Muito além de entregar a refeição, o Restaurante Popular – administrado pela Prefeitura, na gestão compartilhada com o Grupo Pela Educação, Saúde e Cidadania – Organização da Sociedade Civil (OSC) Gesto – oferece acompanhamento social, em conformidade com a Política de Assistência Social, para quem precisa. Entre refeições, visitas a domicílio, inclusão em serviços de convivência e ações para a geração de renda e auxílio em questões familiares, o local e as equipes oferecem o que os usuários mais carecem: acolhimento.
Entre janeiro e maio de 2021, o local já distribuiu mais de 41 mil refeições. Por dia, são cerca de 400 marmitas entregues; dessas, 89 seriam gratuitas e as demais pagas pelo valor de até R$ 2,00. O serviço funciona de segunda a sexta-feira, e a entrega dos almoços inicia-se às 11h30min e se estende até 12h30min ou enquanto houver refeições disponíveis. O coordenador técnico da Gesto, Maiquel Fouchy, explica que é disponibilizada uma marmitex por pessoa, salvo aquelas cadastradas no Restaurante, por meio do seu serviço social, e as encaminhadas pela Secretaria de Assistência Social (SAS), que já têm parecer da assistente social e, assim, a permissão para levar refeições para outros membros da família.
Durante a pandemia do coronavírus, algumas adaptações precisaram ser feitas para oferecer um melhor e mais seguro atendimento ao público. Além das marmitas, o chão foi pintado, cartazes foram espalhados pelas paredes do prédio, álcool gel e máscaras passaram a ser distribuídas, além de som para alertar os usuários quanto ao distanciamento recomendado pelos serviços de saúde. Os serviços complementares, como os grupos e o coral, foram trocados por atendimentos remotos ou de forma individual.
O que ainda precisa ser feito, segundo Fouchy, é reavaliar a quantidade de marmitas disponibilizadas. “O número de pessoas encaminhadas para gratuidades e de usuários que vão por busca espontânea mais que dobrou em função da perda do poder de consumo”, justificou. Segundo o chefe de Departamento da Alta Complexidade da SAS, Juliano Soares Nunes, a ideia é aumentar as refeições em breve.
“O restaurante presta um relevante serviço à comunidade, em especial às pessoas em maior situação de vulnerabilidade social. Nesse serviço, é possível ter acesso a uma alimentação digna e de qualidade”, completou Nunes.
O cardápio do Restaurante Popular é planejado semanalmente, de acordo com as necessidades da população atendida, considerando suas realidades. As refeições são produzidas no próprio local, por equipe formada por uma nutricionista, Jenifer Lopes Borchardt, dois cozinheiros e sete auxiliares. Alimentos como feijão, arroz, massas, panquecas, batatas, abóbora, cenoura, couve, brócolis, frutas, polenta, carne de porco, de frango, de rês e de peixe estão incluídos no menu preparado. Em datas festivas, os usuários recebem uma sobremesa característica à comemoração.
Também de segunda a sexta-feira, durante o período da noite, com apoio da Secretaria de Assistência Social do Estado, é oferecido atendimento à população em situação de rua. O Município, contemplado com o programa estadual PopRua RS, desenvolve o projeto Rua em Movimento para a Cidadania. Através dele, são disponibilizadas mais de 200 refeições/dia, entre café, almoço e jantar, além de kits de higiene, álcool gel, máscara e material informativo para prevenção da Covid-19, sacos de dormir, cobertores, mochilas e, em breve, capas-de-chuva.
Um local que trata todos bem
Sula Libes de 83 anos relata que frequenta o Restaurante Popular “desde que ele existe”. Na visão dela, existem alguns problemas que ocorrem no local, como pessoas que furam fila, por exemplo. Mas, nada que se compare a todos os pontos positivos. “As pessoas são maravilhosas e tratam você bem. Eu digo isso porque é verdade. Aqui dentro, é tudo maravilhoso e um espetáculo”, frisou.
Ana Perceu, 62 anos, utiliza o serviço há dez anos. Ela explicou que a qualidade do atendimento melhorou de um tempo para cá, além da comida e dos funcionários.
“Vêm pessoas bem complicadas aqui e todas são bem atendidas, com o mesmo tratamento, não tem restrição. Eu peço para que esse lugar nunca feche. Isso aqui ajuda e tira muita gente do sufoco”, destacou.
Ana não é apenas uma usuária do Restaurante. Ela auxilia pessoas que usam drogas. Marca um local e elas vão até lá para encontrá-la e pedir auxílio. Um desses locais é o Restaurante por ser ponto de encontro de diversos usuários.
O coordenador geral da Gesto, Gilmar Ortiz, a psicóloga, Tais Costa e a assistente social, Cristiana Silveira, junto com Fouchy, esclarecem que o Restaurante Popular é muito mais do que um local que fornece comida. O acompanhamento disponibilizado, através das ações complementares garante o acesso às políticas públicas, além de respeitar o direito de ser e de participar. Pesquisas para a coleta de dados, na hora do cadastro, nas filas e até nas visitas em casa dão norte às ações, até mesmo com a disponibilização de profissional de limpeza para suas casas, por exemplo, para usuários portadores de deficiência que residam sozinhos.
Em média, 60 cestas mensais são enviadas às famílias cadastradas, pela parceria com a Proteção Social Básica da Secretaria de Assistência Social, para que possam preparar refeições em suas residências nos demais horários. Uma pesquisa feita entre os usuários mostrou que o almoço é a refeição mais importante e mais completa de suas rotinas. A equipe também se responsabiliza por doar máscaras, incentivar o uso de álcool gel e espalhar orientações quanto ao processo de vacinação em Pelotas e às formas de combater a Covid-19.
“É feito um trabalho articulado. Não agradamos ou conseguimos acesso a todos, mas nos esforçamos ao máximo. Por isso, eles – os usuários do Restaurante Popular – têm esse olhar em relação a nós, de cuidado e acolhimento”, analisou Maiquel Fouchy.
Como e quando se cadastrar
Quem deseja se vincular ao serviço pode se dirigir até o Restaurante Popular – que se localiza na rua Três de Maio, 1.068 – nas terças e quintas-feiras às 9h. Os interessados devem apresentar documento de identidade, Cadastro do Número de Identificação Social (NIS) e comprovante de residência ao profissional do serviço social que fará a avaliação da solicitação.
Os cadastrados ganham carteirinha, o que garante o atendimento mais rápido. As pessoas em situação de insegurança alimentar e usuários da Política de Assistência Social são prioritários. Dessa forma, o cadastro dá margem para priorizar a população com maior necessidade.