra gráfica de Milhazes é como uma pintura reinventada. Sua pesquisa plástica se move por meio de um pensamento em ação com um vivo diálogo entre a tradição modernista e a contemporaneidade. Aos estereótipos da beleza a artista responde com insólitos paraísos artificiais.