Por João Darzone
advogado
12.04.2021
A frase a “história se repete” é um preceito que se encontra incrustado na memória coletiva desde os tempos mais remotos da humanidade em civilizações e culturas que desenvolveram qualquer concepção de tempo.
Alguns definem que talvez a agricultura tenha incutido essa ideia, pois para plantar e colher os frutos da terra é preciso preparar a terra, irrigar, arar, cuidar de forma precisa, ou como ciclo repetido de intervalos de tempo, um tempo cíclico.
A ideia filosófica e empírica de “ciclo de tempo”, surgiu na Grécia primitiva, onde a concepção de que o tempo não tem começo, nem fim, o tempo cíclico, seria um eterno retorno permanecendo eternamente em sequência de ciclos repetitivos, sendo a história marcada pela eterna reedição de acontecimentos passados. Um círculo eterno de repetição tal como se vê na agricultura.
Essa visão grega de que a história é caracterizada pelo retorno de momentos, é quebrada pela perspectiva linear do tempo e da história que nasceu com tradição judaico-cristã e por esta ótica o movimento do tempo é retilíneo consistindo numa miríade de registros históricos e singulares e sendo uma reta a linearidade do tempo seria finita.
Ou seja, tem começo e fim. Se tem dúvidas leia a Bíblia, ou ainda os trabalhos do professor Dr. Matt Caplan da Universidade do Estado de Illinois, nos Estados Unidos, que teorizou que o fim de tudo será daqui alguns trilhões de anos marcado por uma explosão de uma última supernova….
Uma coisa é certa, tanto a ideia de “ciclos de tempo” na concepção grega primitiva ou a “perspectiva linear” da tradição judaico-cristã, nada mais são que tentativas da mente humana em buscar sentido às coisas e a sua existência caótica, pois ambas visões ajudam, dão sentido e orientam a humanidade o que fazer com seu tempo na terra.
Apesar da visão moderna da história predominante no século XXI, ser a percepção judaico-cristã, o exercício que se propõe hoje é a leitura do texto sob a ótica grego primitiva, ou seja, tempo cíclico com a história se repetindo.
E, antes que o leitor se pergunte qual relação de um filme da Liga da Justiça ou da Marvel Studios e histórias em quadrinhos com filosofia, sociologia, história e política, respondo que a grande influência hoje no cinema são os quadrinhos e estes nada mais são do que uma fonte interminável de metáforas da vida real, pois a linguagem dos quadrinhos incorpora quase todas as expressões conhecidas de arte, tais como desenho, pintura, arquitetura, expressão cênica e narrativa literária, o que demonstra de forma muito evidente que quadrinhos são, em realidade, a nossa nona arte.
E nada melhor que a arte, para começar um debate sobre história e seus ciclos repetitivos, pois a arte retratada ao longo das eras essa sensação de que de fato a humanidade “anda em círculos”.
E o mais paradoxal é que esse “andar em círculos” é perceptível quando telas de quadros de determinados artistas são colocados em uma “linha reta” como por exemplo os quadros de Jean Baptiste Debret que como ninguém retratou acontecimentos históricos do período anterior à independência do Brasil, que colocados em uma linha reta, percebe-se que há similaridade do período do Brasil Império (século XIX) com outros períodos históricos da humanidade, se comparados com a obra “O escravo agonizante de Michelangelo”, escultura que estima-se que tenha sido feita entre 1513 e 1516 e encontra-se no museu do Louvre em Paris.
E como todo ramo da atividade humana tem sempre um máximo expoente de genialidade, no mundo dos quadrinhos este expoente máximo chama-se JACK KIRBY, um gênio incomparável que está em grandeza para os quadrinhos, o que ALBERT EISNTEIN está para a física, ou STEVEN PEARLSTEIN está para a economia, ou ainda o que CHARLES DARWIN é para a biologia, ou STEVE JOBS para tecnologia.
