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O Desafio de Preservar a Cultura Alemã e eleições 2024: Prefeito Precisa de Coach para Assumir Responsabilidades, Oposição Precisa de Projetos

POR: João Darzone - Presidente do Observatório Social de São Leopoldo

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São Leopoldo, cidade historicamente conhecida como berço da colonização alemã no Rio Grande do Sul, enfrenta um desafio preocupante: a perda gradual de sua identidade cultural germânica. Apesar das comemorações dos 200 anos da imigração alemã em 2024, a realidade é que a cultura alemã está se desvanecendo na cidade, deixando poucos vestígios de sua rica herança.

A ausência de um “Plano de Fomento Cultural da Cultura Germânica” tem contribuído significativamente para essa desnaturação cultural. A arquitetura da cidade, outrora marcada por traços germânicos, agora exibe construções de gosto duvidoso e sem personalidade.

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A sede da prefeitura, por exemplo, com sua arquitetura insípida, mais se assemelha a um prédio soviético do que a um símbolo da colonização alemã. As construtoras locais, mesmo em empreendimentos de alto padrão, entregam edificações de baixa qualidade e sem criatividade, contribuindo para a descaracterização da cidade.

No âmbito gastronômico, a situação não é diferente. A culinária alemã, antes presente e apreciada, tornou-se praticamente inexistente em São Leopoldo. As novas gerações, nascidas após 1999, crescem sem qualquer lembrança dos sabores típicos alemães. Apenas alguns pratos, como a cuca, resistem, graças aos esforços de poucos chefs comprometidos em manter viva a tradição culinária local.

Essa verdade incômoda sobre a morte da cultura alemã em São Leopoldo requer atenção urgente. É necessário um esforço conjunto da administração pública, da iniciativa privada e da comunidade para reverter esse processo de apagamento cultural.

A implementação de políticas públicas voltadas para a valorização e preservação da herança germânica é fundamental, como incentivos fiscais para empreendimentos que resgatem a arquitetura típica, programas de incentivo à gastronomia alemã e iniciativas educacionais que promovam a história e a cultura alemã nas escolas.

A Festa da Imigração, que celebra os 200 anos da chegada dos alemães, deve ser mais do que uma simples comemoração. Ela deve ser um ponto de partida para uma reflexão profunda sobre a importância da preservação cultural e um chamado à ação para resgatar e fortalecer a presença da cultura alemã em São Leopoldo.

Somente com um esforço coletivo e um compromisso genuíno com a valorização da herança germânica, a cidade poderá reencontrar sua identidade e orgulhar-se de suas raízes.

Além das medidas mencionadas, é crucial envolver a comunidade local nesse processo de resgate cultural. A criação de associações e grupos culturais que promovam a língua, a música, a dança e as tradições alemãs pode ser um passo importante para manter viva essa herança.

Esses grupos podem organizar eventos, workshops e festivais que celebrem a cultura germânica, atraindo a participação da população e despertando o interesse das novas gerações.

A gastronomia também pode ser um importante aliado nesse processo. O resgate e a valorização da culinária alemã, por meio de restaurantes temáticos, feiras gastronômicas e festivais, pode atrair turistas e movimentar a economia local. É preciso incentivar os empreendedores locais a investir nesse segmento, oferecendo capacitação, linhas de crédito e apoio institucional.

No âmbito educacional, é essencial que as escolas de São Leopoldo incluam a história e a cultura alemã em seus currículos, desde o ensino fundamental até o ensino médio. Isso pode ser feito por meio de disciplinas específicas, projetos interdisciplinares e atividades extracurriculares, como visitas a museus e exposições. A educação é uma ferramenta poderosa para sensibilizar as novas gerações sobre a importância da preservação da herança germânica e para formar cidadãos conscientes e orgulhosos de suas raízes.

Outra estratégia relevante é a valorização do patrimônio histórico relacionado à imigração alemã. A restauração e preservação de edificações históricas, como a Casa do Imigrante e a Igreja Matriz, podem se tornar pontos de referência e orgulho para a comunidade.

A criação de roteiros turísticos temáticos, que explorem a história da colonização alemã e os locais significativos, pode atrair visitantes e fomentar a economia local, além de reforçar a importância dessa herança cultural.

No entanto, é importante ressaltar que a preservação da cultura alemã não deve ser vista como uma tentativa de isolamento ou exclusão de outras influências culturais. São Leopoldo é uma cidade diversa, que abriga diferentes etnias e tradições. A valorização da herança germânica deve ser parte de um mosaico cultural mais amplo, que celebre a diversidade e promova o diálogo intercultural.

A mídia local também pode desempenhar um papel significativo nesse processo de resgate cultural, produzindo reportagens, documentários e programas que abordem a história, a cultura e as tradições alemãs, sensibilizando a população e despertando o interesse pela preservação dessa herança. A divulgação de eventos culturais e iniciativas relacionadas à cultura germânica pode ampliar o alcance e o engajamento da comunidade.

Por fim, é fundamental que haja um compromisso político e administrativo com a valorização da cultura alemã em São Leopoldo, e a responsabilidade de preservar e promover a cultura alemã em São Leopoldo deveria ser capitaneada pelo poder executivo e legislativo da cidade.

No entanto, o que se observa é que essa diretriz parece ganhar destaque apenas uma vez por ano, durante a São Leopoldo Fest, onde políticos aproveitam a oportunidade para tirar selfies e tecer autoelogios.

É lamentável que a valorização da herança germânica seja reduzida a um evento pontual, sem um compromisso contínuo e efetivo por parte das autoridades locais.

