Rio Grande do Sul

Venezuelanos começam aulas em escolas de Esteio

O dia foi de olhares repletos de curiosidade, de esperança e de alegria. Nesta terça-feira (25), um grupo de oito crianças e jovens vindos da Venezuela que residem em abrigos em Esteio iniciaram sua vida escolar na cidade, em turmas do 7º, 8º e 9º ano do Ensino Fundamental do Centro Municipal de Educação Básica (CMEB) Vitorina Fabre. Os alunos, acompanhados de seus pais, efetuaram suas matrículas e conheceram professores e colegas, acompanhados pela intérprete Cyntia Hernandez, voluntária do Conta Comigo.

Na biblioteca da escola, os novos alunos receberam as primeiras orientações. “Nós estamos muito felizes em tê-los aqui. Já falamos com os colegas de vocês e eles também estão muito animados. Sempre estaremos aqui para conversar e apoiar no que precisarem, nos procurem”, salientou a orientadora educacional Daniela Caponi. Após, eles foram guiados para conhecer a escola, ver as salas de aula, refeitório, quadra, banheiros e a sala dos professores, onde fizeram um lanche. Depois, foram para suas turmas ter suas primeiras lições.

“Houve uma reunião com os professores, na qual eles foram orientados a conversar com todas as turmas, mesmo aquelas que não receberam os novos alunos. Todos mostraram-se muito receptivos e animados com o processo. Presenciamos hoje nossos estudantes vindo até a sala e arriscando o espanhol para falar com eles, convidando para jogar futebol. Tenho certeza de que será ótimo para ambas as partes”, comentou a diretora do Vitorina, Mari Lucia Rodrigues.

Aguardando para fazer a matrícula dos filhos estava Richard Marcano de 46 anos. Ele, que veio com a esposa e os dois filhos para o país, revelou que estava difícil deixar as crianças na escola. “Na Venezuela nós não tínhamos qualidade de vida. As crianças não tinham como estudar, pois não havia mantimentos, materiais, nada. Além disso não recebiam comida nas escolas, onde passavam a maior parte do tempo. Recebemos ameaças devido ao emprego da minha esposa, que era ligado ao partido político opositor ao governo. Quando percebemos que não teríamos como continuar assim, viemos para o Brasil, pensando em primeiro lugar na segurança dos nossos filhos”, revelou. “Deixamos familiares no nosso país, como meu irmão e meu sogro. Nós estamos começando uma vida nova e não é fácil, todos os dias temos que lidar com situações diferentes e estamos nos adaptando. Mas nunca estive tão feliz, vendo meus filhos tendo a oportunidade de retomar seus estudos em um local tão bom. Fico muito alegre e me faltam palavras para agradecer”, acrescentou Richard. Seus filhos, Andre Felipe Marcano, 14 anos, e Juan Andres, de 8 anos, estavam entusiasmados. “Gostei da escola e estou animado em estudar aqui. Todos parecem legais e têm nos tratado muito bem”, disse Juan.

As crianças mais novas, destinadas ao Pré I e II e ao 4º Ano do Ensino Fundamental, foram encaminhadas ao Centro Municipal de Educação Básica João XXIII. As aulas inciarão nesta quarta-feira (26).
As famílias estão abrigadas em alojamentos, cujos alugueis serão pagos pela ONU, localizados na Rua Liberato Salzano Vieira, na Vila Osório, que tem 27 apartamentos. Outro local de acolhimento fica na Rua Senador Salgado Filho, no Parque Tamandaré, onde foram acomodados venezuelanos em 20 apartamentos com seis a oito camas cada. Para acolher os imigrantes, Esteio vai receber R$ 530,4 mil, recursos que serão investidos em ações para dar melhor acolhida aos refugiados, nas áreas de assistência social, saúde e educação, principalmente, ao longo de seis meses. Para organizar o atendimento, o prefeito emitiu uma portaria no dia 3 de setembro, criando o Comitê Articulador do Processo de Interiorização de Refugiados Venezuelanos em Esteio. Pascoal será o coordenador, tendo a titular da SMCTE como subcoordenadora, enquanto o diretor de Cidadania e Desenvolvimento Social da SMCTE, Cristiano Coutinho, e a coordenadora de Direitos Humanos, Maria Izabel Teixeira, serão os coordenadores dos dois abrigos que receberam os venezuelanos. Além disso, a Associação Antônio Vieira (Asav), responsável pela gestão de recursos que provém a Acnur, vai repassar R$ 170 para cada venezuelano. O valor será disponibilizado por um período de três meses para auxílio de custo mensal, com o objetivo de buscar trabalho e comprar medicamentos, se necessário.

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