Apenas para dar uma leve “pincelada” na importância de KIRBY na cultura pop, nos últimos 50 anos, ele juntamente com STAN LEE é um dos “pais” da MARVEL COMICS, e um dos principais alicerces criativos da concorrente da própria MARVEL, a DC COMICS.
Praticamente, todos grandes diretores de cinema do porte de JAMES CAMERON, GEORGE LUCAS, STEVEN SPIELBERG, J.J. ABRAMS, RIDLEY SCOTT, JAMES GUNN, ZACK SNYDER, responsáveis pelas maiores bilheterias de todos os tempos, são apenas alguns dos artistas que diretamente foram influenciados pela obra de “JACK KIRBY”, o que é facilmente percebido em franquias tipo Exterminador do Futuro, 300 de Esparta, Guerra nas Estrelas, Marvel Studios e a mais recente versão da Liga da Justiça (SNYDERCUT), e praticamente todos os filmes baseados em graphic novels de quadrinhos.
As obras de KIRBY em termos de influência cultural mereceriam atenção especial de estudiosos brasileiros pois, suas obras praticamente são uma identidade cultural brasileira pouco abordada pelos ditos “cientistas sociais”, mas tiveram uma grande e poderosa influência para os que estão na faixa etária de 30-60 anos.
Mas, um dos capítulos mais interessantes da história de JACK KIRBY, que faleceu em 1994, é que os eventos mais que impactaram sua vida e sua arte foram o resultado direto do fanatismo ideológico tanto nos períodos da guerra quanto nos períodos de paz, vivenciados por ele nos períodos da história do século XX nos EUA e Europa (Primeira Guerra, Grande Depressão, Segunda Guerra, Pós-guerra, Guerra Fria e a “Caça às bruxas”) que revolucionaram a arte e a cultura.
Filho de imigrantes judeus húngaros que se refugiaram nos EUA durante o período da primeira guerra, nasceu em solo americano em 1917 e teve como grande trauma a sua participação na 2ª guerra como soldado diretamente no front na Campanha da Itália. KIRBY ferido em combate, no fim da guerra quase teve as pernas amputadas.
Mas, mesmo os traumas da infância e da guerra, não o tinham preparado para o período do pós-guerra conhecido nos EUA como “Caça às Bruxas” nos anos 50 a 70.
Em 1954, foi a “ciência” que deu a grande largada para uma das maiores campanhas de censura da história dos EUA, com a publicação do livro “Seduction of the Innocent” [Sedução dos Inocentes] do “cientista” psiquiatra Fredric Wertham.
O livro descrevia a indústria de quadrinhos de forma incoerente, atribuindo a essa linguagem a responsabilidade pelos problemas que a juventude apresentava, tais como desvio do comportamento sexual e aumento da criminalidade e da delinquência.
O destaque e autoridade de Fredric Wertham na “ciência psiquiátrica” com todas as suas teorias imediatamente adotadas por psicólogos e psiquiatras, especialistas em saúde mental que imediatamente condenaram (sem checar as fontes que embasam as conclusões de seus estudos) as histórias em quadrinhos, sem considerar a complexa realidade social e econômica do pós-guerra que havia tornado os EUA uma nação com milhares de órfãos da guerra e o país que mais recepcionou as um número incontável de famílias estrangeiras destroçadas economicamente pelas duas grandes guerras.
Esta poderosa força de pressão que culminou na criação da “CMAA – Comics Magazine Association of America” ou Associação Americana de Revistas em Quadrinhos, organização a qual foi atribuída a autoridade pela observância da aplicação do “Código dos Quadrinhos” (Comic Code Authority). Uma espécie de “ONG privada” assumiu em plenos anos 50 a função de bastião moral em território americano, criando o embrião do que hoje se conhece como “politicamente correto”.
O “Comics Code Authority”, ou CCA proibia insinuações sexuais, imagens violentas, histórias de terror e menções à corrupção, rituais pagãos, incitação a rebeldia contra autoridades, “glorificação” de personagens de caráter questionável e descreviam cultos a demônios, zumbis e vampiros entre outros temas, ou seja, censura nua e crua, regidos pela forte influência exercida por grupos religiosos e anticomunistas, que alegavam que os conteúdos das histórias em quadrinhos eram imorais, inadequadas ou considerada muito “fortes” para crianças e adolescentes.
