A partir de domingo (5), a tarifa do transporte coletivo urbano e rural de Pelotas passará para R$ 4,50. Cálculo da planilha de custos operacionais do sistema, no mês de abril, elevava o valor em R$ 4,30, mas a Prefeitura conseguiu manter a passagem em R$ 4,00 por mais cinco meses, subsidiando, para o passageiro, os R$ 0,30 que teria de desembolsar a mais.
A fonte de arrecadação do sistema de transporte coletivo é a tarifa. Mesmo com a quebra brusca de passageiros em decorrência da pandemia, o Município conseguiu, durante todo o período, assegurar o mesmo valor da passagem para os usuários.
Diesel
A partir de janeiro deste ano, a alta expressiva do óleo diesel pressionou o sistema ao ponto de, a partir de abril, tornar-se inadiável novo cálculo da planilha de custos do transporte coletivo, incluindo as variações do combustível. A tarifa resultante da operação matemática passou para R$ 4,30. Naquele momento, a escalada da pandemia freava a retomada economia. Em razão disso, a Prefeitura optou por assumir a diferença dos R$ 0,30 e subsidiar o sistema.
Cinco meses, de abril a agosto, representaram, para o usuário, uma grande economia. O subsídio pago pela Prefeitura, no entanto, demandou um desembolso muito grande dos cofres públicos. A partir deste mês, diante da realidade, não há mais fôlego financeiro para continuar com o modelo adotado durante período de fragilidade e de retomada da economia.
Novo valor
O diesel, que representa 25% da tarifa, e o custo com pessoal, que absorve 52% da passagem, impactam diretamente na planilha de custos do setor.
Nos últimos dias, o Município levantou os fatores para atualizar custos de uma nova planilha tarifária, incluindo os aumentos do combustível e, também, a variação anual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que baliza o reajuste dos funcionários do transporte coletivo urbano e rural. Esse Índice não havia sido considerado no cálculo de abril, que projetou a tarifa para R$ 4,30. Com o novo valor, o Município busca equilibrar essas contas e impede a paralisação do serviço, já que os trabalhadores do setor haviam indicado greve.
Dificuldades do setor
O secretário de Transporte e Trânsito, Flávio Al-Alam, lembra que, em todo o país, o sistema de transporte coletivo está sofrendo muito em relação à queda abrupta de passageiros. “Hoje, o setor trabalha com cerca de 40% do número de pagantes, além do aumento de usuários não pagantes. Não houve nova edição de gratuidade, mas, mesmo assim, se registra acréscimo considerável de passageiros e de viagens pelos que são isentos da tarifa. O aumento de público nos ônibus não significa maior arrecadação na bilhetagem”, explica.
Al-Alam pondera que, de julho deste ano em diante, tem sido registrado aumento do número de usuários, mas muito pequeno, ainda, se comparado à quase normalidade da economia. A Prefeitura espera que, com o avançar dos meses, o deslocamento de passageiros pagantes aumente, assim como o Índice de Passageiros por Quilômetro (IPK), para que a tarifa possa ser mantida por mais tempo.
Entre as alternativas encontradas pelo Município para estimular o uso do transporte coletivo está o acréscimo de horários. “Diariamente, estamos acompanhando o movimento e, sempre que identificamos potencial de demanda, lançamos novos horários”, relata o secretário.