Em alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no próximo domingo (08/03), a Emater/RS-Ascar está lançando a série Emater Mulher que, a partir desta quinta-feira (5) até a próxima semana, apresentará histórias de protagonismo feminino no meio rural.
Pode parecer uma simples coincidência, mas não é: o mundo está mudando e cada vez mais as mulheres têm tido protagonismo em atividades e espaços que antes eram destinados apenas aos homens, e no meio rural não é diferente. Se antigamente o papel delas no campo era o de cuidar da casa, das atividades domésticas, do almoço, da janta e dos filhos, além de auxiliar na roça, hoje elas participam das decisões. Têm poder de escolha, renda própria, qualidade de vida, situação que pode ser percebida em diversos municípios, como em Colinas, no Vale do Taquari.
No município, a maioria das agroindústrias familiares é liderada por mulheres. São produtoras rurais que materializaram o sonho do próprio empreendimento, o que garante autonomia. Não é por acaso que a agricultora Lourdes Scharb, da localidade de Linha Leopoldina, brinca, quando é perguntada sobre a participação do marido na agroindústria que leva seu nome: “no meu negócio mando eu”, sorri. Trata-se de uma pequena indústria de compotas e geleias caseiras, que deverá ser inaugurada ainda neste mês.
A opinião de Lourdes é compartilhada pela de Maria Irena Gattermann, da localidade de Roncadorzinho. Responsável direta pela agroindústria familiar Panela de Ferro, produz biscoitos (sete tipos), pães e cucas, comercializados todos os sábados na feira local. “Aliás, a própria participação em feiras e em outros espaços públicos, socializando, conhecendo outras pessoas, trocando experiências, é um exemplo do tipo de avanço alcançado quando a mulher rural sai da propriedade”, avalia a extensionista da Emater/RS-Ascar de Colinas, Lídia Dhein.
Para a extensionista, não é por acaso que, atualmente, o Conselho Municipal da Agricultura é formado em sua maioria por mulheres. Hoje, em Colinas, há vereadoras, secretárias e uma vice-prefeita, a Regina Sulzbach. “Nesse sentido, acredito que a mulher tem mais flexibilidade e até mais sensibilidade na hora de discutir os temas relevantes para a comunidade”, pondera Lourdes.
Responsável pela área de agroindústria familiar da Emater/RS-Ascar, o extensionista Alano Tonin salienta que mais de 60% dos empreendimentos rurais são liderados por mulheres. “Não se trata apenas de produzir alimentos, mas também de participar de políticas públicas, nas mais variadas esferas”, observa, mencionando programas como o Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o de Aquisição de Alimentos (PAA), além do próprio apoio por meio do serviço de Extensão Rural, que é realizado em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). Para Irena, a questão não está em romper com os homens e sim trabalhar para que a independência, a individualidade e o espaço do cada um seja respeitado. “Eu sou casada há 44 anos e é o apoio mútuo que faz com que as coisas funcionem”, finaliza.