O Rio Grande do Sul estima ter a maior produção das culturas de inverno, chegando a 3,7 milhões de toneladas de trigo, cevada, canola e aveia branca. A projeção foi apresentada nesta quarta-feira (23) pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), em uma entrevista coletiva transmitida em seu perfil no Facebook e canal do YouTube.
“Essa boa expectativa se deve a estarmos vindo de uma supersafra de verão, que trouxe uma capitalização importante para nossos agricultores, para nossos pecuaristas, para o produtor rural como um todo. A previsão de uma safra de inverno robusta e de uma condição climática positiva para os próximos meses leva em consideração não só a capitalização, mas também o ânimo dos agricultores com esses recursos da safra de verão. Também os preços num patamar bom e elevado, a tecnologia que vem chegando ao longo dos anos, o acesso à assistência técnica, todo o planejamento e profissionalismo são responsáveis por essa estimativa de uma supersafra de inverno”, comemorou o presidente da Emater/RS, Geraldo Sandri.
Os dados foram apresentados pelo diretor técnico da instituição, Alencar Rugeri, que apresentou as estimativas dos principais grãos de inverno, que serão cultivados em 1,49 milhão de hectares, totalizando a maior produção dos últimos anos, cuja previsão é de 3,7 milhões de toneladas, o que significa um aumento de 10,8% em área e de 32,5% em produção, comparado ao ano anterior.
“A expectativa é de termos a maior safra já colhida em termos de grãos. Esse é um cenário extremamente interessante para o Estado e esperamos que se consolide ainda mais com as tendências climáticas positivas, sem nenhum percalço até o momento, e porque nosso produtor vem capitalizado, vem com a possibilidade e a tendência de ter uma boa remuneração dessas culturas de inverno. Isso leva a crer que deveremos ter uma grande safra de inverno, quiçá a melhor safra da história”, afirmou Rugeri.
Trigo
Principal produto da estação, o trigo deverá ter uma produção de 2,89 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 37,81% em relação ao ano passado, que foi de 2,1 milhões de toneladas. Cultivado numa área de 1,08 milhão hectares, 13,29% a mais do que na safra passada, que foi de 953,8 mil hectares, o grão apresenta tendência de produtividade média de 2,6 toneladas/ hectare, 21,6% a mais do que a média da safra anterior, que foi de 2,2 toneladas/ hectare. Concentrado nas regiões de Ijuí (303,4 mil hectares), Santa Rosa (259,6 mil hectares) e Frederico Westphalen (135,3 mil hectares), chama a atenção o trigo ter aumentado 104,9% na área a ser cultivada na região de Pelotas, passando de 4,8 mil hectares na safra passada para 9,9 mil hectares nesta.
“Esse aumento expressivo na região de Pelotas e de forma geral em todo o Estado se deve à possibilidade do tripé planejamento, gestão e profissionalismo – no qual os agricultores, adotando isso, entendem a atividade agrícola como um sistema de produção – e à necessidade de se ter o solo sendo utilizado o ano inteiro, dando uma melhor utilização às máquinas, principalmente motivado por uma boa safra de verão, que possibilitou a tranquilidade maior para fazer a implantação de inverno e assim consolidar um sistema de produção e dar uma rentabilidade maior à atividade desenvolvida no campo”, explicou Rugeri.
Outro destaque fica por conta do aumento expressivo na produção e produtividade da canola. Cultivada em 40,1 mil hectares, 15,73% a mais do que no ano anterior, deverá ter uma produção de 52,6 mil toneladas, o que representa 55,7% a mais do que na safra passada, refletindo no aumento de 34,5% na produtividade, que deve chegar a 1,3 tonelada/ hectare, contra menos de uma tonelada na safra passada.
Chuvas
Após o lançamento dos dados da estimativa para a safra de inverno 2021, o meteorologista da Seapdr, Flávio Varone, apresentou as condições meteorológicas observadas no mês de maio e o prognóstico trimestral para os próximos meses (julho/agosto/setembro), sendo condições próximas da normalidade, favorecendo a ocorrência de chuvas mais bem distribuídas e temperaturas mais baixas em alguns setores do Estado.
“Em julho e agosto, o ingresso regular de frentes frias e massas de ar frio deverá favorecer precipitações ligeiramente acima da média na maioria das regiões, com temperaturas mínimas e máximas abaixo da normalidade. Para setembro, as temperaturas deverão apresentar elevação natural e a tendência é de diminuição da chuva na Metade Sul, com precipitações normais no restante do Rio Grande do Sul”, projetou Varone.