“Economia americana segue em franca expansão”, avalia economista

Com participação direta dos Estados Unidos, o estrategista-chefe da Avenue Securities, William Castro Alves, palestrou nesta segunda-feira (9) na reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) sobre a retomada da economia e apresentou uma radiografia do mercado norte-americano. O evento foi alusivo aos 30 anos da Mercopar, feira de inovação industrial sediada em Caxias do Sul.

De acordo com o economista, os números mostram que a economia americana segue em franca expansão, gerando mais empregos. “Em julho, foram gerados 943 mil postos de trabalho na economia americana, e a taxa de desemprego caiu de 5.9% para 5.4%. O mercado esperava a criação de 845 mil vagas e uma taxa em 5.7%, ou seja, os dados foram melhores que o esperado”, salientou Alves, mencionando que a recuperação do consumo, que representa 60% do PIB norte-americano, foi muito rápido.

Ainda de acordo com o palestrante, que é formado em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a discussão atual do mercado americano é se retira ou não os estímulos monetários e aumenta os juros. Ele acredita que esta expectativa de juros em alta deve se cumprir até meados de 2022. Além disso, os balanços das empresas trazem números positivos. Mais de 340 empresas do Índice S&P 500 divulgaram seus números: 89% delas bateram as estimativas de lucro, e com lucros crescendo em média 88%.

Em relação ao Brasil, Alves disse que “o PIB vai dar uma arrefecida. Vamos crescer menos do que os Estados Unidos, e, para 2022, um crescimento ainda menor, só de 2%. Essa é a expectativa em geral de mercado. Obviamente que esse crescimento é puxado por alguns setores. Como sempre, no Brasil, o agrícola puxa muito”, argumentou.

Afirmou ainda que o risco associado ao País vem aumentando. De acordo com ele, as notícias e análises chamando a atenção para o elevado risco fiscal e a possibilidade de políticas fiscais mais frouxas, beirando o populismo, elevaram o indicador. O economista acrescentou que o risco da criatividade estatal, especialmente em um ano eleitoral, buscando uma reeleição, preocupa bastante. Por isso o dólar não cede.

O economista também falou sobre os possíveis impactos econômicos, principalmente sobre o crescimento da China, em consequência da alta de casos da variante delta do coronavírus no mundo, que pode gerar lockdowns e consequentemente travar a economia. “A preocupação com a ressurgência do coronavírus vem assustando não só na China, mas também na Indonésia e no Vietnã, onde os casos tiveram uma alta muito forte. “Super importante a vacina mais do que nunca. Aqui nos Estados Unidos, tem parcela da população que não quer a vacina. O fato é que tem sido uma dificuldade, e a gente tem visto os casos delta crescerem bastante nas diferentes partes do globo”, observou.

Os 30 anos da Mercopar

A Mercopar (Feira de Inovação Industrial), espaço de geração de relacionamentos e negócios, disseminação de conhecimento sobre tendências da indústria e estímulo à economia, está completando 30 anos. Para falar sobre estas três décadas, o diretor-superintendente do Sebrae-RS, uma das entidades realizadoras, André Vanoni de Godoy, apresentou os fatos mais marcantes da linha do tempo da maior feira de inovação e negócios da América Latina.

No ano passado, a Mercopar bateu recorde, com R$ 128 milhões em negócios gerados para os segmentos metalmecânico, tecnologia da informação, energia e meio ambiente, borracha, automação industrial, plástico, eletroeletrônico, movimentação e armazenagem e Startups. Foi a única feira de negócios realizada em 2020 no País.

A 30ª edição está confirmada para os dias 5, 6 e 7 de outubro, no Centro de Feiras e Eventos Festa da Uva, em Caxias do Sul. De acordo com Godoy, ao enfatizar a discussão sobre o futuro da indústria e sinalizar tendências e inovações, a Mercopar será extremamente importante para a retomada da economia.

Na abertura da reunião-almoço, o presidente da CIC Caxias, Ivanir Gasparin, afirmou que “é notável a evolução da Mercopar nestes 30 anos. Uma evolução natural, que acompanhou a velocidade do processo de transformação industrial e que permitiu avanços significativos de produtividade, até chegarmos ao conceito de indústria, e por que não dizer também, de liderança 4.0”.

Gasparin também lembrou a atuação do Sebrae-RS como uma entidade que ao longo de sua existência tem atuado fortemente para o desenvolvimento da indústria, do comércio e dos serviços, ajudando empreendedores a se tornarem bons empresários.