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ONU alerta para falta de energia elétrica na Faixa de Gaza

Os habitantes da Faixa de Gaza estão vivendo com apenas quatro horas de energia elétrica por dia, devido à escassez de combustível, o que torna sua situação “terrível”, conforme se aproximam os meses de inverno. O alerta foi feito na terça-feira (23) pelo coordenador humanitário das Nações Unidas para o território palestino ocupado, Jamie McGoldrick.

Em entrevista ao UN News, ele lembrou ter testemunhado em um hospital infantil local a queda de energia elétrica durante uma cirurgia de emergência, o que deixou pacientes e médicos no escuro por quase um minuto antes de um gerador ser acionado. “Naquele momento, os médicos tiveram que bombear manualmente oxigênio para os pulmões das crianças, em máquinas de suporte de vida”, disse. “E isso não aconteceu só um dia. Todo dia é assim”.

Financiamentos da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) foram cortados pelos Estados Unidos no começo deste ano. Apesar de uma grande campanha de arrecadação, o corte resultou em uma escassez crítica de serviços à população local.

A UNRWA relatou que três quartos das 1,9 milhão de pessoas que moram no enclave, controlado desde 2006 pelo grupo Hamas, são refugiados palestinos. O declínio das condições socioeconômicas gerado por décadas de conflitos e deslocamentos fez com que o desemprego subisse para 53%, um dos mais altos do mundo, com 80% da população dependente de ajuda estrangeira.

“Não somos capazes de salvar as vidas que deveríamos (…). Enquanto o dinheiro permanece o mesmo ou cai, as necessidades aumentam”, destacou. McGoldrick disse que os funcionários humanitários estão tendo dificuldades em manter o ritmo de trabalho diante dessa “catástrofe severa”. Ele acrescentou que o futuro da crise não parece promissor, à medida que financiamentos estão instáveis, e a realidade climática e geopolítica “parece ainda pior” no próximo ano. Apontando para soluções, McGoldrick pediu que políticos de diferentes facções e partidos palestinos, assim como de Israel, apresentarem respostas, já que esta é a “a única opção” para o povo de Gaza reconquistar independência. Caso contrário, “não há esperança”, disse.

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