O consumo per capita de produtos siderúrgicos costuma ser um indicador importante para medir a evolução do PIB e o nível de investimento de um país. “Aço e PIB andam juntos”, afirmou o vice-presidente Executivo do Conselho de Administração da Gerdau, André Bier Gerdau Johannpeter durante sua palestra na reunião-almoço virtual da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias), quando se debateu sobre a indústria do aço no Brasil.
De acordo com André Gerdau Johannpeter, em 1980, o Brasil consumia 100 quilos por habitante, enquanto a China consumia 32 quilos per capita, o Chile, 52 quilos, e o México, 115. Passados 40 anos, a comparação com os mesmos países mostra que, no Brasil, houve uma queda no consumo de aço para 99 quilos por habitante, enquanto na China cresceu para 632 quilos, no Chile para 139 quilos e no México, para 190 quilos. Segundo o empresário, o PIB está diretamente correlacionado com o negócio do aço, e o Brasil deveria chegar a no mínimo 300 quilos per capita de consumo para realmente alcançar um desenvolvimento mais sustentável. “É um dado que, ao mesmo tempo que é ruim, porque o Brasil não aumentou seu consumo, é também uma oportunidade. Sempre otimista, acho que o Brasil vai crescer e vai aumentar esse consumo”, afirmou.
André Gerdau Johannpeter também apresentou dados que mostram as estimativas da indústria do aço para este ano. Ressaltou que o consumo deve ir a quase 22 milhões de toneladas em 2021, um crescimento de 5,8% sobre o ano anterior. No ano passado, mesmo com a pandemia, o consumo de aço cresceu 1,2% no País. Um crescimento pequeno, segundo ele, mas não desprezível, já que, em todo o mundo, somente três países – China, Turquia e Brasil – tiveram crescimento no consumo de aço, mostrando que o País está retomando a economia. O recorde no Brasil havia sido em 2013, quando o País consumiu 28 milhões de toneladas. “Já estamos perto de 22 milhões para este ano, então temos um longo caminho para retomar este consumo”, acrescentou.
Para André Gerdau Johannpeter, é importante que o Brasil avance mais rápido nas reformas e consiga crescer de forma sustentável. Além disso, afirmou que o Brasil tem investido muito pouco em infraestrutura. Para dar o salto, o grande consumo de aço tem que ser na infraestrutura. Por isso que o Brasil, nos últimos 40 anos, não sai desses 100 quilos por habitante, porque faltam grandes investimentos em infraestrutura”, ponderou o empresário. Além do avanço nas reformas, as Parcerias Público-privadas e os programas de privatizações e concessões devem gerar consumo e desenvolvimento.
Em relação à falta de matérias-primas, André Gerdau Johannpeter explicou que a cadeia começou a se desabastecer a partir de abril do ano passado quando, com a pandemia, as usinas paralisaram suas operações por cerca de um mês. Este impacto, somado ao tempo necessário de quatro a seis meses para a retomada dos fornos, é que está gerando a demora na entrega, afetando várias cadeias produtivas. “Ainda estamos nesse processo de adequação entre demanda e oferta, em que os prazos estão mais longos, mas causado por este momento em que se parou, não se comprou e as cadeias se desabasteceram.
Já a questão dos preços foi determinada pelo dólar, pela alta das commodities no mundo todo e pela queda de aproximadamente 40% das exportações brasileiras. Em todos os países têm um fenômeno muito parecido, disse André Gerdau.
O presidente da CIC Caxias, Ivanir Gasparin, em sua fala de abertura, enfatizou que, no caso do aço, não só a falta da matéria-prima, mas também a elevação dos preços, impactaram a indústria de Caxias do Sul e Região, que é muito fortemente baseado na indústria metalmecânica. “Somos o segundo maior polo metalmecânico do País”, lembrou. Para Gasparin, a falta de insumos para a indústria ocasionou redução na atividade econômica, mas também demonstra que há uma substancial substituição de insumos importados por nacionais.
120 anos
Coincidentemente, Gerdau e CIC Caxias completam 120 anos em 2021, e André Gerdau Johannpeter lembrou a trajetória da empresa desde o seu surgimento, como uma pequena fábrica de pregos, em Porto Alegre, fundada pelo seu bisavô Hugo Gerdau, até ser considerada uma das principais fornecedoras de aços longos das Américas e de aços especiais no mundo.
Presente em 10 países nas Américas e com unidades operacionais e comerciais nos Estados Unidos e Inglaterra, a Gerdau recentemente criou a Gerdau Next, que surge com o objetivo de diversificar o portfólio de negócios. “Vamos buscar novas avenidas de crescimento”, definiu. A Gerdau Next tem foco na produtividade do setor de construção, desenvolvimento em logística e infraestrutura, oportunidades em sucata e metálicos, projetos de energias renováveis, materiais avançados e novas tecnologias, como grafeno, e soluções digitais disruptivas.