Procure pela palavra mindfulness no Google e você vai encontrar mais de 78 milhões de resultados. Agora procure por atenção plena, a tradução que foi dada aqui no Brasil. São mais de 9 milhões de ocorrências. O fato é que a prática proposta pelo cientista americano Jon Kabat-Zinn, apesar de não ser exatamente uma novidade, ganhou milhões de adeptos no mundo nos últimos anos e já é adotada, inclusive, por empresas para desacelerar os seus funcionários. O motivo? A atenção plena tem como foco aliviar os sintomas relacionados ao estresse e à ansiedade, condições prevalentes nos dias atuais, principalmente entre os trabalhadores.
Após participar de um retiro budista e perceber o benefício para si, Kabat-Zinn formulou e estudou uma forma de aplicar as práticas meditativas sem os aspectos da religiosidade, como uma forma de facilitar a aceitação no ocidente. Surgiu então o primeiro programa de oito semanas chamado de Mindfulness Based Stress Reduction, ou Redução do Estresse Baseada no Mindfulness.
Benefícios que vem da meditação
Mindfulness pode ser considerado tanto um estado de estar presente no momento, quanto um conjunto de práticas que buscam levar a esse estado. A ideia não é esvaziar a mente, mas trazer o foco para o aqui e o agora, deixando de lado todas as outras preocupações do passado e as expectativas futuras.
Como qualquer outro tipo de técnica meditativa, requer que se pratique. “A atenção plena nos ajuda a identificar os pensamentos negativos, que jogam contra a gente. Conseguimos também nos dar conta de que muitas das coisas que nos ameaçam são menores do que aparentam”, explica o psiquiatra, Dr. Caio Magno, especialista em Mindfulness e cofundador da Estar Saúde Mental.
Especialistas reconhecem que pessoas estressadas e ansiosas têm muita dificuldade em separar o joio do trigo, quer dizer, separar pensamentos funcionais de pensamentos reativos e negativos. “É incrível, mas pensamentos inúteis têm um tremendo poder sobre nós”, comenta Dr. Caio.
Ciência se debruça sobre a prática
Desde que a atenção plena foi popularizada por Kabat-Zinn e desde que arrebanhou artistas, intelectuais e médicos como adeptos, a prática vem sendo estudada fortemente pela ciência. Descobriu-se, por exemplo, que não é preciso ficar horas meditando. Existem evidências de que 20 minutos por dia tem efeitos benéficos para aquietar a mente em situações estressantes.
Vários estudos realizados pela comunidade científica indicam que praticar mindfulness reduz o nível dos hormônios vinculados ao estresse, e após um programa de oito semanas é possível perceber aumento de algumas regiões cerebrais.
Ótimo para os trabalhadores
Nos dias atuais, o mercado de trabalho exige muitas vezes que o profissional seja multitarefa e isso pode atrapalhar a rotina e diminuir a produtividade em vez de aumentá-la, afinal quem consegue fazer muitas coisas ao mesmo tempo pode não fazer tudo da melhor maneira.
Por isso, para quem precisa se concentrar em uma tarefa e ir até o fim, praticar a atenção plena pode ser fundamental. “O mindfulness ajuda a valorizar o momento atual amplificando a importância de cada atividade a ser realizada. Com isso, a pessoa pode apreciar mais o processo que o resultado final. Um exemplo: em vez de se preocupar em como vai ficar a apresentação, pode aprender e absorver os conceitos durante a produção do conteúdo”, diz Dr. Caio.
Estudos mostram que a prática do mindfulness reduz ansiedade, sintomas depressivos e pode contribuir para melhor regulação da atenção, memória, capacidade criativa, além de melhorar a saúde, deixando a pessoa mais relaxada e no controle da própria vida e, claro, das emoções.