Tanto, a “CMAA – Comics Magazine Association of America” e a aplicação do “Comic Code Authority” não detinham força jurídica para impor qualquer sanção a qualquer autor ou editora, mas mesmo assim conseguiu uma espécie de “boicote” de consumo legitimando quem expressava sua insatisfação pública contra as editoras, pois se tratava de uma iniciativa privada.
O único embasamento do “Dr. Wertham” veio de sua experiência no tratamento de delinquentes juvenis em seu consultório. Ele observou que a maior parte de seus pacientes era consumidor de quadrinhos (uma amostragem insignificante do ponto de vista científico), chegando à conclusão que os jovens eram diretamente influenciados pelas histórias.
Os estudos de Wertham se basearam em dados empíricos, mas fundamentalmente se apoiaram somente em experiências vividas num espaço curto de tempo e com limitado número de indivíduos, baseados na observação de coisas, e não em teorias e métodos científicos, mas cujas conclusões geravam efeitos emocionais em que ouvia as explicações ao mesmo tempo em que desencadeava nos ouvintes a necessidade irresistível de agir contra.
Wertham, e suas teorias criaram nos EUA uma onda titânica de pais de leitores contra autores como JACK KIRBY chegando ao ponto de queimar pilhas de quadrinhos em praça pública, tal como aconteceu na Alemanha Nazista de Hitler 15 anos antes.
KIRBY e toda a indústria de quadrinhos foram o bode expiatório a quem foi atribuída a culpa de toda onda de delinquência juvenil do pós-guerra, e sofreu barbaramente as consequências de um complexo sistema de autocensura privado criado pela “Comics Magazine Association of America” na forma do “Comics Code Authority” [Código de Censura das HQs], que, resumidamente, consistia em um selo de aprovação que as histórias em quadrinhos deviam possuir para circular nas bancas, e assim, toda forma de expressão artística de uma geração foi abafada pela censura em pleno regime democrático em território americano……
Como não houve quaisquer métodos científicos, que comprovassem suas hipóteses, os estudos empíricos de Wertham serviram como uma luva para que grupos radicais ou mesmo para ascensão de políticos carreiristas, e entre eles estava Joseph McCarthy.
Com a “ciência” de Frederic Wertham e a onda deflagrada pelos vários movimentos que surgiram simultaneamente, McCarthy alavancou sua carreira com um mantra em que afirmava que nos Estados Unidos estariam milhares de comunistas infiltrados, agentes soviéticos agindo como espiões, articulando algum movimento contra o país. O senador, reivindicando o patriotismo, solicitava em forma de apelo para que a sociedade estadunidense delatasse os comunistas.
Esta onda afetou severamente o caixa das editoras, pois, é preciso lembrar que eram os pais os grandes financiadores da linhas editorais (os filhos consumiam, mas eram por óbvio os pais que pagavam), e assim rapidamente os distribuidores acabaram por se recusar a comercializar revistas que não tivessem o CCA estampado em suas capas.
No Brasil um compêndio do livro foi publicado quase em tempo real na Revista Seleções do Reader’s Digest, em maio de 1954, e influenciado pelo CCA já nos anos de 1960, as quatro principais editoras brasileiras, que criaram um código chamado “Código de Ética”, que possuía um selo parecido com o do código americano, que dizia: “Aprovado pelo código de ética” e era estampado na capa dos gibis.
Os danos de Frederic Wertham, somente foram definitivamente contidos em 2010 (56 anos depois da publicação livro Sedução dos Inocentes e 24 anos depois da norte de KIRBY), quando os arquivos pessoais do psiquiatra – que faleceu em 1981 -, preservados na Biblioteca do Congresso, foram colocados à disposição do público, quando a professora doutora Carol L. Tilley, da University of Illinois Graduate School of Library and Information Science, num artigo publicado no “Information & Culture: A Journal of History”, que revelou que Wertham modificou os dados obtidos em seus estudos para escrever o livro, como, por exemplo, a idade das crianças, a omissão de fatores mitigantes e a distorção de citações. A pesquisadora descobriu, analisando vários documentos que houve a manipulação sistemática das entrevistas e de outros dados usados no preparo do livro.
