Porto AlegreSaúde

Primeiro transplante de pulmão intervivos realizado fora dos Estados Unidos completa 20 anos

Procedimento ocorreu na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e foi realizado pelo dr. José Camargo e equipe

Referência internacional na área de transplantes, a Santa Casa de Misercórida de Porto Alegre celebrará no próximo dia 17 de setembro uma grande realização: os 20 anos do primeiro transplante de pulmão intervivos feito fora dos Estados Unidos. Realizado pelo médico José Camargo e equipe, o momento histórico será relembrado no dia 23 de setembro, às 17h, com uma comemoração no CHC Santa Casa.

O primeiro paciente a receber partes de pulmões de pessoas vivas foi o curitibano Henrique Busnardo, de 12 anos à época. Em 1995, Henrique contraiu bronquiolite obliterante, doença que obstrui os bronquíolos dificultando a expiração e provocando o aumento progressivo do volume pulmonar, a ponto de deformar a caixa torácica. Com apenas 12% da capacidade pulmonar prevista, Henrique não suportava deitar e dormiu agachado durante dois anos, usando oxigênio de forma contínua.

No dia 17 de setembro de 1999, três salas do Pavilhão Pereira Filho receberam Henrique e seus pais Márcia e Amadeu. Nos procedimentos, que duraram mais de cinco horas e envolveram cerca de 20 profissionais da Santa Casa, foi retirada a metade inferior do pulmão direito do pai e a metade inferior do pulmão esquerdo da mãe, para substituir os pulmões destruídos do Henrique. Com capacidade respiratória normal, ele se formou em Direito e, 20 anos depois, leva vida normal em Curitiba.

Desde 1999 foram realizados 40 transplantes desse tipo, sendo que 37 deles em crianças ou adolescentes. Cinco desses pacientes eram estrangeiros, uma condição em que o transplante intervivos é o único possível, por conta de uma portaria que não permite a doação de órgãos de brasileiros para receptores estrangeiros.

O transplante intervivos, com todos os desafios de envolver duas cirurgias em pessoas sadias (os doadores), tem sido empregado em pacientes graves que não teriam condições de sobreviver à espera de um improvável doador cadavérico tendo tórax de tamanho compatível com a caixa torácica de uma criança.

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