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Em evento do PSDB-Mulher, especialistas apontam caminhos para a transformação social a partir da economia

Painel PSDB Brasileiras trouxe discussões sobre questões sociais, gastos públicos e representação feminina em espaços de poder

Olhar a economia como uma ferramenta para a transformação social, qualificando a aplicação do gasto público e reduzindo desigualdades — entre elas, a da representação feminina na política. Essas são algumas das medidas urgentes para o Brasil apontadas no Painel PSDB Brasileiras, que discutiu a presença das mulheres nos espaços de poder a partir da experiência de líderes femininas.

Mediado pela presidente do PSDB-Mulher Nacional, Yeda Crusius, e pelo cientista político André Regis, o debate reuniu, na quinta-feira (24), a economista Ana Carla Abrão Costa e a advogada tributarista Vanessa Rahal Canado. Ambas compõem a equipe econômica do governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à presidência da República, João Doria. Também fazem parte do grupo responsável pelo plano de governo o atual secretário de Fazenda do Estado, Henrique Meirelles, a economista Zeina Latif e mais dois assessores.

Na abertura do painel, Yeda — que foi governadora do Rio Grande do Sul e ministra do Planejamento, na gestão Itamar Franco — expressou que o país tem tudo para mudar para melhor, e que as mulheres podem contribuir nessa concretização. Segundo ela, a transformação também passa pelo aumento da representação feminina em cargos de liderança.

“Desde 1998 até aqui, o mundo mudou a favor de uma compreensão e consciência de que é preciso de mais mulheres na política. A maior meta que nós temos é 50/50, que faz parte da Agenda 2030 da ONU, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. E um dos primeiros exemplos disso é a formação do grupo responsável pelo programa econômico do Doria, que reúne três mulheres e três homens”, pontuou.

Foco no social

Com larga experiência no mundo corporativo e financeiro, Ana Carla Abrão relatou que somente na política conseguiu enxergar uma forma de transformação da sociedade. Depois de levar sua expertise para o desenvolvimento de políticas públicas, inclusive como secretária de Fazenda de Goiás (2015/2016), a economista enfatizou a necessidade de se pensar a economia como uma ferramenta de mudanças estruturais.

“Nosso problema não é econômico. A economia a gente precisa arrumar, sim, mas o problema é social. A gente tem 14 milhões de pessoas passando fome, 19 milhões de jovens que não estudam e não trabalham, uma das maiores desigualdades sociais do mundo”, alertou. “O programa que a gente está estruturando é social, e não econômico. A economia é uma ferramenta a serviço daquilo que a gente entende que é absolutamente fundamental para o país hoje, que é uma grande reforma social, um novo pacto social”.

Para viabilizar este programa, é indispensável a qualificação do gasto público. Especialista em Direito Tributário e uma das responsáveis pela elaboração de projetos da reforma tributária que tramitam no Congresso Nacional, Vanessa Canado enfatizou a importância de uma visão de longo alcance para áreas que exigem política de Estado — e não de governo.

“Temos um espaço enorme para melhorar a qualidade do gasto no Brasil. Do ponto de vista institucional, faltam bons processos que orientem a revisão dos gastos públicos atuais, para que eles deem conta de uma política que qualifique o cidadão, seja na educação, seja para o trabalho, e garanta saúde e segurança. Isso tem de independer um pouco de governos. Tem de ser uma política de Estado”, afirmou.

Representação feminina

Essas mudanças não estão dissociadas da luta para virar o jogo em torno de outras distorções, como a representatividade feminina. De acordo com dados do Cadastro Eleitoral, nas últimas eleições gerais, em 2018, havia 77 milhões de eleitoras em todo o Brasil, o que representa 52,5% do total. Desse número, apenas 9.204 (31,6%) mulheres concorreram a um cargo eletivo no mesmo ano e 290 foram eleitas, o que equivale a 16,20% do universo de 1.790 escolhidos.

“Não dá mais para contemporizar. Existe um dado objetivo, que é: existem mais homens tanto no setor privado como no setor público em cargos de liderança. Como vamos fazer para as mulheres acessarem? É um objetivo que não dá para flexibilizar. Por isso, o 50/50 é o mínimo que podemos ter em termos de representação em cargos de liderança”, sublinhou Canado.

A representação feminina piorou de forma profunda no governo de Jair Bolsonaro, principalmente nos cargos de livre nomeação, criticou Ana Paula Abrão. “Quando falamos que o primeiro compromisso do Doria é justiça social, isso significa que equidade de gênero, diversidade, combate à desigualdade racial, tudo isso é pilar, é compromisso, e vamos ter de garantir que esse compromisso seja entregue”, enfatizou. “As nossas mazelas sociais são reflexo das escolhas que nós fizemos lá atrás e estamos fazendo agora, que são escolhas que estão privilegiando aqueles que menos precisam do Estado e dos recursos públicos. É essa inversão que precisamos fazer”.

Ao lado de Yeda Crusius na condução do debate, o cientista político André Regis observou que a paridade representativa vai além do direito feminino. Segundo ele, que também foi vereador no Recife-PE, isso representa um processo civilizacional, que também exige avanços em outras áreas.

“Toda a minha preocupação é com o futuro das minhas filhas. Ficamos pensando que país estamos construindo para elas, que tipo de sociedade nós queremos. Um grave problema é que nós precisamos fazer com que este país entre na rota de um processo civilizacional, onde haja respeito, prosperidade, segurança. Onde a gente tenha orgulho”, manifestou.

O painel promovido pelo PSDB-Mulher integra a Força-Tarefa Eleições 2022, que percorre o Brasil nas próximas semanas com o objetivo de identificar demandas e prioridades de cada região. O próximo destino da mobilização feminina é Guarabira, na Paraíba, dia 9 de abril.

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Gabriela Alcantara Braz
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