Rio Grande do Sul

USP instala sismógrafos em Gramado para monitorar tremores de terra

Os futuros tremores de terra que ocorrerem em Gramado serão registrados por dois sismógrafos instalados pela Universidade de São Paulo (USP), no município. Pesquisadores do Centro de Sismologia da universidade vieram à Serra para efetuarem reparos no equipamento existente em Canela, e aproveitaram para instalar dois também em Gramado.

O engenheiro de rede e especialista em estrutura sismológica, Jackson Calhau, e o engenheiro eletricista, Daniel Rosa, integram o principal projeto de pesquisa sismográfica do país – Rede Sismográfica Brasileira. A RSBr é responsável por monitorar a sismicidade do território nacional e gerar informações que suportem a investigação da estrutura interna da terra por intermédio da implantação e manutenção de estações sismográficas.

Esse projeto de pesquisa nacional é uma parceria entre a USP, o Observatório Nacional do Rio de Janeiro, a Universidade de Brasília e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. “Nosso principal projeto hoje é a rede sismográfica brasileira. Ela monitora os tremores no Brasil e também na América do Sul. São quase 100 estações hoje, entre elas a de Canela e agora as duas de Gramado.”

As duas estações sismográficas de Gramado foram instaladas com o objetivo de tentar entender o que está acontecendo. Os pesquisadores da USP entendem que os equipamentos devem ser mantidos por um ano ou mais, tempo suficiente para captar os futuros tremores e traçar um diagnóstico. Estes equipamentos captarão eventuais tremores e, pelo cruzamento de dados com outros eventos sismográficos, poderão identificar a magnitude e origem (epicentro) dos abalos.

O trabalho foi acompanhado pelo geólogo da Prefeitura de Gramado, Paulo Stahnke. Segundo ele, as estações foram instaladas de forma a “cercar” o bairro Piratini, local de maior incidência de tremores entre os dias 21 de agosto e 8 de setembro. “Os equipamentos já estão operando e qualquer ocorrência sísmica a partir de agora os equipamentos vão registrar em tempo real e encaminhar imediatamente para a USP. Lá, um técnico receberá as informações, vai analisar e publicar o resultado no site do Centro de Sismografia da USP”, informa Paulo Stahnke.

Tremores são frequentes no Brasil

Pequenos tremores de terra, como os que têm sido sentidos em Gramado desde final de agosto, são relativamente frequentes no Brasil. Os tremores de Gramado, sentidos principalmente no bairro Piratini, não ultrapassaram até hoje magnitude 2 na escala Richter. Tremores pequenos assim ocorrem todas as semanas em alguma parte do Brasil.

Segundo os técnicos da USP, os tremores de terra no Brasil, embora ocorrendo com menor frequência e menores magnitudes do que em países sísmicos como na região Andina, são também causados por pressões geológicas naturais presentes na crosta terrestre. No Brasil, algumas regiões têm mais tremores do que outras. O Rio Grande do Sul é um dos Estados com atividade sísmica bem menor do que a média brasileira.

Tremores de terra são imprevisíveis. Não é possível prever como os tremores de terra em Gramado, sentidos principalmente entre 21/08 e 08/09/2020, vão evoluir. Podem não mais ocorrer, mas podem também recomeçar e até aumentar de frequência e magnitude.

Altas tensões geológicas

A grande maioria dos tremores de terra no Brasil ocorre devido as altas tensões geológicas na crosta superior causando deslocamentos centimétricos em pequenas falhas ou fraturas a poucos km de profundidade. Estas pequenas fraturas ou falhas raramente podem ser identificadas com mapeamentos de superfície. Esses tremores, ditos naturais, podem durar poucos dias, semanas ou meses. Na maior parte dos casos, a sequência de tremores dura poucos dias. Em alguns casos excepcionais (como nos Estados do Rio Grande do Norte e Ceará) a sequência de tremores pode durar vários anos alternando períodos de maior atividade com períodos de “calmaria”.

Como ajudar na pesquisa

Além de esclarecer a causa e origem dos tremores que tem ocorrido em Gramado, as informações captadas pelas três estações sismográficas (uma em Canela e duas em Gramado) devem contribuir para a pesquisa que está sendo desenvolvida pela USP, Observatório Nacional do Rio de Janeiro, Universidade de Brasília e Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

A população pode ajudar nesta pesquisa informando a ocorrência de tremores pela ferramenta Sentiu Aí, no site sismo.iag.usp.br. As informações também podem ser repassadas nas redes sociais (@sismousp).

Outra forma de contribuir para o monitoramento dos casos é informar a Defesa Civil sobre a ocorrência de tremores, indicando o horário e o local. O fato pode ser informado pelo WhatsApp (54) 99629-6160.

Esforço conjunto

A instalação de duas estações sismográficas em Gramado foram informadas à Prefeitura de Gramado na tarde de sexta-feira. A iniciativa do Centro de Sismografia da USP é resultado dos contatos da Prefeitura de Gramado e de professores da UFRGS e UFPel que estiveram em Gramado na semana passada. Os contatos com a USP resultaram nesta decisão do Centro de Sismologia da instituição de incluir o município em seus estudos.

“A instalação dos sismógrafo tem dois objetivos: o primeiro é tentar explicar os acontecimentos que sucederam aqui na nossa cidade e o segundo é prevenir para que a gente esteja preparado para qualquer incidente ou intercorrência no movimento destas placas”, afirmou o prefeito Fedoca Bertolucci, destacando que o diagnóstico vai proporcionar mais segurança nas ações da administração municipal.

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