Os alimentos orgânicos estão marcando uma presença cada vez maior nos restaurantes monegascos e há um movimento crescente de novos restaurantes especializados em gastronomia saudável. O maior exemplo é o Elsa, localizado dentro do hotel Monte-Carlo Beach, primeiro restaurante 100% orgânico a ganhar uma estrela Michelin, que também recebeu a certificação Ecocert Level 3. O local, cuja filosofia culinária celebra o essencial e a simplicidade, conseguiu tal reconhecimento depois de uma extensa pesquisa sobre os melhores ingredientes orgânicos, seu processo delicado de cozimento e uma parceria com 15 produtores locais. O menu saudável, colorido e que respeita os ciclos da natureza inclui excelentes azeites de oliva, pães de farinha orgânica preparados no local duas vezes ao dia, carne branca, aves e cordeiro de fazendas orgânicas, além de peixes, vegetais frescos e frutas sazonais. Até mesmo os vinhos que harmonizam com os deliciosos pratos da casa são orgânicos.
Além disso, 90% de todos os ingredientes servidos em outros restaurantes do Monte-Carlo Beach são orgânicos. O objetivo é torná-lo o primeiro hotel a ter um certificado de 100% orgânico em todos os seus serviços relacionados à comida, como restaurantes, serviço de quarto, bar e minibar.
O chef Paolo Sari, que comanda a cozinha do Elsa, é um dos grandes pivôs do crescimento da gastronomia orgânica em Mônaco. Rigoroso ao selecionar seus ingredientes, faz questão de saber a origem de cada um, oferecendo uma cozinha transparente ao público. Ele é o responsável pela organização do Festival Orgânico de Mônaco, evento no qual o público é convidado a descobrir novos produtos e práticas ecológicas, comprar produtos orgânicos de um mercado de produtores locais, participar de competições de inovações ecológicas, assistir demonstrações culinárias e se deliciar em jantares de gala. O evento envolve a participação de crianças monegascas, que cozinham ao lado de chefs do principado e participam de concursos culinários e competições esportivas. O festival também têm seu viés social, destinando o dinheiro arrecadado para iniciativas em países subdesenvolvidos, como a construção de uma escola hoteleira orgânica em Madagascar e o treinamento de crianças e adolescentes.
Há vários outros restaurantes com propostas saudáveis em Mônaco. O Eqvita, que tem o tenista Novak Djokovic como um dos sócios, oferece um menu praticamente vegano, com exceção dos ovos orgânicos servidos no café da manhã, sem glutén, lactose nem açúcar refinado. O local promove a conexão com o que é bom e acredita no poder dos ingredientes naturais para energizar e fortalecer. O menu sazonal é composto de ingredientes locais frescos e muitos produtos são feitos na casa, como os pães, compotas, chutneys, molhos, leites e queijos veganos. O L’Inattendu e o Eat Juice são outros exemplos que oferecem raw food, comidas orgânicas e menus veganos.
Para adeptos de bebidas e drinks, a Brasserie de Mônaco é uma cervejaria que produz cervejas com ingredientes orgânicos e é excelente para um happy hour. Já o L’Orangerie é o primeiro licor de laranja premium de Mônaco. Fabricada à mão, a bebida é feita com laranjas que crescem pelas ruas do país e é totalmente natural, sem adição de produtos químicos, corantes ou conservantes.
A cena orgânica de Mônaco não para de crescer. Há cada vez mais restaurantes e eventos relacionados à causa no principado. Além de oferecer uma comida mais saudável, a experiência é deliciosa e permite uma conexão maior com a natureza e seus ciclos.
Além dos orgânicos, há instituições envolvidas em outras causas sustentáveis. O Stars’n Bars é um dos maiores exemplos, que oferece opções veganas e sem glúten, além de carnes e peixes sustentáveis. O local tem uma associação sem fins lucrativos chamada Monacology que tem o objetivo de aumentar a conscientização do público sobre o meio ambiente. O restaurante promove workshops mensais sobre ecologia, desenvolvimento pessoal, bem-estar e nutrição, além de workshops focados nas crianças e jogos interativos que ensinam sobre reciclagem, energias limpas e redução de resíduos. O local também tem uma frota de veículos elétricos e promove a reciclagem de lixo há mais de dez anos. Além disso, 100% da energia do restaurante é fornecida por fontes renováveis.
Políticas ambientais também são implementadas em restaurantes. Os chefs utilizam ingredientes orgânicos de suas próprias hortas, localizadas próximas ao principado. Isso contribui para diminuir a emissão de CO2, gerada pelo transporte de produtos importados, e promove a economia local. Esse sistema só traz vantagens: menos transporte, mais sabor dos alimentos, ótimo preço e preservação do meio ambiente. Além disso, todos os restaurantes estão alinhados à política de proteção à biodiversidade do Príncipe Albert II e não utilizam mais o bluefin tuna, uma espécie de peixe ameaçada, em seus menus. Diversos restaurantes também são parceiros da campanha Mr. Goodfish que tem como objetivo difundir o conhecimento entre consumidores e profissionais da indústria pesqueira sobre o consumo sustentável de produtos marinhos, encorajando decisões responsáveis e reduzindo reservas pesqueiras não sustentáveis.
Também relacionada à indústria de alimentação e hospitalidade, a start-up Terre de Mônaco está ajudando no desenvolvimento da cena orgânica no país. Criada pela empreendedora Jessica Sbaraglia, a empresa desenvolve hortas orgânicas nos tetos, sacadas e terraços dos imóveis. O serviço é oferecido tanto para pessoas físicas quanto hotéis, restaurantes e outras organizações. Foram tantas adesões que Mônaco é hoje um dos maiores empreendimentos agrícolas urbanos privados do mundo e muitos restaurantes já utilizam ingredientes desses jardins em seus cardápios, como o Blue Bay, restaurante estrelado do hotel Monte-Carlo Bay.