Epagri desenvolve batata-doce que protege contra doenças

Um estudo científico comprovou que a batata-doce SCS370 Luiza, desenvolvida pela Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI), tem mais vitamina C, macrominerais e fenólicos totais que suas similares. Todos esses componentes desempenham importante função antioxidante no organismo humano, retardando o envelhecimento e prevenindo doenças como o câncer.

A pesquisa foi desenvolvida pelo doutorando Cláudio Eduardo Cartabiano Leite, do Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele participou de um projeto de pesquisa liderado pela professora Dra. Ornella Maria Porcu, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que avaliou novos cultivares de batata-doce desenvolvidos pela Epagri.

Não é de hoje que a batata-doce se tornou estrela no cardápio daqueles que buscam uma alimentação mais saudável. O tubérculo possui elevado teor nutricional, sendo rico em fibras, vitaminas e minerais. É fonte de carboidratos de baixo índice glicêmico, liberando o açúcar lentamente na circulação, o que aumenta a sensação de saciedade e auxilia no processo de emagrecimento.

A Luiza, lançada pela Epagri em 2016, é um destaque nesse universo, a começar pela sua cor. A casca e a polpa intensamente roxas chamam a atenção. A maior quantidade de compostos bioativos, da classe dos flavonoides, principalmente as antocianinas, são responsáveis pela coloração peculiar, explica Eloísa Rovaris Pinheiro, nutricionista e extensionista social da Epagri em Rio do Sul.

O estudo mostra que a batata-doce Luiza da Epagri possui cerca de três vezes mais compostos fenólicos, flavonoides e antocianinas quando comparada com o cultivar comercial Beauregard, de polpa laranja, considerado uma batata-doce fortificada e referência no mercado pela qualidade da raiz.

“Esses compostos auxiliam na proteção das células, tendo grande potencial antioxidante, retardando o envelhecimento e preservando a memória”, destaca a nutricionista. Ela lembra que eles também colaboram na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, câncer, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias crônicas.

O cultivar Luiza se destacou ainda pelo maior teor de vitamina C. “Esse componente também tem função antioxidante, fortalece o sistema imunológico do organismo e aumenta a absorção de ferro no intestino quando ingerido junto a alimentos que contenham ferro”, descreve Eloísa.

Além da batata-doce Luiza, o estudo avaliou os cultivares SCS371 Katiy e SCS372 Marina, também desenvolvidos pela EEI. Os dois têm casca roxa e polpa branca e amarela, respectivamente. A pesquisa comprovou que essas batatas também possuem ótimo conteúdo nutricional e a polpa colorida indica a presença de compostos bioativos.

Gerson Wamser, pesquisador da Estação Experimental da Epagri em Ituporanga, conta que as batatas-doces de casca roxa e polpa creme ou branca ainda são as mais procuradas para comercialização. “Os cultivares de polpa colorida ainda não são muito cultivados, mas há uma tendência de aumento na procura”, explica ele, lembrando que é o crescimento na demanda por parte dos consumidores que vai fazer com que os produtores ampliem seu cultivo.

“Em função dos resultados encontrados, pode-se afirmar que os novos cultivares de batata-doce apresentam valor econômico e nutricional agregado, tornando-se uma alternativa de cultivo para os pequenos agricultores, aumentando a disponibilidade no comércio varejista, bem como a utilização como matéria-prima industrial”, recomenda o estudo do doutorando Cláudio Leite.

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