EducaçãoRio Grande do Sul

Carlos Bulhões defende diálogo e aproximação com a sociedade na gestão da UFRGS

Próximo reitor defende o protagonismo da universidade, com uma educação pública, gratuita, autônoma e de qualidade

Uma reitoria de portas abertas, com amplo espaço para o diálogo e aproximação com a sociedade, atuando por uma educação pública, gratuita e de qualidade. Foi assim que o próximo reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), professor Carlos André Bulhões, definiu o seu mandato para os próximos quatro anos. Em coletiva de imprensa virtual nesta quinta-feira (17), Bulhões explicou que, após a nomeação, a primeira pessoa que procurou foi o reitor Rui Oppermann, como forma de respeito ao trabalho que vem sendo feito.

“Fizemos um esforço grande, ao longo do dia de ontem (quarta-feira), para conversar com o reitor. Ele nos passou a informação de que quem fará a transição será o chefe de gabinete, professor João Roberto Braga de Mello. Mesmo assim, seguimos à disposição, abertos para um diálogo franco e respeitoso com o reitor Oppermann, para uma transição gradual, tranquila e sem nenhuma quebra”, disse.

De acordo com Bulhões, a nova gestão terá um grande desafio no pós-pandemia, cujos efeitos já são sentidos pela sociedade. “Temos um ambiente de redução de atividade econômica, de desemprego e todas as questões sociais inerentes a isso, tornando mais difícil o acesso à verba pública”, destacou o novo reitor, ressaltando que, além dos recursos próprios, a universidade buscará a captação de outras fontes. Uma das propostas é a criação de uma Pró-Reitoria de Inovação e Relação Institucional.

Para Bulhões, a UFRGS tem de contribuir de forma mais efetiva para o enfrentamento dos grandes dilemas do Estado, propondo soluções através dos seus núcleos de conhecimento e de mais proximidade da sociedade. “A UFRGS, que sempre foi vista como um patrimônio e uma referência na sociedade, infelizmente tem perdido espaço na lembrança dos gaúchos. O conflito de lados gera uma percepção errada da nossa universidade. Queremos que a UFRGS seja mais consultada por sua excelência acadêmica, principalmente nesse momento pós-pandemia. Queremos nos unir nesse contexto, porque temos talentos e condição para oferecer soluções”, completou.

Abertura permanente

Outro ponto de atenção será o da promoção de uma “verdadeira inclusão pedagógica”. Hoje, observou, há uma luta legítima pela inclusão na universidade, mas os índices de evasão e repetência são muito elevados. “No vestibular, vemos aquele olhar de esperança dos alunos, das famílias, de entrar na UFRGS – um sonho materializado na formatura. No momento em que temos taxas de 47% de evasão, essa esperança se quebra”, enfatizou.

Bulhões reforçou a necessidade de diálogo permanente — seja com servidores, com estudantes, com professores e com toda a sociedade —, além de propor um conselho de ex-reitores para que a instituição entre em um novo momento. “Não temos nenhuma restrição a dialogar com ninguém. Este não é um espaço para emular sentimentos de antipatia da sociedade. Estamos abertos a falar com todas as entidades e setores”, ressaltou.

O novo reitor também reiterou a importância da revisão do Estatuto da UFRGS, para atualizar as normas e corrigir itens que já caducaram. Bulhões afirmou ainda a necessidade de reavaliar pontos do Plano de Desenvolvimento Institucional 2016-2026 da universidade. “A realidade da covid-19 e o pós-pandemia impõem isso”, disse, reforçando que as iniciativas serão feitas de forma organizada no decorrer dos próximos meses.

Bulhões disse ainda que a escolha do seu nome é fruto de um processo legítimo de consulta à comunidade acadêmica. “As três candidaturas tinham a mesma legitimidade, condições técnicas e trajetória para serem escolhidas pelo presidente da República. Tanto é assim que todos os seis candidatos assinaram uma declaração de investidura do cargo, manifestando que aceitariam assumir a reitoria.”

“Acredito que a minha trajetória acadêmica e preparo tenham contribuído para a escolha do meu nome na lista tríplice encaminhada após a consulta à universidade. Como disse antes: as três candidaturas estavam aptas e com serviços prestados, então todos tinham legitimidade”, completou.

Patricia Pranke e Carlos Bulhões – Foto: Karine Viana

Perfil

Carlos Bulhões é professor titular e diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, com 36 anos dedicados à docência. Engenheiro civil, doutor em Planejamento de Recursos Hídricos e pós-doutor em Planejamento Ambiental, atuou na perícia do rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais. É diretor do Sindicato dos Engenheiros do RS (Senge) e foi conselheiro titular do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA/RS)

A próxima vice-reitora é Patricia Pranke. Renomada pesquisadora da área de células-tronco, é professora titular da Faculdade de Farmácia e do programa de pós-graduação em Ciências Biológicas – Fisiologia da UFRGS. Possui mestrado em Ciências Médicas, doutorado em Genética e Biologia Molecular e pós-doutorado na área de nanotecnologia, engenharia de tecidos e medicina regenerativa.

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