Na última quarta-feira (26), uma série de explosões em um silo de grãos da cooperativa C.Vale, em Palotina, no oeste do Paraná, deixou nove mortos e 11 feridos. Uma pessoa ainda está desaparecida. As vítimas eram trabalhadores que faziam um serviço no subsolo do armazém, onde estavam estocadas cerca de 12 mil toneladas de soja e 40 mil toneladas de milho.
A polícia investiga as causas da explosão, mas a suspeita inicial é de que o pó dos grãos, que se acumula em locais fechados, tenha gerado um ambiente inflamável. Especialistas afirmam que, em situações assim, qualquer faísca pode provocar uma explosão.
Por que a poeira de cereais pode causar explosão?
As partículas finas de cereais suspensas no ar podem explodir porque elas formam um sistema coloidal, ou seja, uma mistura de sólidos ou líquidos muito pequenos que ficam dispersos em um meio gasoso. Quando a luz incide sobre esse sistema, ela é espalhada pelas partículas, criando o que se chama de efeito Tyndall. Esse efeito faz com que o feixe de luz seja visível, como quando vemos os raios solares atravessando a neblina.
O problema é que essas partículas coloidais também podem ser inflamáveis, dependendo da sua composição química. No caso dos cereais, eles contêm amido, que é um carboidrato que pode reagir com o oxigênio do ar e liberar energia. Se houver uma fonte de ignição, como uma faísca elétrica ou uma chama, essa reação pode se tornar uma combustão, ou seja, uma queima rápida e violenta.
A combustão das partículas coloidais gera uma grande quantidade de calor e gases, que aumentam a pressão no ambiente. Essa pressão pode causar uma explosão, que pode ser amplificada pela presença de outras partículas inflamáveis no ar. Esse fenômeno é conhecido como explosão de pó e pode ocorrer em silos de grãos, fábricas de farinha, indústrias químicas, de móveis ou metalúrgicas.
Para evitar esse tipo de acidente, é importante utilizar sistemas de exaustão industrial, que são equipamentos que captam e filtram o ar contaminado por partículas impuras e gases. Esses sistemas evitam o acúmulo de pó no ambiente e reduzem os riscos de incêndio ou explosão. Além disso, eles também melhoram a qualidade do ar e a saúde dos trabalhadores.
Sistemas de exaustão industrial
O caso acende um alerta para a importância dos sistemas de exaustão industrial, que são conjuntos de equipamentos projetados para captar e remover partículas impuras e gases presentes em espaços de produção de diversos segmentos da indústria. Esses sistemas têm como objetivo não só evitar acidentes como o ocorrido no Paraná, mas também garantir a qualidade do ar, o conforto térmico e a saúde dos trabalhadores.
Marcelo Sudekum é o diretor da MTK Sistemas de Exaustão Industrial, uma empresa que oferece soluções para coleta de resíduos e descontaminação de poluentes em ambientes fechados. A empresa está localizada na cidade de Esteio, no Rio Grande do Sul, mas atende todo o território nacional. O executivo alerta para os riscos de explosões e incêndios em depósitos de produtos que geram poeira, como grãos e farinhas, e em áreas de produção industrial, onde a emissão de resíduos é inevitável. “Na MTK, temos mais de 30 anos de experiência em sistemas de exaustão. Desenvolvemos projetos personalizados e os integramos aos sistemas de fabricação ou armazenagem dos nossos clientes, garantindo maior segurança e qualidade ao empreendimento. Atendemos desde pequenas empresas que estão iniciando suas atividades até grandes companhias já consagradas e reconhecidas pelo público. Todas elas têm em comum a preocupação com a saúde dos seus colaboradores e o cumprimento das normas da legislação vigente”, afirma Marcelo Sudekum.
Como é composto um sistema de exaustão industrial?
Um sistema de exaustão industrial é composto por filtros, exaustores, captadores de ar, caixas de ventilação, equipamentos específicos para o tratamento do ar e uma rede de dutos que se interligam. Existem diferentes tipos de exaustores, que podem ser axiais ou centrífugos, e que devem ser escolhidos de acordo com as características e necessidades de cada ambiente.
Os exaustores axiais são indicados para locais que precisam renovar o ar constantemente, como galpões, depósitos e oficinas. Eles podem ser instalados em paredes ou telhados e funcionam como ventiladores, criando uma corrente de ar que expulsa o ar quente e impuro e traz o ar fresco e limpo do exterior.
Os exaustores centrífugos são recomendados para locais que produzem poeira, fumaça ou vapores, como indústrias metalúrgicas, químicas ou alimentícias. Eles funcionam como aspiradores, sugando o ar contaminado por meio de um rotor e passando-o por um filtro antes de liberá-lo no ambiente externo.
Além desses dois tipos principais, existem também exaustores específicos para gases corrosivos, fumos de solda, poeiras metálicas e outras substâncias nocivas. Todos eles requerem um projeto técnico adequado, uma instalação correta e uma manutenção periódica para garantir seu bom funcionamento e sua eficiência.
A instalação de um sistema de exaustão industrial traz diversos benefícios para as empresas, como:
- Melhoria da qualidade do ar e da ventilação nos ambientes internos;
- Redução dos riscos de incêndio ou explosão por acúmulo de gases ou poeiras;
- Preservação dos equipamentos e maquinários que podem ser danificados pela umidade ou pela temperatura;
- Aumento do conforto térmico e do bem-estar dos trabalhadores;
- Cumprimento das normas ambientais e de segurança do trabalho;
- Aumento da produtividade e da competitividade no mercado.
Portanto, investir em um sistema de exaustão industrial é uma medida essencial para garantir a segurança, a saúde e a qualidade dos processos produtivos em diversos setores da indústria. O caso da explosão no Paraná serve como um alerta para a necessidade de prevenção e cuidado com o ambiente de trabalho.