A dita “ciência” propagada Frederic Wertham e sua onda puritanista foi baseada em uma fraude, porque ninguém ousou questionar as fontes de pesquisa, isso nos Estados Unidas da América.
E você achando que os militares brasileiros foram originais ao criar a censura no Brasil……
KIRBY, dizia nos bastidores que tanto o fanatismo comunista quanto o fanatismo anticomunista eram a grande arma de destruição em massa da inteligência, que apenas tinha a desagradável eficácia na criação do surgimento de ditadores ou falsos profetas, que “surfavam a onda do falso moralismo” ou, ainda tinham “delírios de grandeza” que os faziam acreditar que eram os únicos corretos para comandar a humanidade, ou ainda levar a América para seu estado de glória.
Note que os vilões nos quadrinhos sempre são os arquétipos que pensam que sabem mais que todos e querem a qualquer custo impor sua verdade, mesmo que isso custe a destruição do mundo. Esta conotação vem desta perspectiva de muitos autores.
KIRBY, para ilustrar o que representam o fruto do fanatismo ideológico criou as duas das mais conhecidas figuras do mundo nerd da atualidade: DARKSEID e THANOS. E aqui, como todo bom “decenauta”, o autor não pode perder a oportunidade de alfinetar os “marvetes” com uma frase que só os “nerd raiz” entenderão: “Thanos nada mais é do que uma cópia de Darkseid, logo se, Thanos é cópia, KIRBY o criou.”.
KIRBY, para driblar a censura imposta pelo CCA cria uma das metáforas mais poderosas dos quadrinhos que representam o fanatismo ideológico: “A EQUAÇÃO DA ANTI-VIDA”
Na concepção kirbyana a “Equação Anti-Vida” é algo que dá ao seu usuário a capacidade de controlar todas as formas de vida sencientes do universo, destruindo suas vontades individuais e fazendo-os se curvarem ao propósito maior do usuário da “Equação Anti-Vida”.
Para KIRBY, tanto a “equação anti-vida” quanto “fanatismo ideológico”, são basicamente a mesma forma de controle mental absoluto. É a arma definitiva que foi usada ao longo da história da humanidade para a destruição, portanto, líderes como Hitler, Mussolini, Stalin, Fidel Castro, ou mesmo os ditos líderes de democracias ocidentais tinham em seus comandos hierarquizados a sua disposição, a possibilidade de mandar soldados para a guerra em qualquer lugar do mundo.
E é aí que o nome da equação começa a fazer sentido. Segundo Jack Kirby, “se alguém possui o controle absoluto sobre você, então você não está realmente vivo”, e esse, é o conceito que o lendário desenhista quis trazer para essa “arma” magnífica e odiosa, estabelecendo seu papel como a equação mais perigosa de todo o universo.
Como é uma equação, um princípio matemático, a “Anti-Vida” possui uma complexa fórmula cheia de detalhes intricados, mas cujo resultado leva sempre ao fanatismo ideológico (que no caso, dos quadrinhos era representado pelo vilão DARKSEID), mas pode ser resumida da seguinte forma:
Agora, o leitor analise com calma a equação. Não parece que é a descrição no mundo pós-covid? Não parece que o embate criado pelos políticos em torno de questões tais, como, tratamento precoce, lockdown, vacinação, covid-19, dependendo do ângulo em que discutido não parece ser parametrizado pela equação anti-vida de JACK KIRBY?
O desespero, a solidão, medo, e outros sentimentos negativos que colocaram milhões de pessoas por decisões erradas de vários prefeitos, governadores e presidente da república em razão da autovalorização, da zombaria de consequências (pela falta de percepção dos fatos) que culminou numa série de mal entendidos que causam vergonha e culpa que nublam os julgamentos racionais em posições emocionais que tornam impossível qualquer entendimento, não é a situação que vivemos?