Aliás, cabe aqui uma observação preocupante: alguns políticos, como o prefeito de São Leopoldo Ary Vanazzi, parecem ter saído diretamente de um manual de autoajuda duvidoso.

Com sua tendência a se autoelogiar e a promover uma imagem grandiosa de si mesmos, eles mais se assemelham a políticos alemães dos anos 1940, com seus frequentes arroubos de injustificável grandeza. É de se questionar se um curso intensivo de coaching focado em autopromoção e autoimportância fez parte de sua formação política.

Curiosamente, desde que assumiu o poder em 2004, o prefeito tem demonstrado uma habilidade impressionante em atribuir a culpa de seus fracassos a terceiros.

Aparentemente, a gestão tucana de 2012 a 2016 se tornou o bode expiatório perfeito para justificar as falhas e a falta de realizações de seus governos (2004/2008-2008/2012-2016-2020/2024).

E sim, no futuro em outros artigos iremos debater os custos financeiros de ditas realizações, que acredite, muitas obras da Gestão Vanazzi tem custos muitíssimo altos e de duvidosa eficácia, como por exemplo da Secretaria de Segurança e a reforma da Rua Independência.

Afinal, é muito mais fácil apontar o dedo para os outros do que assumir a responsabilidade pelos próprios erros, não é mesmo?

Talvez seja hora de o prefeito considerar um novo curso de coaching, dessa vez focado em autorresponsabilidade (estilo PAULO VIERA). Quem sabe assim ele possa finalmente entender que a culpa não está sempre nos outros e que é preciso assumir a responsabilidade pelos próprios atos e decisões. Afinal, como diria um bom coach, “a mudança começa por você mesmo”.

Enquanto isso, a cultura alemã em São Leopoldo continua a definhar, vítima do descaso e da falta de compromisso daqueles que deveriam ser seus maiores defensores.

Mas hey, pelo menos o prefeito pode se consolar com suas selfies e seus discursos grandiloquentes durante a São Leopoldo Fest. Afinal, para alguns políticos, a imagem pessoal parece ser mais importante do que a preservação da identidade cultural da cidade.

Essa postura não condiz com a seriedade e o compromisso necessários para enfrentar o desafio da preservação cultural. É preciso que os líderes políticos estejam verdadeiramente engajados em ações concretas e contínuas, e não apenas em discursos vazios e oportunistas.

A atual gestão, que se iniciou em 2004, perdeu uma grande oportunidade de promover uma verdadeira revolução no fomento do turismo cultural em São Leopoldo. Outras cidades da região, como Gramado, Canela, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Ivoti, São Francisco de Paula e Igrejinha, já começam a despontar como rotas de turismo, gerando riqueza e empregos para suas comunidades.

Se os homens públicos de São Leopoldo tivessem sido mais inteligentes e perspicazes, teriam percebido o alto valor agregado do turismo cultural e investido nesse setor.

O turismo cultural tem um enorme potencial para impulsionar a economia local e preservar a herança alemã de São Leopoldo. Ao valorizar e promover os atrativos culturais da cidade, como museus, monumentos, festivais e tradições, o poder público poderia atrair visitantes de todo o país e do exterior, gerando receita para o município e criando oportunidades de emprego para a população.

Infelizmente, a falta de visão e o descaso das autoridades locais têm impedido que São Leopoldo explore todo o seu potencial turístico e cultural.

Quando se pensa no conjunto de riquezas que um país produz, geralmente as pessoas associam as informações sobre o Produto Interno Bruto à imagem de carros em linhas de montagem nas indústrias, nos maquinários agrícolas em grandes fazendas de grãos ou no intenso fluxo de consumidores do comércio de bens e serviços. No entanto, o que costuma ficar de fora da construção desse sentido de riqueza é o que se produz na Economia da Cultura e das Indústrias Criativas.

Com dados mais recentes de 2020, esse setor já contribui com 3,11% para a economia brasileira, bem mais, por exemplo, que a indústria automobilística. Isso demonstra o potencial econômico da cultura e das indústrias criativas, que muitas vezes é subestimado ou ignorado pelos gestores públicos.

No caso de São Leopoldo, a valorização e o investimento na cultura alemã poderiam não apenas preservar a identidade da cidade, mas também impulsionar o desenvolvimento econômico local.

No entanto, é preocupante observar que a eleição para prefeito de São Leopoldo em 2024 não parece indicar um caminho promissor para a mudança desse cenário.

Até o presente momento, nenhum candidato, seja da situação ou da oposição, apresentou um plano de ação concreto e detalhado para a valorização e preservação da cultura alemã na cidade. O debate eleitoral tem se resumido a promessas vagas e genéricas, sem propostas específicas para enfrentar esse desafio cultural.

Essa falta de comprometimento dos candidatos com a questão da identidade cultural de São Leopoldo é um sinal alarmante. Parece que o objetivo principal dos políticos é simplesmente ganhar a eleição, sem uma visão clara do que fazer depois. Essa postura imediatista e oportunista não condiz com a seriedade e a urgência que a situação exige.

Caso contrário, corre-se o risco de que a eleição de 2024 seja apenas mais um capítulo na história de descaso e negligência com a cultura alemã na cidade.

Sem um plano de ação consistente e um compromisso firme dos governantes, a tendência é que o processo de decadência cultural continue se agravando, até que a herança germânica se torne apenas uma lembrança distante e esmaecida na memória coletiva da população.

Fontes :

OBSERVATÓRIO ITAÚ CULTURAL. PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas. São Paulo, 2023. Disponível em: https://www.itaucultural.org.br/observatorio/. Acesso em: 10 abr. 2024.

VALIATI, Leandro. Entrevista concedida ao Observatório Itaú Cultural. São Paulo, 2023.

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