No dia 4 de março celebra-se o Dia Mundial da Obesidade, uma ocasião importante para conscientizar sobre o aumento desta doença em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a obesidade como um dos principais desafios de saúde pública internacionalmente. Esta condição crônica tende a se agravar ao longo do tempo se não for gerida de maneira apropriada.
Projeções da OMS indicam que aproximadamente 167 milhões de indivíduos globalmente poderão enfrentar problemas de sobrepeso ou obesidade até 2025. Já a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) revela que, somente nas Américas, a obesidade foi a causa de cerca de 2,8 milhões de óbitos em 2021, devido a doenças cardíacas, hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC) e alguns tipos de câncer.
As taxas de sobrepeso e obesidade triplicaram nas Américas nos últimos 50 anos. E essas condições afetam cerca de 62,5% da população, a maior prevalência regional do mundo. Os níveis de sobrepeso e obesidade entre as crianças também estão aumentando devido principalmente aos baixos níveis de amamentação e dietas pobres, com baixo teor de frutas e vegetais e alto teor de alimentos e bebidas ultraprocessados.
“É essencial aumentar a conscientização sobre a urgente necessidade de se combater esta epidemia global e interromper este ciclo de aumento da obesidade”, alerta o Prof. Dr. Durval Ribas Filho, médico nutrólogo, endocrinologista, Fellow da Obesity Society FTOS – USA e presidente da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia.
Para o especialista, cuidar do sobrepeso e da obesidade é uma questão de saúde e não apenas estética. “Hoje a farmacologia dispõe de diversos medicamentos que, aliados a uma alimentação saudável e atividade física, podem devolver ao obeso uma melhor qualidade de vida. Em uma obesidade controlada, as perdas progressivas representam um avanço, pois a cada 10 quilos a menos, se reflete em importante melhora nas comorbidades da doença”, explica.
Com acolhimento e sem discriminação
O Prof. Dr. Ribas observa que a obesidade pode, ainda, desencadear problemas sociais e de comportamento que geram uma discriminação, desde a infância. “A gordofobia é uma doença social e o seu combate não consiste em apenas lutar para que o obeso não seja perturbado e vítima de um potencial bullying”, observa.
Em seu livro “Obeso Acolhido” (2021), em parceria com o médico psiquiatra Dr. Arthur Kaufman, ressalta que situações constrangedoras e até inusitadas não são raras com obesos. Tais fatos se somam à lista de outros preconceitos como raciais, étnicos, religiosos e sexuais.
“Além dos riscos físicos, a obesidade também é um gatilho para problemas emocionais, que passam pela dificuldade de se socializar e, muitas vezes, até realizar atividades com amigos, no trabalho ou num relacionamento afetivo. É um processo discriminatório, de estigmatização muito forte, em todos os seus aspectos, onde o obeso não é acolhido pela sociedade. Ao contrário, sofre preconceito”, destaca o especialista.