Saúde

Torção de ligamentos ao redor do dedão do pé 

Torcer o dedo do pé durante a prática esportiva é muito comum! Geralmente a entorse dos ligamentos ao redor do dedão do pé é muito dolorosa. Embora seja comumente associada aos jogadores de futebol que atuam em grama artificial, a lesão também afeta atletas de outros esportes. Esta condição pode surgir ao prender o dedão do pé, por flexões repetidas e até mesmo empurrando o dedão do pé com força ao correr e saltar.

Essa lesão ocorre ao redor da articulação do dedo grande, que funciona principalmente como uma dobradiça para permitir movimentos para cima e para baixo no pé. Logo atrás da grande articulação do dedão, na sola do pé, temos dois ossos em forma de ervilha embutidos no tendão, que ajudam na mobilidade. São chamados de sesamóides e funcionam como uma roldana para o tendão, constituindo uma alavanca quando caminhamos ou corremos. Eles também absorvem o peso do corpo.

Quando andamos, corremos ou sentamos, mantendo os dedos no chão, causando uma hiperextensão do dedo do pé, podemos gerar uma entorse nos ligamentos que cercam a articulação. A lesão poderá ocorrer dependendo da energia colocada, dos pés correndo de forma repetida ao longo do tempo ou da força súbita suficiente.

Normalmente, quando o dedo do pé fica preso, a lesão é súbita. Ela é mais comumente vista em atletas que jogam em superfícies artificiais, que são mais difíceis do que as superfícies de grama, onde grampos ou travas de chuteiras são mais propensos a prender. Também pode acontecer em uma superfície de grama, especialmente se o tênis usado não fornecer suporte adequado para o pé.

Os sintomas mais comuns incluem dor, inchaço e movimento articular limitado na base do dedão do pé. Os sintomas desenvolvem-se lenta e gradualmente, piorando com o tempo se a lesão for repetitiva. Se for causado por um movimento forte e súbito, a lesão pode ser dolorosa imediatamente e piorar em 24 horas. Às vezes, quando ocorre a lesão, um “estalo” pode ser sentido. Normalmente, todo o conjunto é envolvido, e o movimento do dedo do pé é limitado.

Para diagnosticar a lesão, o médico pedirá um relato de como o pé foi ferido. Ele pode questionar sobre a sua profissão, sua participação em esportes, o tipo de sapatos que você usa e seu histórico de problemas nos pés. O médico irá, em seguida, examinar o pé, observando o padrão e localização de qualquer inchaço e comparar o pé lesionado com o ileso.

Provavelmente ele irá pedir um raio-x para descartar qualquer outro dano ou fratura óssea. Em determinadas circunstâncias, o médico pode solicitar outros exames de imagem, para complementar e confirmar sua hipótese. O diagnóstico irá ser feito com base nos resultados dos testes de exames físicos e de imagem.

O tratamento básico para entorse do dedão é, inicialmente, uma combinação de repouso, gelo, compressão e elevação (RICE). Esta abordagem básica deve ser realizada até regredirem os sintomas, o que significa que o pé precisará estar descansado, e a articulação protegida contra novas lesões. O médico pode recomendar um anti-inflamatório, medicação oral para controlar a dor e reduzir a inflamação.

Para descansar o dedo do pé, o médico pode imobilizá-lo com uma fita ou cinta específica, evitando a sobrecarga e o stress na região. Outra maneira de proteger a articulação é imobilizar o pé em uma bota de gesso ou uma órtese curta especial que impede os movimentos. O médico também pode sugerir o uso de muletas, para que nenhum peso seja colocado sobre a articulação lesada. Em casos graves, de rupturas das estruturas de partes moles (ligamentos, tendões e cartilagem), um cirurgião ortopédico pode sugerir uma intervenção cirúrgica.

Normalmente leva duas a três semanas para a dor diminuir. Após a imobilização das extremidades comuns, alguns pacientes necessitam de fisioterapia, a fim de reestabelecer a amplitude de movimento, força e condicionamento do dedo ferido. Um dos objetivos do tratamento deve ser avaliar por que ocorreu a lesão para impedir que ela ocorra novamente.

Uma maneira de evitar a torção do dedão é usar calçados com melhor suporte para ajudar a manter a articulação do dedo de excessos de flexão e impacto. Você também pode considerar o uso de bandagens especialmente projetadas por seu médico ou fisioterapeuta.

Um fisioterapeuta ou especialista em medicina esportiva também pode trabalhar para corrigir quaisquer problemas em sua marcha e corrida que possam levar a lesões. Assim como pode desenvolver técnicas de treinamento para ajudar a reduzir a chance de lesão.

Ana Paula Simões é Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia e Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.

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