O Centro de Biotecnologia da UFRGS (CBiot) montou uma rede de colaboradores, envolvendo o Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS/UFRGS) e as empresas Amplicon e QuatroG, para montar um teste molecular RT-PCR, utilizado para detecção do novo coronavírus, com insumos produzidos localmente. O teste funcionou para o controle positivo do vírus, e os pesquisadores estão avaliando sensibilidade e especificidade para poder validá-lo. Esta alternativa poderá ser necessária caso a demanda por testes aumente em todo o mundo e laboratórios enfrentem a escassez de insumos devido à dependência de importação e à dificuldade de acesso aos testes formais que estão no mercado.
Para a realização do teste, o CBiot está envolvido na produção de um dos insumos necessários, a transcriptase reversa, enzima que está mais em falta no mercado e que é utilizada na primeira etapa do processo: a transformação do RNA do vírus em DNA complementar. O insumo em produção na UFRGS está nos testes finais e poderá ser utilizado em testes moleculares ainda nesta semana. Com a opção alternativa, novos testes poderão ser realizados caso os kits oficiais oferecidos pelos governos cheguem a faltar. E a produção da enzima pode ser ampliada gradualmente.
O diretor do CBiot, Guido Lenz, destaca a necessidade do apoio à ciência nacional, pois, segundo ele, uma situação crítica como a da pandemia atual pode ser comparada à necessidade de um período de guerra. “Em um momento de ‘guerra’, é preciso produzir seus próprios armamentos”, compara. Desse modo, Lenz destaca o funcionamento de um centro de biotecnologia, como o CBiot, e o investimento contínuo em ciência como ações essenciais para um momento crítico como o da pandemia atual.