Rio Grande do Sul

Cidreira volta a investir no cultivo de cebola

O município de Cidreira, no Litoral Norte, chegou a ser referência no cultivo de cebola de 1850 a 1950, por ter um solo e temperatura adequada para a planta se desenvolver. Por apresentar uma situação favorável e por sete famílias de agricultores manifestarem a intenção de plantar cebola novamente, a Emater/RS-Ascar deu início à Campanha Aquisição de Sementes de Cebola e, nesta semana, os produtores receberam as sementes orgânicas compradas e, em seguida, darão início ao plantio.

A Emater/RS-Ascar, a partir da demanda dos produtores, foi em busca de fornecedores que apresentassem sementes de boa qualidade para que eles pudessem ampliar pequenos plantios, já que vinham apresentando bons resultados. A compra foi feita pelos produtores, mas intermediada pela Instituição, pois as sementes foram compradas coletivamente em função do preço e vieram por correio. Além disto, a Emater/RS-Ascar segue com os produtores prestando Assistência Técnica em todas as etapas do cultivo, sanando duvidas sempre que necessário.

Dentre os produtores que encomendaram sementes está Flavio Luz, que se diz empolgado em ver o município investir na cultura. Ele conta que quando seus ancestrais vieram para a Fortaleza, zona rural de Cidreira, por volta do ano de 1850, seu bisavô trazia consigo uma mala de garupa e uma garrafa com sementes de cebola e se instalou na região. “Então a cebola se tornou uma das economias deste local, assim como o couro, charque e cabelo de cavalos”, recorda Luz.

A produção era transportada por carretas de boi, por familiares de Luz, que saíam de Cidreira e viajavam pela estrada de chão batido (que hoje é a RS 040) até chegar em Porto Alegre. As mercadorias negociadas na Capital eram transportadas para São Paulo e para outras localidades do país. Destas viagens, aproveitavam para trazer os mantimentos necessários para abastecer as casas e os poucos armazéns que haviam na região.

As cebolas e outros produtos agrícolas também tinham bom mercado na época do veraneio, quando os turistas iam aproveitar a praia. Segundo Luz, naquela época, cada casa na zona rural tinha sua plantação de cebola que chegava, em média, a um hectare. O agricultor conta como era trabalhoso plantar mudinha por mudinha, todas as famílias se reuniam em uma propriedade e organizavam mutirão para que todos se ajudassem no plantio das sementes. Nesse dia, fazia-se um baile que durava até o outro dia, quando marcavam a data da mudança das mudas para as outras propriedades. No dia da mudança, realizava-se o Jogo do Vãozinho. Aqueles que pretendiam namorar participavam do jogo, pois para que se plantassem as mudas, era necessário deixar um vão de uns 30 cm; então iam aos pares, um abria o vão e o outro plantava a muda, assim passavam o dia, e o desenrolar do namoro se dava à noite, no baile.

Agora a Emater/RS-Ascar, em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), e os produtores estão com expectativas de retomar os áureos tempos, pois, como ressalta Luz, Cidreira tem o solo e a temperatura adequados para tal plantio.

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