Novo Hamburgo se prepara para ser palco de obras cinematográficas nacionais. Três projetos foram contemplados, e estão aptos, para a gravação de longas-metragens na cidade: Sob o Signo do Medo (da Accorde Filmes Ltda), Colecionário (da Fantaspoa Produções Artísticas e Culturais Ltda ME), e Espiral (da Convergência Produtora – Leonardo Vieira Peixoto ME). “Nossa cidade tem cenários maravilhosos e esta parceria com a Agência Nacional do Cinema (Ancine) está fomentando um polo cultural que ainda tem muito a ser explorado. Estamos com grandes expectativas quanto aos filmes a serem rodados aqui”, destaca a prefeita Fátima Daudt, enfatizando que a iniciativa traz benefícios culturais e econômicos para o município. “De forma direta ou indireta, Novo Hamburgo estará presente em cada produção, e isso é ótimo para nossa economia e também um enorme fomento para o setor cultural na cidade e região”, completa a prefeita.
Sob o Signo do Medo é ambientado nos anos 1970 e conta a história de Gabriel e Helena, um casal de hamburguenses que, fugindo da repressão da ditadura militar brasileira, refugiam-se em Santiago, no Chile, até 11 de setembro de 1973, quando a democracia chilena sofre um golpe militar mobilizado pelas tropas de Augusto Pinochet. Inspirado em relatos reais, o filme trata sobre a necessidade de tolerância, a luta pela liberdade em todos os seus sentidos e sobre a transformação do ser humano em tempos de medo e confinamento – após o golpe militar de Pinochet e o assassinato de Salvador Allende, centenas de pessoas que estiveram isoladas na Embaixada da Argentina na capital chilena. Além de Novo Hamburgo, a obra também é ambientada nas cidades de Porto Alegre e Brasília.
Outra produção que acontecerá aqui no município, é uma realização da Fantaspoa Produções Artísticas e Culturais. Escrito e dirigido por Kapel Furman, Colecionário conta a história de dois socorristas – Victor Alles e Demian Kline – que descobrem um tesouro em um antigo porão, em um casarão construído no Século XIX, no bairro Boa Vista, em Novo Hamburgo. Ao atender um chamado de emergência nesta casa, eles acidentalmente ativam um portal dimensional, trazendo à vida a criatura conhecida como O Colecionador – um ser com poderes eletromagnéticos que fará de tudo para recuperar as joias que o permitem viajar entre dimensões.
Para o representante da Accorde Filmes e roteirista de Sob o Signo do Medo, Paulo Nascimento, um edital com verbas públicas de incentivo à cadeia produtiva do audiovisual. “Representa uma possibilidade que não tínhamos antes na nossa história porque, ao longo dos anos, estamos produzindo sempre enfrentando uma batalha diária na busca de financiamento para os filmes. Esse edital, local, foi algo que veio para dar um alento em meio a tanta dificuldade que estamos vivendo no nosso setor”, explica. “Novo Hamburgo já tem sido um local que buscamos para nossas produções. As condições são excelentes em termos de ter várias possibilidades de locações e um apoio que sempre veio da Prefeitura para estas produções que já fizemos. Agora, será ainda mais produtivo, pois estaremos no centro, no foco da produção. Acredito que mais de 80% do filme se passe em Novo Hamburgo e tenho certeza de que teremos ainda mais apoio para essa nova realização”, acrescenta Nascimento.
Enquanto Sob o Signo do Medo consolida o portfólio da Accorde Filmes, que está no mercado audiovisual como produtora cinematográfica desde 2002 e é responsável pela produção de 12% dos filmes gaúchos exibidos em salas de cinema desde 1995 – conforme dados do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA) –, Espiral marca a estreia da Convergência Produtora enquanto produtora de longas-metragens. Fundada por Leonardo Vieira Peixoto em 2014, na cidade de Novo Hamburgo, a produção de Espiral acontecerá em uma parceria da Convergência com as coprodutoras Bactéria Filmes e Sala Filmes, ambas de Porto Alegre.
Espiral traz para a tela, um relato singelo das dores e alegrias de uma família cujas histórias de vida são sincrônicas com a ascensão e o declínio da indústria calçadista da cidade de Novo Hamburgo. Na trama, um casal de classe média decide investir na própria empresa, encontram um sócio, a família começa a crescer. As situações familiares parecem se repetir em ciclos, mas o contexto sempre se expande conduzido pelos destinos da cidade, do mercado calçadista ou pelas escolhas de cada membro da família. Espiral conta a trajetória dessa família estabelecendo paralelos entre acontecimentos parecidos no contexto familiar, através de montagem paralela e por vezes fundindo tempo e espaço na tela.
O diretor e roteirista de Espiral, e responsável pela estreante Convergência Produtora, Leonardo Vieira Peixoto, reforça a iniciativa. “Esse edital da Ancine é um marco para a produção audiovisual em Novo Hamburgo porque pode dar experiência para os profissionais daqui, apresentando a cidade para várias produtoras e artistas diferentes, que poderão passar a produzir aqui. É importante pensar na continuidade desta política, dando sequência neste pontapé inicial, com importância tanto para a indústria audiovisual quanto para a economia da cidade como um todo, pois o audiovisual movimenta o dinheiro em diversos setores da cidade, incentivando o turismo”, explica Peixoto. O diretor e roteirista também destaca que este edital representa um salto para a sua empresa, deixando de ser uma prestadora de serviços de audiovisual e consolidando-se como “produtora de outro tamanho”. “Uma empresa que produz filmes e vende filmes. Será um marco para a minha carreira e a minha empresa”, finaliza.
Ressaltamos que os projetos são resultados do Edital de Chamamento Público Cultural n°12/2020, com parceria entre a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e a Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo (PMNH), por meio Secretaria Municipal da Cultura (Secult). Os filmes rodados serão realizados a partir da complementação de recursos pelo Fundo Setorial Audiovisual (FSA) e pelo Regulamento Geral do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Audiovisual Brasileiro – PRODAV.
“O resultado do edital é também o ponto alto da política audiovisual desenvolvida nos últimos quatro anos em Novo Hamburgo. Teremos dezenas de iniciativas que transformarão a cidade na principal locação para produção do setor no Rio Grande do Sul. Serão três longas, cinco curtas e dez pilotos de série sendo rodadas nas ruas hamburguenses. É uma conquista significativa”, comemora o secretário da Cultura de Novo Hamburgo, Ralfe Cardoso.