Saúde

Sindactilia: saiba mais sobre esta malformação congênita

A raiz da palavra sindactilia é derivada das palavras syn grego, que significa juntos, e dactyl, ou seja, os dedos ou dígitos. A sindactilia é a malformação congênita mais comum dos membros, com uma incidência de 1 em 2.000/3.000 nascidos vivos. As sindactilias podem ser classificadas como: simples, quando se trata de tecidos moles apenas; e complexas, quando envolvem o osso ou unhas dos dedos adjacentes.

Sindactilia é uma falha de diferenciação em que os dedos deixam de se separar em apêndices individuais. Esta separação geralmente ocorre entre a sexta e a oitava semanas de desenvolvimento embrionário.

Classificação
A classificação de sindactilia baseia-se na gravidade da apresentação clínica. A forma mais branda é a sindactilia simples, que se refere aos dedos unidos apenas por tecidos moles, pode ser incompleta ou completa.

Sindactilia simples incompleta é quando a união dos tecidos moles é apenas parcial e não se estende até a ponta dos dedos. Já a sindactilia complexa refere-se aos dedos unidos pelos ossos ou cartilagens, geralmente indo até as falanges distais.

A forma mais grave é classificada como sindactilia complexa, que se refere aos dedos unidos por fusão óssea podendo incluir anormalidades ósseas, como dedos extras, ausentes, falanges duplicadas e ossos em formatos anormais. As anormalidades nas estruturas musculares e neurovasculares podem também estar presentes.

Na sindactilia simples, o terceiro espaço digital entre o longo dedo e o dedo anelar é a área mais comumente envolvida, seguida pelo quarto, segundo, e (raramente) o primeiro. O envolvimento bilateral é encontrado em 50% dos pacientes.

A sindactilia pode ser um achado isolado ou pode ser encontrada na associação de outras anomalias, tais como polidactilia, mãos em lagosta, constrições de anel ou banda, ou síndromes craniofaciais.

Tratamento
Costumamos indicar a separação dos dedos com sindactilia em casos de dedos oponentes (polegar/ dedo indicador ou anel/ pequenos dedos)

A cirurgia deve ser realizada em idade precoce para evitar que o dedo maior faça uma curva sobre o dedo menor com o crescimento. A sindactilia destes dígitos é tratada com seis meses de idade. O tratamento da sindactilia dos outros dígitos é eletivo e é mais comumente realizado quando os dedos já estão maiores, de 18 a 24 meses de idade.

No caso dos pés, raramente indicamos a separação, exceto do primeiro dedo, devido à necessidade de uso de algumas sandálias e para auxílio na marcha, nos casos de pacientes que apresentam dificuldades para prática de determinadas modalidades esportivas. Na grande maioria das vezes, a sindactilia não é contraindicação para a prática esportiva.

Técnica
Uma vez que a circunferência dos dedos unidos é menor do que a circunferência dos dedos separados, fazendo com que a pele não seja suficiente para cobrir ambos os dígitos, o cirurgião tem de dar uma nova pele à área no momento da cirurgia de separação. Esta é mais comumente feita com um enxerto de pele (da virilha ou anterior do antebraço ou coxa). Existem outras técnicas de retirada de pele, o que exige planeamento ao longo de um período de meses antes da cirurgia.

Ana Paula Simões é Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia e Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

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