O atual estado social de estresse gerado pelo COVID-19, não parece similar ao estresse de eventos que culminaram em decisões politicas açodadas e mal gerenciadas com intuído de rapidamente resolver uma cadeia de fatos complexos tal qual nos anos 50?
Note que o fanatismo ideológico por determinadas soluções para amenizar a crise covid-19, propagado por vários agentes políticos nada mais é do que é a repetição do que aconteceu nos anos 50, e quase liquidaram com a nona arte, cujos estudos negativos se basearam em dados empíricos sem comprovação cientifica, e colocam a pecha de “negacionista” todos aqueles que tentar contra-argumentar apontando outros elementos científicos ou mesmo empíricos?
Percebe-se, que em 2021, até tem-se a replicação da censura privada do que nos anos 50 era exercida pela Associação Americana de Revistas em Quadrinhos, através do selo “Comics Code Authority” , e hoje executada em tempo real pelos algoritmos de controle das grandes Big Techs (Facebook, Google, Instagram, Twitter, WhatsApp) que definem dentro de seus parâmetros o que é digno de ser divulgado, justamente porque não suportam opiniões contrarias baseadas em visão de mundo ou evidencias cientificas que não sejam a sua ou que se enquadrem em seus conceitos “privados”.
Se você questiona as decisões definidas por centros de poder (lockdown por exemplo), automaticamente o fanatismo ideológico/equação anti-vida entra em cena e domina um verdadeiro exército de pessoas que automaticamente aderem a ideias pré-concebidas por agentes políticos e midiáticos que incutem medo, alienação e desespero que é o terreno emocional perfeito em que os cooptados perdem “razão” e passam agir destituídos de suas vontades individuais uns por desespero outros por puro oportunismo (caso de prefeitos chorões em lives de facebook, governadores tiranos com discurso bonitinho cheios de frases de efeito).
Porém, pior do que ocorrido nos 50, o grande bode expiatório no Brasil, passou o ser o comércio, pois, informações distorcidas e dados totalmente empíricos que justificam prefeitos e governadores a implementar o “LOCKDOWN”, criaram a onda de fanatismo ideológico milhares de vezes maior do que a queima de gibis nas praças americanas.
Os fanáticos tiranetes (prefeitos e governadores) sem pestanejar sacrificam sem dó nem piedade milhares de pequenos negócios, atacando justamente as atividades econômicas que dão sustento as classes baixas e média e se sobrepondo as liberdades individuais a qualquer preço usando sem moderação “LOCKDOWN” um preceito sem nenhuma comprovação cientifica que em última análise resulta para os governantes a agradável consequência de controlar toda e qualquer vida e usar a sua força contra os que se opõe e a seus opositores.
Apesar do articulista compreender que a melhor forma de previr contágio ainda sejam as “medidas sanitárias” combinadas com “distanciamento social” não se pode compreender que muitas das medidas impostas pelo Governador Eduardo Leite e pelo prefeito Ary Vanazzy que visam em tese proteger a população, estão na verdade criando consequências desastrosas pelas milhões de pessoas ao arruinar suas fontes de sustento, sem que aqueles ao menos considerem os argumentos contrários e as súplicas de homens e mulheres que estão vendo sua vida desmoronar, como se estivessem de fato possuídos pela “equação da anti-vida.”
Note que muitas das medidas implementadas se dão no açodamento e com pouquíssimo tempo para que as pessoas possam se organizar. Faz sentido que muitas medidas mais criam aglomerações do que dispersam as multidões? Faz sentido o comércio não funcionar 24 horas por dia dentro regras de distanciamento social e com regras sanitárias tal qual grandes indústrias e refinarias de petróleo?
