Vigilância em Saúde reforça fiscalização em casas de idosos em Pelotas

Instituições de atendimento precisam apresentar plano de contingência para prevenção, monitoramento e controle da Covid-19

A visita, de parentes ou pessoas da comunidade dispostas a dar atenção para quem vive nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) de Pelotas, não foi a única atividade modificada pela pandemia. A rotina de monitorar a forma de funcionamento e, principalmente, as regras de higiene e cuidados com a saúde dos cerca de 1,1 mil idosos que residem nas 55 ILPIs da cidade, ganhou novas atribuições. Desde o a primeira quinzena de março, os técnicos da Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde (SMS) trabalham em conformidade com as novas protocolos da Prefeitura.

Segundo a assistente social e fiscal sanitária, Beatriz Sedrez, a primeira medida adotada pela Vigilância em Saúde do Município foi manter os responsáveis, pelas casas, atualizados sobre as portarias que estão conduzindo as ações de prevenção e controle de casos de Covid-19 nessas instituições.

“Criamos um grupo de trabalho em um aplicativo de mensagens instantâneas e, entre as nossas deliberações, está o cuidado com a notificação de possíveis casos de síndromes gripais nas instituições. Se algum registro for feito, a ILPI já está orientada a realizar o isolamento desse paciente”, informa Beatriz.

Até o momento, três pessoas apresentaram sinais de gripe: um idoso precisou fazer o teste para Covid-19 em laboratório da rede privada e ainda aguarda resultado.

Utilização de EPIs

Entre as exigências vistoriadas pelos fiscais da Vigilância em Saúde está o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) pelos funcionários das instituições. Máscaras, incluindo a face shield – capaz de proteger todo o rosto –, luvas e roupas específicas ao trato com os idosos se tornaram acessórios indispensáveis no dia-a-dia. Os próprios fiscais têm mantido um cronograma de comparecimento a uma única casa por dia, como forma de evitar a circulação de pessoas nesses locais.

Na Casa do Idoso, lar mantido pela Prefeitura, o EPI foi agregado ao uniforme do local, assim como o hábito de trocar a roupa ao chegar ao trabalho para só depois realizar o atendimento dos 16 moradores. “O procedimento de vestir o equipamento de proteção e permanecer com ele, durante todo o período de trabalho, já faz parte da nossa rotina, assim como a utilização e a disponibilização do álcool gel. No começo, até o idosos estranharam, mas agora entendem que é para garantir a saúde de todos”, conta a coordenadora da Casa, Miriam Pereira.

Contingenciamento

Também está na mira da Vigilância em Saúde, a criação e execução de um Plano de Contingência para prevenção, monitoramento e controle da transmissão do vírus causador da Covid-19 nas Instituições de Longa Permanência de Idosos. A providência, prevista na portaria número 352 da Secretaria Estadual da Saúde pretende ter um raio-x das casas, solicitando desde a identificação dos moradores e funcionários, a criação de protocolos – com relatório de execução dos mesmos – de higiene, desinfecção, entrada e saída de pessoas, até as determinações que os gestores instituirão, em caso de confirmação da infecção pelo Sars-COV-2.

“As ILPIs de Pelotas já haviam criado um Plano de Contigência devido a uma portaria anterior a atual e, nesse momento, estão readequando para as novas exigências. A Vigilância tem o papel de auxiliar para que as instituições cumpram com o que está descrito nesse documento; atualmente, nossas ações têm se focado em orientação e advertência verbal”, explica Beatriz.

Em caso de não cumprimento das portarias estaduais e das normas determinadas pela Anvisa para o funcionamento das ILPIs, os proprietários das casas podem ser autuados, com abertura de um processo sanitário: se houver reincidência, existe o risco de interdição do local, além de multa inicial no valor de R$ 2 mil.

Restrições das visitas

Outra medida adotada para impedir registros da enfermidade é a restrição das visitas. “As casas, no geral, continuam com as visitas suspensas, mesmo com a flexibilização do governo estadual no último decreto. Há também um interesse dos responsáveis por esses locais para que não ocorra contaminação, então distanciamento social tem se mantido em Pelotas”, lembra a fiscal sanitária da SMS.

No Asilo dos Mendigos, uma das maiores ILPIs de Pelotas, as visitas estão proibidas. De acordo com a responsável técnica, Anna Casalinho, a instituição, que hoje abriga 84 idosos, esse é um modo de prevenir a doença. “Nenhum caso de síndrome gripal foi registrado até agora; acreditamos que seja pelo distanciamento, realmente, controlado que adotamos com os nossos idosos”, informa.

Contatos por vídeo

Para minimizar a falta de contato com os familiares, o Asilo disponibilizou um celular para videochamadas, além de permitir que alguns idosos vejam parentes, através das janelas do prédio, que permanecem na calçada em distância segura.

Funcionários vão às compras em supermercados e farmácias, enquanto familiares e amigos deixam as encomendas na recepção da instituição, e serviços de tele-entrega auxiliam o abastecimento. “Parece rigoroso, no entanto, é uma forma de prevenção que está dando certo. Em outras palavras, trata-se da proteção dos nossos idosos”, conclui Anna.

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