Saúde

Tricologista explica as etapas da calvície feminina

Silenciosa, lenta, gradativa, a calvície androgenética tem sido cada vez mais diagnosticada em mulheres

Quem pensa que uma atenção de um dia resolve a queda de cabelo está enganado. A quantidade de cabelo que cai no ralo do chuveiro não pode ser considerada normal ao longo da vida, muito pelo contrário. Segundo o médico e tricologista Dr. Ademir Carvalho Leite Júnior, essa queda pode indicar uma possível alteração no couro cabeludo que precisa ser investigada.

Uma das condições que podem ser identificadas é a alopecia androgenética, nome que pode ser substituído por calvície feminina ou masculina. No caso das mulheres, geralmente elas não chegam ao consultório suspeitando desse diagnóstico. O tricologista explica que é comum a paciente ser encaminhada ao especialista por causa do eflúvio telógeno, uma doença que causa desespero, pois a pessoa tem a impressão de que vai perder todo o cabelo de um dia para o outro.

O eflúvio é caracterizado por uma queda de cabelo muito acima do normal em situações do dia a dia, como escovar os cabelos. A pessoa pode perder mais de 300 fios por dia, enquanto o normal é até 100 fios diários.

De acordo com o especialista, o eflúvio é um sinal de problemas futuros. Embora possa ser assustador passar por essa fase, é possível reinterpretá-la como um sinal positivo, pois levou a pessoa ao consultório médico antes do desenvolvimento de uma calvície feminina precoce. A mulher precisa enxergar essa experiência negativa como transformadora, até mesmo agradecer por ter acontecido, para tomar as medidas necessárias e evitar uma piora do quadro.

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Ao receber o diagnóstico de eflúvio, é indicado um tratamento para promover a recuperação do cabelo. A perda capilar pode ser quantitativa, resultando na diminuição do número de fios, ou qualitativa, com a progressiva redução da espessura dos fios até desaparecerem. Esses padrões podem ocorrer juntos ou separadamente, e esse é um alerta para a calvície.

A alopecia androgenética é uma manifestação de evolução lenta e quase imperceptível. Geralmente, é observada a queda “tradicional” vista no ralo do chuveiro. Com o passar do tempo, sua incidência aumentou devido ao novo estilo de vida das mulheres, com maior carga de trabalho, estresse, responsabilidades e mudanças nos hábitos alimentares. O médico ressalta que pode não haver alterações laboratoriais nos exames, como desequilíbrios hormonais, deficiência de vitaminas ou menopausa, mas normalmente há indícios desses problemas.

“Com base na experiência clínica ao longo dos anos, é possível observar as alterações no couro cabeludo feminino. Duas décadas atrás, havia uma mulher para cada 20 homens atendidos; hoje, a proporção é de três homens para cada 17 mulheres”, explica o especialista.

Padrões de queda capilar

Existem diferentes padrões de perda capilar na alopecia androgenética. Um deles é a rarefação no meio do couro cabeludo, que se estende ao longo do tempo, afetando também as laterais e a região posterior, como uma extensão da queda. Outro padrão comumente observado é chamado de “árvore de Natal”, que ocorre na área central. Nesse caso, há uma sobreposição entre a linha central de queda de cabelo e um triângulo, com a ponta no topo da cabeça e a base na linha frontal.

Além da visível perda de cabelo, podem surgir outros desconfortos, como coceira, dor, seborreia, maior sensibilidade no couro cabeludo e dermatite associada. Quando o tratamento é iniciado, busca-se a recuperação da massa capilar dentro dos limites determinados pelo organismo feminino, levando em consideração a idade e a condição de saúde da paciente.

Diferentes tratamentos

“Vale lembrar que mesmo seguindo o tratamento à risca, a mulher não vai voltar a ter o mesmo cabelo viçoso que tinha aos 30 anos, por exemplo. Mas há uma melhora significativa no volume capilar e, principalmente, na autoestima”, frisa.

As opções de tratamento devem ser apoiadas por mudanças de hábitos, como estabelecer rotinas de higiene, incluindo dias e horários para lavagem dos cabelos e controle da temperatura da água. Além disso, estratégias de procedimentos podem ser adotadas, como o uso de cosméticos, óleos essenciais, argilas, lasers, entre outros.

A escolha da melhor opção de terapia capilar, como intradermoterapia e microagulhamento, deve ser feita levando em consideração as características individuais de cada paciente. Na opinião do médico, a terapia capilar é o tratamento mais versátil, pois engloba diversos mecanismos de solução.

No entanto, em alguns casos, mesmo após o tratamento com medicamentos, suplementos, mudanças de hábitos e higiene, a solução desejada pode não ser alcançada. Nesses casos, podem ser consideradas intervenções cirúrgicas ou cosméticas, como o uso de pós e sprays que disfarçam as falhas no couro cabeludo, ou o uso de próteses capilares.

As próteses estão cada vez mais naturais e bem-feitas, sendo uma opção válida para pacientes que não conseguem alcançar a recuperação capilar desejada e não se adaptam à nova aparência. Outra opção a ser avaliada é o transplante de cabelo.

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