Com que autoridade homens como Eduardo Leite e Ary Vanazzi definem para milhões de pessoas o que é ou não essencial? Qual a base cientifica que esses “iluminados” seguem para usar a força coercitiva do “Estado” para “poder de matar” sem direito ao contraditório milhões de postos de trabalho?
Apesar de parecer irresistível não ser controlado pela equação anti-vida, Willian Shakespeare já no século XVII nos dava um preceito fundamental para não ceder a submissão e sempre questionar soluções fáceis com uma única frase: “O sábio não se senta para lamentar, mas se opõe alegremente a sua tarefa de reparar o dano feito”
Essa premissa shakesperiana serve como uma luva para não se respeitar a autoridade dos terroristas emocionais que são hoje a mídia amestrada e um exército de políticos metidos a salvadores que simplesmente preocupados com seu umbigo (ou projeto de poder) replicam bordões de coronéis nordestinos de meia-pataca sem estatura moral ou intelectual de aceitar outras perspectivas que podem agregar valor a iniciativas para resolver os grandes problemas enfrentados pela sociedade neste momento de pandemia.
E neste ponto, diretamente aponta-se a artilharia crítica aos “defensores da liberdade” que são leões contra ditadura de 1964, mas que em 2021 se calam diante da opressão imposta por prefeitos e governadores contra cidadãos que querem trabalhar dentro das regras de distanciamento social e protocolos sanitários, não passando de adoradores do mantra da equação anti-vida em prol de seus projetos de poder.
E como para toda ação na natureza tem uma reação igual e contrária, como se essa lei fundamental da física newtoniana fosse uma das explicações matemáticas que explicam o “tempo cíclico” tem-se que a “equação Anti-Vida” pode ser totalmente neutralizada pela “equação da Vida” , a fim de que se possa realizar o que é a atitude humana fundamental para reagir as adversidades e que restaura as capacidades humanas que a torna uma espécie única: livre-arbítrio, capacidade de amar, de compreender, de alegrar-se, de ser altruísta, de respeitar, de cuidar, de construir, de almejar dignidade, de preservar a inocência, de almejar sucesso, aceitação da vida e da morte e a crença no renascimento.
Eis, a formula da “equação da Vida”:
Ao contrário da Equação Anti-Vida que tira uma pessoa do seu livre-arbítrio, A Equação da Vida é um poder todo consumidor que tem a capacidade de reestruturar a realidade mudando sua fórmula em torno de reescrever a própria realidade da existência, e representa os atributos da própria vida.
JACK KIRBY, deu o caminho para a identificação dos vilões quando eles não são visíveis, apontou com maestria que o grande inimigo da humanidade está travestido de grande líder, de grande salvador, mas no seu íntimo deseja roubar o bem mais precioso do ser humano e que o diferencia das demais criaturas da terra: sua capacidade de pensar e questionar.
O poder das equações está na mão de cada um, porém não há como deixar de considerar uma das frases mais icônicas do velho Karl Marx escrita no “18 Brumário de Luís Bonaparte” em 1852: “A história se repete, a primeira vez como tragédia, e a segunda como farsa.”
FONTES:
- ECO, U. Apocalípticos e Integrados. 2. edição. Coleção Debates, n. 19, São Paulo: Editora Perspectiva, 1987.
- HOWE, S. Marvel Comics: a história secreta. São Paulo: LeYa, 2013
- WERTHAM, F. Revistas em Quadrinhos: guia para a delinqüência. Compilação do livro Sedução dos Inocentes.In: Seleções do Reader’s Digest, maio de 1954, p. 24-30.
- COMICS MAGAZINE ASSOCIATION OF AMERICA. Comic Code Authority. Lambiek Comiclopedia. Available en: https://www.lambiek.net/comics/code.htm.
- LAINE, JEAN-MARC – OLIVIER, THIERRY “Fredric, William E A Amazona. Perseguição E Censura Aos Quadrinhos” (graphic Novel), São Paulo: Editora Pipoca & Nanquim, 2021
- 6. https://universohq.com/noticias/fredric-wertham-manipulou-dados-do-livro-seducao-do-inocente/