Cidades do RSGeralRio Grande do SulSanta Catarina

Expedição registra mais de 200 baleias-francas no litoral sul do Brasil

Monitoramento aéreo cobriu os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná entre os dias 15 e 18 de setembro

A Expedição Baleia-Franca é uma iniciativa que realiza o monitoramento aéreo das baleias-francas que visitam o litoral sul do Brasil entre os meses de julho e novembro. O objetivo é acompanhar a população desses animais, que são considerados ameaçados de extinção, e contribuir para a sua conservação.

A expedição é uma ação conjunta do Programa de Monitoramento das Baleias-francas da SCPAR Porto de Imbituba (SC) e do Projeto Franca Austral, realizado pelo Instituto Australis, com patrocínio Petrobras.

Quantas baleias-francas foram avistadas?

Entre os dias 15 e 18 de setembro, a expedição realizou um sobrevoo estendido que cobriu os litorais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Ao todo foram 1,2 mil quilômetros percorridos de helicóptero.

Foram avistadas 225 baleias-francas (110 mães, acompanhadas de filhotes, e cinco adultas sozinhas). A maior concentração ocorreu em Santa Catarina, entre a praia de Ibiraquera, Imbituba, e Mar Grosso (Laguna). Em Florianópolis foram avistadas baleias nas praias de Joaquina e Moçambique. No Rio Grande do Sul, a maior quantidade foi registrada entre Capão da Canoa e Tramandaí. Já o Paraná não contou com avistagens.

Segundo Eduardo Renault, Gerente de Pesquisa do ProFRANCA, “em relação aos anos anteriores, foi período com um número de baleias acima da média, próximo do número registrado em 2022. O padrão de distribuição esteve semelhante, mas o interessante foi ter poucas baleias em enseadas tradicionais do trecho norte da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, como a enseada da Gamboa, em Garopaba. Fugiu um pouco do padrão que costumamos registrar”.

Quais são as características das baleias-francas?

As baleias-francas são mamíferos marinhos que podem medir até 18 metros de comprimento e pesar até 80 toneladas. Elas se alimentam principalmente de pequenos crustáceos chamados copépodes. Elas possuem calosidades sobre a cabeça, que são únicas para cada indivíduo e permitem a sua identificação.

As baleias-francas migram para as águas temperadas do litoral sul do Brasil no inverno e na primavera para se reproduzir e cuidar dos filhotes. Elas preferem as enseadas protegidas das ondas e dos ventos fortes, onde encontram condições ideais para o desenvolvimento dos filhotes.

Quais foram os destaques do sobrevoo?

Durante o sobrevoo, a equipe de monitoramento aéreo registrou algumas baleias antigas conhecidas, entre elas a Zebrinha, catalogada com o número B194, conhecida desde 2002, que neste ano teve um filhote semi-albino. Também foi registrada uma baleia que havia sido vista na praia do Moçambique, com um pedaço de rede de pesca preso à cabeça – e agora já livre da intempérie.

Baleia Franca com filhote semi-albino no litoral de Santa Catarina – Foto por: Carolina Bezamat

Chamou a atenção uma rara baleia semi-albina fêmea. A ocorrência dessa característica tem sido registrada no Brasil, porém são raras as baleias-francas fêmeas com esta característica. Foi a primeira vez que o fato é detectado no litoral brasileiro.

As fotos das baleias serão utilizadas na identificação dos indivíduos adultos e na atualização do catálogo fotográfico da população brasileira de baleias-francas.

Como acompanhar a Expedição Baleia-Franca?

A Expedição Baleia-Franca divulga os resultados dos sobrevoos e outras informações sobre as baleias-francas nas redes sociais do Instituto Australis (Instagram e Facebook) e do Porto de Imbituba (Facebook e Instagram).

Também é possível acompanhar as baleias-francas de perto, através do turismo de observação embarcada, que é regulamentado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e realizado por operadoras credenciadas. A atividade é uma forma de sensibilizar as pessoas para a importância da conservação desses animais e de gerar renda para as comunidades locais.

Importância do acompanhamento

De acordo com Mariana Silvano, bióloga da empresa Acquaplan, empresa contratada do Porto de Imbituba e que integrou a equipe aérea da expedição, “na região do Porto, foram avistados diversos grupos de baleias-francas, demonstrando a importância dessa área para a espécie, o que reforça a relevância do acompanhamento contínuo das atividades portuárias por pesquisadores”.

De acordo com Karina Groch, diretora de Pesquisa do ProFRANCA, “já tínhamos a expectativa de ser uma temporada com grande quantidade de baleias, pelos números que vimos registrando desde junho, quando da chegada dos primeiros indivíduos. O trabalho de conscientização e de monitoramento tem sido essencial para sua preservação, conservação e aumento de indivíduos”, esclarece Karina. Desde o início do monitoramento, na década de 1980, o maior número foi registrado em 2018, quando 273 baleias foram avistadas.

Equipe de Voo – Foto: Divulgação /ProFRANCA

Para Paulo Márcio de Souza, gerente de Meio Ambiente da SCPAR Porto de Imbituba, a Expedição Baleia-Franca trouxe resultados excelentes para todos que trabalham pela conservação da espécie. “O sobrevoo estendido mostrou que a população está cada vez ocupando mais áreas ao longo da costa do sul do Brasil, o que reforça o compromisso de todos nós para cuidar e proteger essas gigantes”, disse.

Monitoramentos

Um monitoramento sistemático a partir de terra está sendo realizado pelo projeto ProFRANCA ao longo de 15 pontos fixos na região da APA da Baleia Franca. A metodologia empregada dá continuidade aos estudos de longo prazo realizados pelo Instituto Australis, para avaliar a abundância, o padrão de distribuição, a sazonalidade e o comportamento das baleias-francas.

Na região do Porto de Imbituba, o Programa de Monitoramento das Baleias-Francas integra o Plano de Controle Ambiental (PCA) da SCPAR Porto de Imbituba. Realizado há 15 anos, o trabalho abrange duas metodologias: monitoramento aéreo e terrestre. Por terra, a observação ocorre em pontos fixos nas enseadas das praias do Porto e da Ribanceira, entre os meses de julho e novembro, e é executado pela empresa Acquaplan Tecnologia e Consultoria Ambiental.

O monitoramento da frequência dos cetáceos na região possibilita que o Porto estabeleça controles operacionais voltados à conservação da espécie. “As informações coletadas ao longo da temporada permitem analisar a frequência de uso e comportamento das baleias, a fim de garantir a segurança e a conservação da espécie em harmonia com a continuidade das operações portuárias”, avalia Camila Amorim, oceanógrafa da SCPAR Porto de Imbituba.

As baleias-francas

A baleia-franca é uma espécie ainda ameaçada de extinção no Brasil, e conta com uma população estimada em cerca de 500 indivíduos e uma taxa de crescimento de 4% ao ano. Os números são resultado de uma tese de doutorado, contemplando uma análise de 15 anos de dados dos sobrevoos de monitoramento da espécie. A realização e continuidade deste monitoramento sistemático de longo prazo é fundamental para acompanhar a recuperação populacional da espécie no sul do Brasil.

O ProFRANCA – Projeto Franca Austral – é realizado pelo Instituto Australis e conta com patrocínio da Petrobras e do Governo Federal, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

Para saber mais visite www.baleiafranca.org.br e acompanhe nossas redes sociais @institutoaustralis.

Botão Voltar ao topo