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43 mil pessoas no primeiro fim de semana da Feira do Livro de Caxias do Sul

As 38 bancas alcançaram a marca de 10,7 mil obras vendidas nos três primeiros dias

O bom tempo e as atrações culturais levaram mais de 43 mil pessoas à 35ª Feira do Livro de Caxias do Sul, na Praça Dante Alighieri, de sexta-feira a domingo (27 a 29/09). O número representa 6 mil pessoas a mais em comparação ao mesmo período da edição de 2018. Já foram vendidos 10.708 livros, contra 9.280 no ano passado. Os destaques do fim de semana ficaram para a expressiva participação de crianças no espetáculo “Alice”, do projeto Impulso, apresentado neste domingo no Teatro Pedro Parenti, com 300 pessoas. Outra novidade que chamou a atenção foi a oficina Role Playing Game (RPG) na Feira. Mais de 450 participantes lotaram a Biblioteca Pública Municipal.

Foto: Luciane Modena

O RPG consiste em reunir pessoas em uma mesa para contar uma história juntos, com um sistema de regras e personagens, compondo o mundo da história com dragões, gigantes e anjos, por exemplo. “Temos uma gama enorme de criaturas no jogo, que servem para povoar. Jogam um mestre e de três a cinco personagens. O mestre cria a história e os participantes desenvolvem os personagens, como guerreiros, magos, clérigos e ladinos. Juntos, eles criam a narrativa com desconcentração, aventura e luta”, resume Gilberto Michelin Júnior, publicitário e um dos organizadores do RPG na Feira.

Conforme Michelin, a participação massiva foi uma surpresa para todos. “Eu achei fantástica essa presença de tantas pessoas. Mesmo quando estavam esperando para jogar, perguntavam, assistiam às partidas, estavam atentos para escutar as explicações. Praticamente todos parabenizaram a iniciativa, disseram que voltarão no dia 06, quando faremos outra oficina. Foi muito acima do esperado. Contar uma história juntos tem tudo a ver com a Feira”, destaca.

Foto: Priscilla Panizzon

Livreiro há 20 anos, Fernando Meneguzzi percebeu uma diferença no público no primeiro fim de semana de Feira do Livro, com relação a edições anteriores. “Eles estão mais dispostos a comprar, mesmo sendo fim de mês. Acredito que o tempo aberto tenha sido muito convidativo para o público. A feira está bem distribuída na praça, com um espaço aberto, muito bom para nós também”, salienta. Meneguzzi trabalha junto à Paulus, livraria que está há 70 anos no mercado caxiense. “Temos que destacar a estrutura e organização feita pela prefeitura todos os anos”, completa. Tradicional sucesso de vendas, a Bíblia continua a obra mais procurada da banca, acompanhada, na sequência, por nomes como Augusto Cury e Mario Sérgio Cortella.

O casal de estudantes Thomas Willans e Carolina de Lima, ambos de 20 anos, aprovaram o passeio. “Estou gostando muito. Venho sempre, todos os anos. Comprei dois livros e, pela qualidade deles, o preço não está caro. Tudo está bem organizado e limpo. Desde que começou a feira, já vim três vezes. Pretendo vir ainda outras antes de terminar”, comenta Thomas. “A feira tem bastante variedade de livros. Tem alguns muito interessantes, que nunca tinha visto”, destaca Carolina, fã do livro “Chocolate”, de Joanne Harris.

Literatura e envelhecimento

Na tarde deste domingo (29), a mesa “Literatura e Envelhecimento” ocupou a Galeria de Arte Gerd Bornheim, com a participação do patrono Delcio Antonio Agliardi, a psicóloga, psicanalista e professora Luciane Bertuol de Moura e a jornalista, escritora e psicanalista em formação Adriana Antunes. Na ocasião, foram abordados o envelhecimento visto por escritores brasileiros, dados e reflexões sobre o envelhecer do ponto de vista coletivo e pessoal.

Foto: Luciane Modena

Dentro da temática, Delcio trouxe nomes da literatura brasileira que retratam nas suas obras o próprio processo de envelhecimento, tais como Lya Luft, Adélia Prado, Mirian Goldenberg e Mario Quintana. “Os grandes literários que passaram pela condição humana de envelhecer se viram diante da própria velhice como algo singular. Citando Adélia, destaco o trecho de um seus poemas: ‘Hoje estou velha como quero ficar. Sem nenhuma estridência’”, comentou.

Para Luciane, especialmente os poetas expressam o envelhecimento de forma esteticamente bela e sensível, apesar de ser um tema por vezes angustiante, por tratar de finitude, perdas e desamores. “Não existe um único processo de envelhecimento, são vários processos. É uma experiência única, subjetiva e transformadora. Temos, então, que dar conta disso de forma criativa. A leitura e a escrita podem contribuir”, pontuou.

Conforme Adriana, muitos escritores que obtiveram sucesso com as suas primeiras obras, com o passar do tempo, acabam por repetir a mesma “fórmula” em seus escritos, visto que já é aprovada pelos leitores, porém fazendo com que não se permitam ser criativos como eram no começo. “A criatividade nasce da falta, da insatisfação, da frustração. Sempre é tempo para criar”, acrescentou.

35ª Feira do Livro de Caxias do Sul

Atividades culturais ocuparão os dois palcos instalados na Praça Dante Alighieri (principal e infantojuvenil) e os espaços para leitura e sessões de autógrafos ao longo de toda a programação, que se estende até 13 de outubro. A Casa da Cultura, a Biblioteca Pública Municipal Dr. Demetrio Niederauer e o Teatro Pedro Parenti também receberão bate-papos e oficinas.

A 35ª Feira do Livro de Caxias do Sul ocorre em uma área coberta de aproximadamente 3,5 mil metros quadrados e tem 38 bancas de livreiros. A área geral tem funcionamento das 12h às 19h, de domingo a quinta-feira, e das 9h às 19h, nas sextas e sábados. A área infantojuvenil, por sua vez, funciona das 10h às 19h, de domingo a quinta-feira, e também das 9h às 19h às sextas e sábados.

A programação é inteiramente gratuita e pode ser consultada no site https://www.feiradolivrocaxias.com/. O evento pode ser acompanhado na fanpage Feira do Livro de Caxias do Sul e no instagram da Secretaria Municipal da Cultura (@culturacaxiasdosul) e da Prefeitura de Caxias do Sul (@prefcaxiasdosul).

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